domingo, 29 de setembro de 2013

Stuck in Love



Realizador: Josh Boone
Argumento: Josh Boone
Actores: Lily CollinsLogan LermanJennifer Connelly, Nat Wolff, Liana Liberato

Um Filme que aglomera várias fases da nossa vida enquanto amantes. Desde a inocência do 1º amor, à devastação do 1º desgosto, passando pelo 1º namoro em que realmente nos entregamos, às segundas oportunidades em amores antigos que sentiram necessidade de algo mais mas que afinal a casa da partida era mesmo a certeira. 

Tudo isto retratado usando como base uma só família, um seio de gerações pronto para nos dar a conhecer todas as fases daquilo que os românticos gostam de dizer que nos faz mover. 

Nesta família de artistas, maioritariamente escritores, a ficção mistura-se com a realidade e uma não vive sem a outra. Sem as experiências da vida real não se constrói nada coeso na ficção. Isto é obviamente um cliché e este filme não nos traz nenhuma novidade, no entanto os clichés quando são bem usados são muito valiosos e uma história bem contada não tem de nos surpreender, tem de nos cativar. Não acredito que alguém tenha visto este filme e não se tenha sentido minimamente cativado logo nos primeiros planos... 

É aqui que a frescura deste jovem realizador vinga, é tudo muito cativante sem ser minimamente presunçoso. É super simples mas penso que consegue cativar-nos com lugares comuns que nos fazem sentir confortáveis, algo que nos é familiar mesmo que não tenhamos vivido as situações retratadas.

Todos os actores principais (família e "casos" da mesma) estão muito bem e a facilidade com que entramos na história é muito por culpa deles. Visto que o Realizador quis proteger a história da sua técnica, expôs muito os personagens que lidaram com essa responsabilidade da melhor maneira possível.

São várias histórias muito bonitas que trabalham num espectro enorme de temáticas relacionadas com relações, impossível não nos identificarmos aqui e ali. 

Um filme simples muito bom de se ver, daqueles que nos deixam um pouco mais calmos no final de um dia de stress e de vida real... 


Golpes Altos: História, Actores, Dinâmica da família, O que deixa em quem o vê.

Golpes Baixos: Final muito "arranjadinho", Previsibilidade de algumas situações que precisavam estar um pouco menos expostas. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

The Kings of Summer



Realizador: Jordan Vogt-Roberts
Argumento: Chris Galletta
Actores: Nick Robinson, Gabriel Basso, Moises Arias, Nick Offerman, Erin Moriarty, Megan Mullally

O excesso de contacto com uma realidade imposta e jamais questionada leva-nos a fantasias semelhantes à que este filme retrata. Este tipo de fantasia, desejo, o que quiserem chamar, surge em qualquer idade. Normalmente retratada na adolescência ou pós-adolescência a verdade é que muitas vezes faz-nos muita falta o contacto com o que de mais natural nos rodeia.

Pisar terra em vez de alcatrão, colher flores selvagens em vez de controlar o seu crescimento em canteiros de pedra, saltar de árvores em vez de escorregas, mergulhar no rio em vez de ir à praia, viver rodeado de animais que não nos obedecem em vez de domesticar um, correr em vez de andar, saltar sem pensar o que pensam de nós, perceber que respirar é bom, ter uma casa de madeira na floresta em vez de um apartamento na cidade...

Este filme leva-nos de forma muito descontraída e inocente a uma experiência deste género e deixa-nos água na boca para tudo o que já pensámos fazer ou sonhámos tentar. A verdade é que as pessoas continuam a ser pessoas seja em que cenário for, essa é que é a única realidade natural com que nos deparamos diariamente, a única que seja em que cenário for se manterá intacta... Em qualquer cenário eu vou-me chatear com os meus amigos, apaixonar-me pela miúda errada, não querer aturar um Pai ou uma Mãe nesta ou naquela situação, tudo... A única natureza que ainda não conseguimos destruir.

Este filme conta uma história de forma extremamente simples, muito ligada a pequenas emoções e detalhes. A história flui naturalmente e torna-se mesmo confortável acompanhá-la.

Um filme surpreendente por essa simplicidade e ao mesmo tempo emotividade.

Será que um dia vamos pisar novamente terra todos os dias?


Golpes Altos: Nick Offerman é super cómico, os Pais do Patrick são hilariantes, os puto John (Nick Robinson) vai melhor que muitos graúdos, a história, as árvores, a terra, a banda sonora, a simplicidade e o Realizador que não exige protagonismo.

Golpes Baixos: Podia ter mais uns minutos (e isto até pode ser outro elogio), Nick Robinson podia estar acompanhado de putos mais talentosos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Golpes Rápidos

Fui ao Japão e isso requer muitas horas de voo, com isto acabei por ver muitos filmes nesses mesmos voos. Vou tecer então alguns comentários rápidos a todos:

The Internship:
Diverte, é super previsível e tem alguns personagens divertidos. A química Vince Vaughn/Owen Wilson é sempre fácil de se conseguir e aqui volta a funcionar. Não acrescenta nada à história do cinema mas entretém pessoas como eu fechadas num avião sem nada mais para fazer.

Blancanieves:
Que adaptação tão bem conseguida... Tudo bate certo, tudo é bem feito, tudo é exagerado no bom sentido. Nunca quis tanto matar uma personagem como quis fazê-lo a esta madrasta... Os pormenores do filme fazem o filme e não há confusão nenhuma em qualquer fase da narrativa.

The Hangover Part III:
O 1º foi surpreendente... Nunca quis ser um enorme filme mas surpreendeu e roubou gargalhadas a meio mundo. Este 3º filme só não é o melhor de todos porque já vimos 2 (sendo que o 2º é o pior de todos). Nesta 3ª parte vemos um filme mais maduro, personagens com mais para contar e com problemas menos superficiais. Gostei muito mais deste filme do que esperava, não sei se isso é bom ou mau.

Borgman:
Que filme f*... Fortíssimo, tem um imaginário que parece misturar o Stalker do Tarkovski com a frieza nórdica a estalar por todos os lados. Dão-nos elementos durante o filme que temos de aceitar sem questionar e envolvem-nos num cenário estupidamente visceral e violento. Grande filme.

A Busca:
Desespero de um aparente mau Pai que procura redimir-se de tudo o que fez mal na vida no momento em que é chamado à realidade com o desaparecimento do filho. História muito bem contada e com uma dose muito real de emoções. Gostei do filme e o Wagner é mesmo bom.

Oblivion:
Muito muito fraco. Um filme de ficção científica tem de primar pela inovação e tem de surpreender por nos trazer algo de novo nem que seja no imaginário. Este filme não traz nada de novo, tudo o que se passa são lugares comuns já antes vistos e trabalhados de forma bem mais eficaz. Ia adormecendo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Golpes de Génio - Hotaru No Haka (Grave of the Fireflies)


Realizador: Isao Takahata
Argumento: Akiyuki Nosaka (novel)Isao Takahata

Longe vai o tempo em que os filmes de animação não eram 90% para crianças e 10% para adultos... Todos sabemos que os Japoneses (especialmente eles) sempre nos trouxeram uma percentagem inversa à que se vive hoje em dia quando nos vemos perante filmes de animação, este filme não é excepção e muito outros seguem a mesma regra. 

Estamos perante uma história extremamente real que nos transporta para o final da 2ª Guerra Mundial num Japão destruído pelos bombardeamentos constantes dos aliados.
Neste Japão vive um rapaz (Seita) que tem uma ligação extremamente paternal com a sua irmã mais nova (Setsuko) devido à ausência do Pai que pertence à Marinha Japonesa. A Mãe está presente mas sofre do coração, algo que "obriga" Seita a impor-se como o protector oficial de Setsuko. 

Partindo desta premissa entramos num filme carregado de sentimento e de sensibilidade. O Autor do mesmo tinha 4 anos quando a Guerra começou e 10 anos quando a mesma acabou, assim sendo, o ponto de vista que ele usa para este filme é o de 2 personagens que rondam essas mesmas idades. E ele consegue transmitir essa experiência como acho que nunca tinha visto em nenhum dos 100000000 filmes sobre a 2ª Guerra Mundial.

Vemos uma ligação quase umbilical entre os personagens, algo que se retrata até na forma como andam juntos e ele a carrega às costas ou junto ao peito. 
Takahata desvenda o final do filme logo na primeira cena, é um momento de pura inspiração porque é o primeiro momento em que ele mostra que não está ali para surpreender (no sentido foleiro da palavra), para criar twists, para fazer pensar "será que ele morre?", "será que ela morre?", "será que o Pai volta?", bla bla bla... Não interessa... Ele "limita-se" a contar uma das histórias mais bonitas que o Cinema já viu e que mesmo sabendo o final, nada nos desprende do Filme nem por um segundo.

Foi dos filmes que mais me surpreenderam de sempre... Um dos filmes que fez melhor o trabalho de campanha anti-guerra, seja ele intencional ou não.

Uma história de Amor, das mais bonitas e devastadoras contadas até hoje.


Golpes Altos: A facilidade com que a história se desenrola, não importar como acaba, ser maravilhoso tanto esteticamente como em pequenos pormenores "infantis" do enredo, a banda sonora e o seu incrível timing, tudo... mesmo tudo.

Golpes Baixos: Haver quem nunca tenha visto este filme...