domingo, 28 de dezembro de 2014

Natal?

Com o tempo as referências mudam.

Eu sou dos que passou por ter na televisão TODOS OS ANOS a Música no Coração (quem me conhece, sabe que odeio musicais e este não é excepção), o Home Alone (adorável claro), os Indiana Jones (que me aquecem o coração), mais tarde os Die Hard com que o JP vos brindou com um Feliz Natal e o Duarte fez em tempos um post sobre o Natal dele e essa mesma triologia...

Hoje em dia as referências são essas mas também o Love Actually por exemplo, coisas mais recentes que também teimam em dar na televisão nesta altura.

Quais as vossas referências desta época Natalícia? Duvido que fujam muito a isto...

Já agora, aproveito para um "Por Ordem" dos Die Hard:

1- Die Hard 1 (o primeiro e o melhor)
2- Die Hard 3 (o mais fixe de ver...)
3- Die Hard 2 (o outro, que não é nada mau, mas não me diz tanto)

Não contemplo mais nenhum porque para mim o 4 não existe.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Fury


Realização: David Ayer
Argumento: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jon Bernthal

Desengane-se quem vai à procura do convencional filme de guerra quando entra numa sala para ver este Fury, o novo filme dum relativamente desconhecido David Ayer, argumentista e realizador, que até agora tinha como nota maior no currículo o argumento do excelente Training Day de Antoine Fuqua, e mais recentemente toda a concepção do interessante End of Watch, com Jake Gyllenhaal e Michael Peña, com quem volta a trabalhar aqui.

Seguindo a história dum tanque de guerra norte-americano em 1945, já no interior da Alemanha nazi, a qualidade da película assenta acima de tudo em duas pontes: dum lado, o relacionamento das personagens que compõem a equipa, liderada por um excessivo e céptico mas humano e amargurado sargento conhecido como Wardaddy – Pitt numa espécie de versão lunar do Aldo Rayne de Inglourious Basterds –, personagens essas demasiado marcadas pelo que viram e sofreram e todas elas num estado de quase insanidade; do outro, as cenas de combate brilhantemente filmadas e com uma adrenalina de cortar a respiração. Há momentos em que a claustrofobia do tanque passa para a sala e nos sentimos incómodos, como que amordaçados pela situação.

E essa tensão, e a frieza como é retratada, é ponto-chave em Fury: não há melodrama, não há sentimentalismo em excesso. Mesmo a cena do banho e da refeição é tão gélida (a forma como Wardaddy aborda as mulheres e confronta os seus homens) quanto emocional (o “momento” de Norman e Emma). O objectivo de Ayer, de princípio a fim, ou pelo menos até perto dele, é colocar-nos dentro daquele tanque, na pele daqueles homens. Sentir aquela violência, física e mental.

Fury é a guerra vista da forma crua e feroz que por vezes não queremos ver. Não é complexo nem pretende sê-lo, embora detalhista nas cenas de acção. É focado no dever de missão, na sobrevivência, na demência que se vai instalando e nas poucas crenças a que ainda nos vamos agarrando quando o desespero teima em levar-nos – LaBeouf, ou Bible, mensageiro da palavra santa.

Pena que não termine sob a mesma matriz e sucumba perante uma dimensão reconfortante da guerra, por assim dizer, onde sempre há espaço para a esperança, a salvação, o milagre. Não encaixa com a frieza e brutalidade com que Ayer nos conduziu em mais de duas horas. Ou talvez não pretenda encaixar, e não seja mais do que o acto divino pelo qual Bible tanto pregou.

E por falar em LaBeouf, uma última palavra: por favor não frites, tenta não fazer muito mais merda (já fizeste alguma) e torna-te no actor de época para o qual estás predestinado.

Golpes Altos: A sobriedade do projecto. Os planos de Ayer, sobretudo em combate. A direcção de actores, magistral. Todo o elenco, ainda que assente no carisma de Pitt.

Golpes Baixos: O final, algo sentimental. Mas talvez seja um problema meu, principalmente com retratos de guerra.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sinatra teria permitido. E sorrido.


Ambos fogem do passado e sucumbem ao presente.

Almas perdidas, doentes. À beira do colapso.

“We're not bad people. We just come from a bad place.”

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Nightcrawler



Realizador: Dan Gilroy
Argumento: Dan Gilroy
Actores: Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton, Riz Ahmed


Sim, já todos vimos "N" críticas aos media, principalmente à Televisão... já foram feitas "N" obras sobre esse assunto. Já tudo foi abordado, desde a manipulação, ao poder de criar figuras públicas vazias, ao conseguir colocar em directo a vida de qualquer vizinho nosso, passando pela obsessão por conteúdo sensacionalista, ligada à obsessão pelas audiências, pela liderança...

Agora peguem nisto tudo, metam-lhe uns pozinhos de perversão e twisted minds, deixem de estar obcecados pela vida na TV, e foquem-se na morte.

Um personagem sinistro, um fura-vidas sem escrúpulos mas com discurso articulado pelo que lê na internet, entra no negócio obscuro da caça à melhor notícia do dia. Todos querem ser a 1ª notícia do telejornal local, todos querem filmar o acontecimento mais sinistro de todos, que trará mais audiências ao canal, e mais dinheiro a quem entrega o conteúdo.

Todo o Filme é pintado com uma sombra sinistra, um personagem que ficará para sempre ligado ao actor, um dos melhores e mais coesos personagens deste género negro, dos últimos anos.

Todo o Filme nos direcciona para a vida doentia do gajo, para a relação ainda mais doentia com a enorme e "out of date" Rene Russo, com a perseguição pelo reconhecimento, pela aceitação do método por mais imoral que seja, pela vitória de ver mais uma das suas coberturas a abrir o telejornal local.
Às tantas sentimo-nos envolvidos em algo que censuramos, que nos deixa desconfortáveis, que nos cria asco quando percebemos que aquilo funciona, que é aquilo que as TV's querem, aquele "a todo o custo" óbvio, aquela invasão de privacidade constante, aquela busca pelo plano mais doentio e mais horrível possível, aquele sorriso assustador que o Gyllenhaal mete no final de cada vitória pessoal... mas queremos perceber do que vai ser ele capaz a seguir, e prevemos o pior...

E acho que é aqui que o Filme falha... no final, na resolução, no desfecho. A tensão criada durante o Filme é mesmo boa, o crescendo de intensidade, de loucura, de obsessão, tudo... e depois... sem querer manda-vos spoilers para cima da mesa, penso que todos esperávamos algo de acordo com a densidade criada até aí... mas não.

Um Filme que funciona hoje e que funcionava há 20 anos...

Gyllenhaal é soberbo, está soberbo e tem aqui o papel da vida dele... Por aí diz-se que é o seu "Taxi Driver", talvez o seja, pelo menos é um "one man show", menos espalhafatoso e penso que muito mais twisted. Grande papel, grande personagem, enorme sorte em ser o escolhido... sinceramente, não via ninguém tão perfeito para o papel.

Rene Russo assume o tal "out of date" mas sempre intensa, sensual e provocadora. Aquele mulherão que já não é o que era, mas que teve muita vida a passar por ela, que se tenta reinventar com a ajuda do personagem mais insaciável que podia encontrar.

A TV hoje em dia já não é o que era, e para pior... este filme "bate" nos media como poucos, esfola e deixa tudo em carne viva para mais tarde recordar.


Golpes Altos: Obscuridade, o personagem principal, os 2 actores e todo o crescendo denso que apanhamos pela frente.

Golpes Baixos: O final e a frieza demasiado irreal da personagem da Rene Russo quando começa a perceber do que o gajo é capaz...

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

The One I Love



Realizador: Charlie McDowell
Argumento: Justin Lader
Actores: Mark Duplass, Elisabeth Moss, Ted Danson


Até onde vamos para salvar uma relação?
O que queremos salvar é a relação ou a nós próprios? 

Este filme começa com uma história comum... um casal com problemas, visita um terapeuta que os convida a ir passar um fim-de-semana num refúgio fantástico, que já tinha ajudado casos semelhantes aos deles. 

Quando chegam lá, as suas rotinas longe de casa mudam, as brincadeiras voltam, os bons momentos também... Descobrem uma espécie de anexo da casa, que partilha do mesmo conforto da casa principal, da mesma decoração... romântico, acolhedor, o que eles precisam! 

A partir daqui meus amigos... o Filme cria uma "fritadeira" que está no limbo entre o interessante e o descalabro. Na minha opinião nunca resvala para o descalabro, mas sei que a linha é ténue e que não será unânime :) 

A partir daqui o casal é posto à prova como nunca, posto à prova com eles próprios, posto à prova com as suas melhores e as suas piores versões, as mudanças que ele quer ver nela e que ela quer ver nele, a resistência a essas mesmas mudanças na casa principal, mas não no refúgio do anexo. 

Não querendo levantar mais o véu, acho que é um Filme que deviam ver, tendo em conta o que podemos tirar dele. O quanto procuramos por nós nas nossas relações, o quanto procuramos uma pessoa que idealizamos e não a que temos, como se tivéssemos objectivos para essa pessoa. O quanto exigimos da outra pessoa uma forma de estar que nos agrada, mas que não vai de encontro à sua personalidade. 

Este filme retrata uma aparente luta desigual, entre 2 realidades em tudo semelhantes, mas diametralmente opostas no que toca às sensações que transmitem. 

No final... o que será que interessa? O quanto queremos que a pessoa que esteve connosco a vida toda, se encaixe naquilo que nós somos e naquilo que é a nossa relação, doa o que doer? Ou moldá-la à nossa vontade de forma a conseguir o que queremos, num processo bem menos altruísta mas que não é mais que um excelente pequeno-almoço todos os dias? 

Nota final para a dupla de actores: Um dos maiores ícones do Cinema Indie (Duplass) e uma Moss que explodiu com a série Mad Men, estando agora a dar alguns passos interessantes em Cinema. Duas interpretações difíceis e muito coesas, dele principalmente, que é impossível não gostar. 


Golpes Altos: O exercício demente e desconexo a que o Filme nos obriga. A sensação de soco no estômago de um Filme aparentemente inofensivo. Os actores. Uma excelente surpresa este McDowell que realiza a sua primeira longa metragem com muitos detalhes de bom gosto. 

Golpes Baixos: Algumas precipitações dos personagens, mais dele que dela... Aparentemente descabidas e menos fluídas. Um Filme com algumas bizarrias, merece algum tempo para entrarmos no que nos querem passar, penso que este tem fases em que nos deixam cair de uma altura considerável.