domingo, 28 de dezembro de 2014

Natal?

Com o tempo as referências mudam.

Eu sou dos que passou por ter na televisão TODOS OS ANOS a Música no Coração (quem me conhece, sabe que odeio musicais e este não é excepção), o Home Alone (adorável claro), os Indiana Jones (que me aquecem o coração), mais tarde os Die Hard com que o JP vos brindou com um Feliz Natal e o Duarte fez em tempos um post sobre o Natal dele e essa mesma triologia...

Hoje em dia as referências são essas mas também o Love Actually por exemplo, coisas mais recentes que também teimam em dar na televisão nesta altura.

Quais as vossas referências desta época Natalícia? Duvido que fujam muito a isto...

Já agora, aproveito para um "Por Ordem" dos Die Hard:

1- Die Hard 1 (o primeiro e o melhor)
2- Die Hard 3 (o mais fixe de ver...)
3- Die Hard 2 (o outro, que não é nada mau, mas não me diz tanto)

Não contemplo mais nenhum porque para mim o 4 não existe.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Fury


Realização: David Ayer
Argumento: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jon Bernthal

Desengane-se quem vai à procura do convencional filme de guerra quando entra numa sala para ver este Fury, o novo filme dum relativamente desconhecido David Ayer, argumentista e realizador, que até agora tinha como nota maior no currículo o argumento do excelente Training Day de Antoine Fuqua, e mais recentemente toda a concepção do interessante End of Watch, com Jake Gyllenhaal e Michael Peña, com quem volta a trabalhar aqui.

Seguindo a história dum tanque de guerra norte-americano em 1945, já no interior da Alemanha nazi, a qualidade da película assenta acima de tudo em duas pontes: dum lado, o relacionamento das personagens que compõem a equipa, liderada por um excessivo e céptico mas humano e amargurado sargento conhecido como Wardaddy – Pitt numa espécie de versão lunar do Aldo Rayne de Inglourious Basterds –, personagens essas demasiado marcadas pelo que viram e sofreram e todas elas num estado de quase insanidade; do outro, as cenas de combate brilhantemente filmadas e com uma adrenalina de cortar a respiração. Há momentos em que a claustrofobia do tanque passa para a sala e nos sentimos incómodos, como que amordaçados pela situação.

E essa tensão, e a frieza como é retratada, é ponto-chave em Fury: não há melodrama, não há sentimentalismo em excesso. Mesmo a cena do banho e da refeição é tão gélida (a forma como Wardaddy aborda as mulheres e confronta os seus homens) quanto emocional (o “momento” de Norman e Emma). O objectivo de Ayer, de princípio a fim, ou pelo menos até perto dele, é colocar-nos dentro daquele tanque, na pele daqueles homens. Sentir aquela violência, física e mental.

Fury é a guerra vista da forma crua e feroz que por vezes não queremos ver. Não é complexo nem pretende sê-lo, embora detalhista nas cenas de acção. É focado no dever de missão, na sobrevivência, na demência que se vai instalando e nas poucas crenças a que ainda nos vamos agarrando quando o desespero teima em levar-nos – LaBeouf, ou Bible, mensageiro da palavra santa.

Pena que não termine sob a mesma matriz e sucumba perante uma dimensão reconfortante da guerra, por assim dizer, onde sempre há espaço para a esperança, a salvação, o milagre. Não encaixa com a frieza e brutalidade com que Ayer nos conduziu em mais de duas horas. Ou talvez não pretenda encaixar, e não seja mais do que o acto divino pelo qual Bible tanto pregou.

E por falar em LaBeouf, uma última palavra: por favor não frites, tenta não fazer muito mais merda (já fizeste alguma) e torna-te no actor de época para o qual estás predestinado.

Golpes Altos: A sobriedade do projecto. Os planos de Ayer, sobretudo em combate. A direcção de actores, magistral. Todo o elenco, ainda que assente no carisma de Pitt.

Golpes Baixos: O final, algo sentimental. Mas talvez seja um problema meu, principalmente com retratos de guerra.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sinatra teria permitido. E sorrido.


Ambos fogem do passado e sucumbem ao presente.

Almas perdidas, doentes. À beira do colapso.

“We're not bad people. We just come from a bad place.”

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Nightcrawler



Realizador: Dan Gilroy
Argumento: Dan Gilroy
Actores: Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton, Riz Ahmed


Sim, já todos vimos "N" críticas aos media, principalmente à Televisão... já foram feitas "N" obras sobre esse assunto. Já tudo foi abordado, desde a manipulação, ao poder de criar figuras públicas vazias, ao conseguir colocar em directo a vida de qualquer vizinho nosso, passando pela obsessão por conteúdo sensacionalista, ligada à obsessão pelas audiências, pela liderança...

Agora peguem nisto tudo, metam-lhe uns pozinhos de perversão e twisted minds, deixem de estar obcecados pela vida na TV, e foquem-se na morte.

Um personagem sinistro, um fura-vidas sem escrúpulos mas com discurso articulado pelo que lê na internet, entra no negócio obscuro da caça à melhor notícia do dia. Todos querem ser a 1ª notícia do telejornal local, todos querem filmar o acontecimento mais sinistro de todos, que trará mais audiências ao canal, e mais dinheiro a quem entrega o conteúdo.

Todo o Filme é pintado com uma sombra sinistra, um personagem que ficará para sempre ligado ao actor, um dos melhores e mais coesos personagens deste género negro, dos últimos anos.

Todo o Filme nos direcciona para a vida doentia do gajo, para a relação ainda mais doentia com a enorme e "out of date" Rene Russo, com a perseguição pelo reconhecimento, pela aceitação do método por mais imoral que seja, pela vitória de ver mais uma das suas coberturas a abrir o telejornal local.
Às tantas sentimo-nos envolvidos em algo que censuramos, que nos deixa desconfortáveis, que nos cria asco quando percebemos que aquilo funciona, que é aquilo que as TV's querem, aquele "a todo o custo" óbvio, aquela invasão de privacidade constante, aquela busca pelo plano mais doentio e mais horrível possível, aquele sorriso assustador que o Gyllenhaal mete no final de cada vitória pessoal... mas queremos perceber do que vai ser ele capaz a seguir, e prevemos o pior...

E acho que é aqui que o Filme falha... no final, na resolução, no desfecho. A tensão criada durante o Filme é mesmo boa, o crescendo de intensidade, de loucura, de obsessão, tudo... e depois... sem querer manda-vos spoilers para cima da mesa, penso que todos esperávamos algo de acordo com a densidade criada até aí... mas não.

Um Filme que funciona hoje e que funcionava há 20 anos...

Gyllenhaal é soberbo, está soberbo e tem aqui o papel da vida dele... Por aí diz-se que é o seu "Taxi Driver", talvez o seja, pelo menos é um "one man show", menos espalhafatoso e penso que muito mais twisted. Grande papel, grande personagem, enorme sorte em ser o escolhido... sinceramente, não via ninguém tão perfeito para o papel.

Rene Russo assume o tal "out of date" mas sempre intensa, sensual e provocadora. Aquele mulherão que já não é o que era, mas que teve muita vida a passar por ela, que se tenta reinventar com a ajuda do personagem mais insaciável que podia encontrar.

A TV hoje em dia já não é o que era, e para pior... este filme "bate" nos media como poucos, esfola e deixa tudo em carne viva para mais tarde recordar.


Golpes Altos: Obscuridade, o personagem principal, os 2 actores e todo o crescendo denso que apanhamos pela frente.

Golpes Baixos: O final e a frieza demasiado irreal da personagem da Rene Russo quando começa a perceber do que o gajo é capaz...

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

The One I Love



Realizador: Charlie McDowell
Argumento: Justin Lader
Actores: Mark Duplass, Elisabeth Moss, Ted Danson


Até onde vamos para salvar uma relação?
O que queremos salvar é a relação ou a nós próprios? 

Este filme começa com uma história comum... um casal com problemas, visita um terapeuta que os convida a ir passar um fim-de-semana num refúgio fantástico, que já tinha ajudado casos semelhantes aos deles. 

Quando chegam lá, as suas rotinas longe de casa mudam, as brincadeiras voltam, os bons momentos também... Descobrem uma espécie de anexo da casa, que partilha do mesmo conforto da casa principal, da mesma decoração... romântico, acolhedor, o que eles precisam! 

A partir daqui meus amigos... o Filme cria uma "fritadeira" que está no limbo entre o interessante e o descalabro. Na minha opinião nunca resvala para o descalabro, mas sei que a linha é ténue e que não será unânime :) 

A partir daqui o casal é posto à prova como nunca, posto à prova com eles próprios, posto à prova com as suas melhores e as suas piores versões, as mudanças que ele quer ver nela e que ela quer ver nele, a resistência a essas mesmas mudanças na casa principal, mas não no refúgio do anexo. 

Não querendo levantar mais o véu, acho que é um Filme que deviam ver, tendo em conta o que podemos tirar dele. O quanto procuramos por nós nas nossas relações, o quanto procuramos uma pessoa que idealizamos e não a que temos, como se tivéssemos objectivos para essa pessoa. O quanto exigimos da outra pessoa uma forma de estar que nos agrada, mas que não vai de encontro à sua personalidade. 

Este filme retrata uma aparente luta desigual, entre 2 realidades em tudo semelhantes, mas diametralmente opostas no que toca às sensações que transmitem. 

No final... o que será que interessa? O quanto queremos que a pessoa que esteve connosco a vida toda, se encaixe naquilo que nós somos e naquilo que é a nossa relação, doa o que doer? Ou moldá-la à nossa vontade de forma a conseguir o que queremos, num processo bem menos altruísta mas que não é mais que um excelente pequeno-almoço todos os dias? 

Nota final para a dupla de actores: Um dos maiores ícones do Cinema Indie (Duplass) e uma Moss que explodiu com a série Mad Men, estando agora a dar alguns passos interessantes em Cinema. Duas interpretações difíceis e muito coesas, dele principalmente, que é impossível não gostar. 


Golpes Altos: O exercício demente e desconexo a que o Filme nos obriga. A sensação de soco no estômago de um Filme aparentemente inofensivo. Os actores. Uma excelente surpresa este McDowell que realiza a sua primeira longa metragem com muitos detalhes de bom gosto. 

Golpes Baixos: Algumas precipitações dos personagens, mais dele que dela... Aparentemente descabidas e menos fluídas. Um Filme com algumas bizarrias, merece algum tempo para entrarmos no que nos querem passar, penso que este tem fases em que nos deixam cair de uma altura considerável. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Boyhood



Realizador: Richard Linklater
Argumento: Richard Linklater
Actores: Ellar ColtranePatricia ArquetteEthan HawkeLorelei Linklater


Muito já se escreveu sobre este Filme. É uma obra difícil de descrever ou criticar, tendo em conta a dimensão, a qualidade e o conceito envolvidos.

De certa forma cresci com os "Before" do Linklater, sendo que me falta um dos patamares...
Ainda cedo, com uns 17 ou 18 anos, vi o 1º da triologia, o Before Sunrise... foi dos Filmes na altura que mais mexeu comigo, que mais mexeu com a minha pós-adolescência, que mais me fez querer viver, apaixonar-me a sério, correr riscos, ter um dia assim... perfeito...
Com o Before Sunset o amadurecimento das personagens disse-me imenso, embora mais velhas que eu. Esse amadurecimento foi retratado de forma única, aumentando a dimensão da obra como um todo. Trabalho fantástico e ainda hoje me vejo naquele quarto a ouvir Nina Simone...
Com o Before Midnight, penso que aprendi o que é o Amor hoje em dia, o que são as dificuldades de um casal maduro, um pouco o que estou e o que vou viver daqui a uns anos provavelmente. Mais uma vez, nós estamos dentro daqueles dois, como espectadores das vidas deles, desde que se conheceram.

Mas... com Boyhood, Linklater pegou neste exercício e perverteu-o, no bom sentido...

Em Boyhood, ele pega numa Família, centrada na personagem do miúdo, e "filma-os" durante 12 anos... os mesmos personagens, os mesmos actores, os mesmos subúrbios, tudo durante 12 anos... Cresceu com eles, contou um pouco da história deles e da que criou, acompanhou tudo o que se passou, foi Filmando aqui e ali e no final, montou um Filme (deduzo que o Director's Cut possa ter 10h) extremamente simples, sobre a vida.

Nunca nenhum Filme soube mostrar o que é a vida com tanta aparente facilidade... Nunca um Filme conseguiu tocar-nos "N" vezes no nosso passado, no nosso presente, no nosso futuro, sem aparente esforço, sem querer dar nas vistas, quase conseguindo que de certa forma fizéssemos parte da história deles... Uma espécie de Rear Window "Live" e dos tempos modernos...

É uma história simples, uma família com os problemas todos que as famílias têm, uma super-Mãe, um Pai diferente, uns padrastos pouco aconselháveis, vários subúrbios de acolhimento, as escolas, as experiências, as paixões, os amores, tudo...

Um Filme que fica para sempre, que ficará para a história... um dos Filmes da minha vida e da vossa também...


Golpes Altos: Do melhor que vi na vida, uma coesão impressionante tendo em conta que são os mesmos actores durante os 12 anos, uma credibilidade nas personagens já habitual no Linklater, a facilidade com que os diálogos são perfeitos, a forma como consegue no meio disto tudo fazer a história fluir com toda a naturalidade, tudo... Tudo neste filme é um Golpe Alto, até a banda sonora...

Golpes Baixos: ...

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Serena


Realização: Susanne Bier
Argumento: Christopher Kyle
Elenco: Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Rhys Ifans, Toby Jones, Sean Harris, David Dencik

“We don't invest anything in either character, and with barely any tension, Serena grabs neither head nor heart.”
Ao dar uma vista de olhos nas avaliações do Metascore deparei-me com esta frase da crítica da Time Out London que resume bem o que penso da nova película de Susanne Bier, a dinamarquesa autora do excelente Efter brylluppet – After the Wedding e do muito badalado e oscarizado mas desinteressante Hævnen – In a Better World.

Centrada à volta dum recém casal em plena Grande Depressão que almeja criar um império da madeira mas que se debate com problemas de crédito e com um grupo de ambientalistas, a trama é minimalista no mau sentido, no sentido em que não sabemos donde vêm e para onde vão as personagens, quais as suas motivações para lá do egocentrismo e da ganância, da violência e da tentativa de sobrevivência.

Lawrence tem demasiados maneirismos na sua paranóia obsessiva, mas ainda vai sustentando o filme apenas com a sua presença impactante até que Bier decide arredá-la do desenlace trágico, encarcerando-a em casa durante os últimos 20 minutos do filme; e Cooper está sem nervo, pouco expressivo, pouco pulsante. Lembra mais o Cooper apagado do início de carreira do que o actor revitalizado, coeso e ascendente de quem tanto gostamos em The Place Beyond the Pines, Silver Linings Playbook ou American Hustle.

Já Bier em momento algum parece conduzir-nos de forma fluída, nem sequer consegue que sintamos o que quer que seja por aquelas personagens. Quer admiração, quer desdém. Acaba por falhar, dirigindo o elenco de forma errática e, recorrendo à frase do início, incapaz de conquistar-nos o coração pelo drama épico nem a mente pela “epopeia noir”.

Uma última nota: Jennifer Lawrence tem 24 anos, é aclamada pela crítica como uma espécie de herdeira de Katharine Hepburn e Meryl Streep, já conquistou um Óscar de Actriz Principal (e tem mais duas nomeações, uma de Principal e outra de Secundária), e ultimamente salta de grande projecto em grande projecto. Está numa vertigem de sucesso.
Ainda assim, e apesar de todos os elogios, nos últimos 4 anos e tal não voltei a ver a brutalidade de actriz de Winter’s Bone. Na minha opinião ainda não chegou sequer perto daquele nível. E com apenas 19 aninhos.

Golpes Altos: Pormenores técnicos como o guarda-roupa, a maquilhagem e os cabelos. A fotografia e alguns planos, sobretudo nas Smoky Mountains, são muito bonitos.

Golpes Baixos: A falta de alma da história, uma péssima direcção de actores e o extremo e transversal egoísmo que esvazia as personagens. Bradley Cooper.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Golpes por Ordem – Brad Pitt


A propósito do excelente Fury, que seguramente terá direito a “golpe” brevemente, comecei a reflectir sobre a carreira de Brad Pitt e ocorreu-me lançar-vos a questão: top-5 de papéis de Pitt?

Numa carreira longa, com “apenas” 50 anos – sim meninas, aquilo já tem 50 anos! – mas com mais de 40 películas no cadastro, Pitt acabou por passar por todas as fases: desde os filmes que não interessam a ninguém, de início de carreira (menção para Thelma & Louise), passando por películas fracas, e isto sendo simpático (Meet Joe Black, The Mexican, Troy, Mr. & Mrs. Smith, Babel ou The Counselor), até a várias obras de grande nível onde, apesar de ter óptimos desempenhos, não é o centro gravitacional do filme. Ou pelo menos se é, não é nele que reside o maior brilhantismo. Casos como Interview with the Vampire ou Seven.

Mas voltando ao que interessa, aos grandes papéis de carreira. Vi-me grego para compor o meu top-5 – e ainda tenho dúvidas quanto ao mesmo! – mas aqui vai:

5. Twelve Monkeys, de Terry Gilliam (1995) – Metascore: 74/100 * The Tree of Life, de Terrence Malick (2011) – Metascore: 85/100
Tive de conceder um empate, desculpem. Personagens tão diferentes mas tão marcantes na carreira do actor, Jeffrey Goines e Mr. O’Brien podem servir muito bem como arquétipos de realidades distintas na carreira de Pitt. E com mais de 15 anos de diferença.
Gilliam queria inicialmente Jeff Bridges no papel e Pitt foi uma segunda escolha; consultou especialistas, passou semanas em instituições psiquiátricas e na tela acabou por ser do mais esquizofrénico e lunático de que há memória.
Já com Malick teve a sua personagem mais normal, mais ambígua, mais contraditória nos sentimentos, nas necessidades, na interacção com a família e os seus próprios dilemas éticos e morais. Mr. O’Brien nem é bem uma personagem, é a mais humana das criações de Pitt.

4. The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, de Andrew Dominik (2007) – Metascore: 68/100
A estreia de Dominik é toda ela um poema cinematográfico que só há pouco tempo descobri e onde Pitt é um estrondo. Um estrondo sobretudo no estilo, melancólico, angustiado, quase torturado. Mas sempre com uma altivez dominante, um egomaníaco, mesmo quando todo o poder lhe foi usurpado pelas circunstâncias e pelo inevitável destino.

3. Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino (2009) – Metascore: 69/100
Trabalhar com Tarantino dá nisto. Ainda está para nascer o actor que, sob a direcção de Quentin, não tenha uma das melhores interpretações da carreira. De Keitel a Travolta, passando por Thurman e terminando em Di Caprio ou Pitt.
O Tenente Aldo Rayne é uma paródia memorável de princípio a fim.

2. Moneyball, de Bennett Miller (2011) – Metascore: 87/100
Estive muito, mas mesmo muito indeciso entre o 1º e o 2º classificados. Acabei por decidir com o coração, por assim dizer. Ainda assim julgo que, para lá da “brutalidade” cénica e artística que encerra a outra personagem, para mim é neste manager de beisebol que reinventa a ordem natural do jogo que Pitt se consagra como grande. Em termos técnicos, de liderança do projecto, de maturidade.
Um lead role tão simples e simultaneamente tão complicado, um profissional comum, obcecado em alterar estruturas e mentalidades, um visionário, mas sem trejeitos, sem atitudes disfuncionais, sem um comportamento errático.
Não há muito tempo li isto numa crítica que penso que resume tudo: “No, Pitt didn’t do anything crazy in this role, but that’s what makes his effort in Moneyball all the more impressive. It’s one of the first times where his character looks totally comfortable on screen, and the movie’s success can be directly attributed his Oscar-nominated performance.”

1. Fight Club, de David Fincher (1999) – Metascore: 66/100
Tyler Durden. Quem mais? Avisei logo que tinha sido emocional na escolha.
O filme de Fincher, mesmo tendo o estatuto de culto que ganhou, é ainda mais marcante para mim. Inacreditavelmente marcante. E Pitt é o diesel do filme, é quem faz com que tudo mexa, tudo carbure, tudo evolua à sua volta. Repetindo-me, há ali uma “brutalidade” cénica e artística sem paralelo na carreira do actor.
Fisicamente poderoso, tão cool e confiante como manipulador, psicologicamente electrizante. Persuasão, arrogância, violência. Tudo levado ao limite do real. (E do surreal.)

Tyler Durden é o meu Brad Pitt. E o vosso?


P.S. – Menções honrosas para A River Runs Through It, Snatch, Burn After Reading e The Curious Case of Benjamin Button. Ah, e os Oceans, claro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

4 Shots de Mike Nichols



The Graduate:

A sua maior obra? Não vi o Virginia Woolf...
Filme poderoso, numa época com imenso conteúdo para trabalhar e se ele o soube fazer... Um dos finais mais potentes que me lembro de ver, tudo baseado numa só mudança de expressão do "gigantesco" Dustin Hoffman... Filme obrigatório a todos os cinéfilos...

The Birdcage:

Abordei esta comédia disparatada mas muito inteligente quando o Robin Williams morreu. Adorei este Filme, tem uma capacidade invulgar e divertida de abordar o tema da homossexualidade. Nathan Lane... top!

Closer:

Não é propriamente um Filme conceituado ou bem visto principalmente pela crítica. Para mim, é só das melhores adaptações que vi na vida de uma peça de Teatro (se calhar não vi muitas). Um Filme estrondoso, poderosíssimo e que nos deixa com um sentimento de espancamento durante semanas... E a Natalie... oh meu deus... <3

Charlie Wilson's War:

E este abordei quando foi a vez do Seymor Hoffman nos deixar... Não consigo explicar o quanto gosto deste Filme... irónico, divertido e com interpretações que deviam ser todas premiadas... do Tom Hanks à Julia Roberts, passando obviamente pelo próprio Seymr Hoffman que é o Rei do recreio neste Filme.


O Nichols não foi um gajo propriamente aclamado pela crítica neste últimos tempos, claro que no The Graduate não tinham muito para dizer mal, mas pelas obras que citei, sempre foi um gajo que respeitei e que teria sempre curiosidade em ver uma obra nova dele.

Não poderei ver mais nada de novo, em sua homenagem vou ver os que me escaparam.

Rest in Peace.

Dracula Untold


Realização: Gary Shore
Argumento: Matt Sazama, Burk Sharpless
Elenco: Luke Evans, Sarah Gadon, Dominic Cooper, Art Parkinson, Diarmaid Murtagh, Paul Kaye, Charles Dance

Enésima versão da obra de Bram Stoker, agora tendo como base a suposta origem do vampiro mais icónico da literatura e do cinema no Príncipe Vlad III, Príncipe da Valáquia, mais conhecido como Vlad, o Empalador, no séc. XV, aquando das invasões otomanas ao centro europeu.

Há aqui uma mistura meio esquisita, porque se há realmente a possibilidade de que Stoker tenha inspirado o seu Conde Drácula em Vlad Drăculea, a verdade é que o próprio romance não remete para esse tempo nem para esse indivíduo. Ou seja, há aqui uma trapalhada entre factos e personagens históricas corrompidos por uma obra ficcionada quase cinco séculos posterior. O resultado, como esperado, não é bom.

Luke Evans é um Vlad pouco convincente, um cavaleiro que empalava homens aos milhares mas sempre com um ar íntegro e justo (?? #1), as personagens secundárias, à excepção dum sempre hipnotizante Charles Dance, são transparentes, e nem sequer os vilões otomanos encaixam bem (Mehmed II é um tipo com ar de quem tem uma loja de peças de telemóveis no Poço do Borratém), muito menos a razão que os move – não há sequer um diálogo acerca de política de conquista, estratégia militar, nada. Só interessa conquistar um reino e massacrar um povo por competição de egos, megalomania e vingançazinha sobre um ex-amigo de infância (?? #2).

Logo, baralhando e dando, hora e meia de entretenimento barato, de classe B, que nem sequer prima pela piada ou pelas cenas violentas. Já para não falar que se vão à procura de algum misticismo sombrio do leste europeu medieval, esqueçam. Ouvir a maioria das personagens a falar british quase que nos remete para um Robin Hood da vida.

Admito, fui ver isto porque me apetecia pipocas e não pensar muito. Em boa verdade cumpri ambos os objectivos. O filme é que não cumpriu com um objectivo mínimo: não ser sofrível.

Golpes Altos: Dance. Aqueles olhos e aquela voz, sejam em que papel for, entram-nos sempre pela mente adentro. Tywin Lannister forever.

Golpes Baixos: Quase tudo. Um desperdício de tempo e dinheiro. E para fazerem coisas destas utilizem outras personagens, outras histórias. Stoker e Drácula não merecem.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

The Judge


Realização: David Dobkin
Argumento: Nick Schenk, Bill Dubuque
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D’Onofrio, Jeremy Strong, Dax Shepard, Leighton Meester

The Judge deixou-me algo desiludido, não tanto porque não tenha gostado do filme, não é isso, mas pela sensação de que noutras mãos teria saído algo mais contundente, por assim dizer.

A história, simples, gira em torno dum advogado de sucesso em Chicago que, com o casamento a colapsar e emocionalmente instável, recebe a notícia de que a mãe havia falecido. Desse modo tem de regressar ao fim de muitos à sua terra natal, no interior de Indiana, onde terá de lidar novamente com a incompatibilidade com o pai, o austero e conservador juiz da cidade.

A partir daqui a trama desenrola-se à volta do juiz, da doença terminal encoberta que carrega, e duma acusação de homicídio, com base numa suposta vingança pessoal passada, que poderá levá-lo à cadeia e, acima de tudo, manchar a reputação de um dos homens mais ilustres e respeitados da cidade. A menos que o filho o consiga defender, algo que ele a dado momento relutantemente aceita.

O problema é que se no tribunal ainda obtemos algumas cenas com relativa intensidade – com Thornton em bom plano como advogado de acusação –, já no plano familiar as situações de tensão raramente são exploradas da forma crua e quase voyeurista que deveriam ser, de modo a que fossem efectivamente duras e dramáticas. Há sempre um registo demasiado leve, demasiado bonacheirão, com Downey Jr. a mandar umas piadas pelo meio, que acaba por não pegar completamente. E é somente nos momentos em que Duvall agarra o filme que sentimos que está no trilho certo, que a carga dramática e moral é a que queremos.

Por isso é que, à excepção da cena do banho, forte, quase explícita, e que ainda assim não é todo o “soco no estômago” que podia ser, nenhuma das cenas familiares nos deixam impressionados e desconfortáveis como gostaríamos de ficar. A tensão dos diálogos, excelentes, do recente August: Osage County, por exemplo, aqui nunca se sente. De todo. E havia condições para isso.

Com um romance paralelo entre Downey Jr. e Farmiga – linda! –, algo insosso e um desfecho previsível e “limpinho”, The Judge acaba por saber a pouco, tolhido pela incapacidade (ou não pretensão) de David Dobkin em levá-lo para um campo mais ambíguo, mais disfuncional até, mas simultaneamente mais interessante.

Golpes Altos: Duvall, o terno Dale e Billy Bob. (Queria a Vera Farmiga ao meu lado para o resto dos meus dias. Por favor!)

Golpes Baixos: A pouca ambição da realização e, consequentemente, o registo demasiado leve e funny como por vezes o filme é conduzido. Este argumento tinha sumo para uma versão mais fria e cínica. Provavelmente teria dado um melhor filme.

sábado, 15 de novembro de 2014

Magic in the Moonlight


Realização: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Simon McBurney, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Hamish Linklater

Nos últimos anos, e desde o delicioso Bullets Over Broadway, Woody Allen já nos habituou a este vagar: adora fazer uma película por ano, é quase sagrado, mas como não consegue manter o nível qualitativo em todas – o que é relativamente normal quando a produção é tão fértil e cadente –, acaba por dar-nos um brilhante de tempos em tempos, como Sweet and Lowdown em 1999, Match Point em 2005 ou Midnight in Paris em 2011, e uns quantos cumpridores no resto do tempo.

Dentro dessa bitola de “filme porreiro para cumprir calendário” há uns melhores do que outros, claro, mas verdade seja dita que raramente há um declaradamente fraco. Allen mantém-se um estupendo contador de histórias, criador de diálogos memoráveis, e isso não muda. E mesmo algum que possa considerar-se menos bom vai muito do gosto pessoal – por exemplo, o único Allen de que não gosto declaradamente nos últimos anos é Cassandra’s Dream (tenho um problema de irritabilidade com o Colin Farrell) mas admito que para muitos o filme até seja aceitável. Da mesma forma que entendo que a gritaria desmesurada dum Vicky Cristina Barcelona agrade a gregos mas não tanto a troianos ou o fresco de alta sociedade que é Celebrity tenha ou não alguma piada.

Dito isto, Magic in the Moonlight é uma dessas histórias que não nos trazem nada de novo, que não nos despertam sensações fortes – o murro no estômago de Match Point, a nuvem de fábula de Midnight in Paris ou o papel de carreira de Cate Blanchett com a sua Jasmine – mas, como quase sempre, faz-nos passar um bom bocado.

O casting é óptimo, com um Colin Firth tão arrogante, céptico e azedo quanto charmoso, subtil e engraçado (admitamos, desde A Single Man que o homem não faz nada mal!), uma Emma Stone que cria uma “luz própria” muito alegre e inocente na sua personagem, um Simon McBurney impecável como amigo, traiçoeiro mas amigo (gosto tanto daquele british carregado e aquele timbre de voz!) e terminando numa deliciosa Eileen Atkins como tia cúmplice e conselheira; a história é simples mas como sempre muito bem contada e com um twist tão esperado mas não menos agradável; e os planos luminosos da Riviera Francesa completam o quadro, quase como contraponto ao “cinzentismo” da personagem de Firth.

Magic in the Moonlight é Allen em piloto automático e não acrescenta nada à sua filmografia e à nossa admiração pelo próprio. Certo, ninguém discute isso. Mas, como quase sempre, é uma hora e meia de cinema que nos sabe bem. E os diálogos brilhantes, em maior ou menor quantidade, aparecem sempre.

Golpes Altos: O elenco (já disse que adoro o Firth?).

Golpes Baixos: O cliché do argumento e sobretudo a carência de novidade e relativa falta de estímulos no cinema de Allen. Mas lá está, com tantos, tantos filmes em cima é relativamente normal.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Isto não é um post - Interstellar

Isto é um desabafo. 

Ontem vi o Filme... sou suspeito... eu com 17 anos, quando me perguntavam "o que querias ser sem pensar em factores que te impeçam de o ser?", eu respondia Astrofísico... por vezes piloto de Rallys mas isso não conta :) 

Troquei "n" mensagens com amigos sobre o Filme, a sensação de esmagamento ou alienação era comum, a sensação de que tudo o que nos rodeia é grande demais também, a sensação que as nossas vidas têm como base estímulos muito pequenos, demasiado palpáveis também... 

Tudo o que debatem no filme é o que mais me fascina nessa área. Juntem-lhe Filosofia e Psicologia tendo em conta o comportamento humano em diversas situações, e têm o Interstellar...acabei de ver, tenho muito para mastigar, mas é para mim das melhores coisas que vi nos últimos muitos anos, pelo menos das que mais mexeram comigo.

Adoro o ser-humano e a capacidade que tem de se apaixonar, de se deixar deslumbrar pelo desconhecido, de procurar respostas todos os dias, de enfrentar o escuro com entusiasmo... Somos todos assim, mas, e se o fôssemos todos os dias? 

Agora dormir com isto tudo na cabeça para acordar novamente no mundo real? No nosso dia a dia? Nas rotinas e sempre perto do palpável? 

Que seca... :)




sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Golpes por Ordem - Christopher Nolan

Gostam de rankings? Quem não gosta... Em vésperas de estreia do Nolan, proponho nova rubrica de ranking variados chamada "Golpes por Ordem".

Hoje o ranking é de filmes do Nolan... O meu passa por:

1. Memento
2. The Dark Knight
3. The Prestige
4. Insomnia
5. The Dark Knight Rises
6. Batman Begins
7. Inception

É impossível ser justo nisto... e o gosto pessoal influencia a ordem de forma óbvia.

Razões:
- O Memento marcou-me muito... e foi o 1º que vi e não consigo deixar de o colocar lá em cima.
- O Dark Knight seria dono desse mesmo 1º lugar, mas não posso meter 2 e optei pelo Memento.
- Adoro o Prestige...
- O Insomnia é um filmaço...
- Os outros Batmans são óptimos... sendo que o último podia ser perfeito se não fosse tão mal acabado... que horror de morte do vilão... em 20min iam estragando totalmente um filme incrível.
- Não sou fã do Inception... giro e tal mas parece-me quase adolescente. Embora seja um grande filme na mesma! Ele não sabe fazer coisas más.

Qual é o vosso?

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Gone Girl



Realizador: David Fincher
Argumento: Gillian Flynn (Livro e adaptação)
Actores: Ben AffleckRosamund PikeNeil Patrick Harris, Tyler Perry, Kim Dickens, Patrick Fugit, Emily Ratajkowski ( . ) ( . )

Já é sistemático apelidar o David Fincher de um dos melhores Realizadores vivos... Ele à medida que vai trabalhando, mostra que de facto é um rótulo justo, sem favores e sustentado. 

Ele é provavelmente o Realizador mais doentio no detalhe, na busca pela perfeição plano após plano... tudo é pensado, tudo é meticuloso, filmar com ele deve ser uma tortura misturada com uma tese de doutoramento. É incrível a qualidade com que faz TUDO, sempre sem querer dar nas vistas ou ser um grande protagonista... 

As histórias que ele traz para a tela, sejam dele ou adaptadas, não falham em nada no momento de as passar para o público. Aí ele é Rei e Senhor... Não há um "não percebi aquilo" ou um "isto foi um bocado de repente"... nada... tudo o que ele quer passar, passa... TUDO! Isto é para mim das características mais importantes no Cinema, as histórias serem bem contadas. 

Gone Girl é mais um Filme poderoso, mais uma obra que nos atira ao tapete com facilidade, que mete o dedo em feridas aparentemente demasiado distantes, mas que não passam de exageros para explicar muito do nosso dia a dia. É um Filme que destrói o conceito romântico de uma relação e o conceito familiar comum de uma relação.

Neste Filme vemos uma relação perversa, que atinge proporções inimagináveis. Coloca em causa toda e qualquer definição de estabilidade emocional, de Família, de marido, de mulher, de Amor... Nada é deixado de parte, tudo é posto em causa e mexido, e remexido como se de um massacre emocional se tratasse. E claro... tudo isto envolto num tenso e bem trabalhado Thriller, onde o Fincher se tem mostrado como peixe na água, onde parece querer dar cartas hoje em dia. Mesmo que o Zodiac seja para mim um pouco aborrecido... 

Paralelamente, a crítica já antes vista aos media, ao poder que têm armados de sensacionalismos baratos, de dogmas estapafúrdios e de opinion leaders acéfalos. Estamos rodeados por este mundo, do parecer antes de ser... um mundo tão perverso como a relação esmiuçada no Filme, um mundo que cria histórias destas, que dá ferramentas virais tornando-se autênticos virus na sociedade. O jogo de aparências que no Filme entra pela vida do casal, marcando-o de forma cabal. 

O Ben Affleck é para mim um enorme argumentista e um bom realizador. Como actor não passa de alguém profissional, trabalhador, que sabe muito de cinema e o que são os seus limites. Parece-me óbvio que é fácil apontar nomes que ficariam melhor em papéis dele, em todos provavelmente... aqui, novamente, ele está capaz... mas sem fazer a diferença, também novamente... Clive Owen?
Rosamund Pike está como tem de estar, por vezes um pouco exagerada mas tiro-lhe o chapéu à fase em que desaparece do mundo... A fase dos subúrbios... está fantástica. 
Destaque para a Detective, Kim Dickens, que é para mim o melhor papel do Filme. 

Um Filme enorme, mais um, de um Realizador muito capaz e que até tem arriscado aqui e ali embora desta vez esteja num universo que adora.


Golpes Altos: Ficher, Kim Dickens, a tortura, a tensão, as críticas e as maminhas da Ratajkowski (sim, à frente do nome dela lá em cima aquilo são maminhas... porque não há qualquer outra razão para ela ter entrado no Filme... zero... nenhuma... nicles...)

Golpes Baixos: Embora seja pouquíssimo importante, a forma como quiseram tocar na ferida de algumas relações, é mesmo demasiado distante do que temos no nosso dia-a-dia... penso que era ainda mais doloroso se fosse mais próximo. 

The Shinning @ IKEA

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Anchorman 2: The Legend Continues



Realizador: Adam McKay
Argumento: Will Ferrell, Adam McKay
Actores: Will FerrellChristina ApplegatePaul Rudd, Steve Carell, David Koechner, Dylan Baker, Meagan Good, James Marsden


Ponto prévio: Esta malta deve-se divertir à grande a fazer estes Filmes... Deve ser um pagode constante e nem quero imaginar a quantidade de drogas que passam no "Set" e até durante a escrita do Guião. 

Este Filme fez-me lembrar o Hangover 2, onde tentam repetir a fórmula do primeiro sem enorme sucesso. Pegam nos detalhes hilariantes do 1º e repetem-nos como que um refrão. Também ninguém procura num Filme destes algo muito elaborado, mas considero sempre que é possível fazer algo diferente e com a mesma piada, não fosse esta grupeta exímia em fazer rir. 

Mas nisso não falham... fazem rir... idiotices, os personagens de sempre que são simplesmente maravilhosos, o histerismo, os problemas de Ego, as guerras com os rivais, os problemas com a chefia, e tudo isto a nível Nacional e com projecção na vida pessoal do Ron Burgundy. 

Pelo meio deixam escapar a crítica bem construída, onde se vive num mundo de audiências e não interessa a qualidade do conteúdo, mas sim o nº de pessoas que conseguimos atingir com o mesmo. Engraçado que o façam num Filme também ele para massas onde o conteúdo é secundário, mas muito divertido. 

É bem mais fraco que o 1º, mas quem é fã como eu desse Filme, tem de ver este sem qualquer dúvida... Goste ou não, é sobre uma das maiores lendas da comédia Americana. 


Golpes Altos: A equipa, os histerismos do Steve Carell, o Ego e a entrega do Will Ferrell a este projecto que ele adora... Momento hilariantes, momentos hiper desconfortáveis e aquele habitual elenco épico na batalha entre Canais de TV. 

Golpes Baixos: Epa na verdade quase tudo, mas sem que tenha qualquer tipo de relevância... 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

John Malkovich

Tenho um fetiche por este gajo, adoro-o sem conseguir apontar enormes feitos dele, apenas feitos muito bons...
Um fotógrafo chamado Sandro Miller tem um projecto fantástico onde recria alguma fotos famosas colocando o Malkovich como protagonista. Têm aqui o LINK para verem as restantes.











sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Guardians of the Galaxy


Realização: James Gunn
Argumento: James Gunn, Nicole Perlman 
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Lee Pace, Michael Rooker, John C. Reilly, Vin Diesel (voz), Bradley Cooper (voz)

Ponto de partida para avaliar o filme: Robert Downey Jr., ícone da reinvenção recente das películas da Marvel, afirmou há dias, pondo de lado muita daquela arrogância e gabarolice que se lhe reconhece, que Guardians of the Galaxy seria, em alguns aspectos, o melhor filme daquele universo de comics norte-americano.

Ora, dito isto é normal que pensemos que estamos perante mais uma aventura apocalíptica, com traços dark, muito na linha a que Nolan ou Singer nos têm habituado nas adaptações de Marvel/DC. Nada disso. A película de James Gunn leva-nos de volta à comédia despreocupada, aos heróis sem grandes valores – Quill, Rocket e Groot inicialmente movem-se por ganância e mais tarde por amizade e companheirismo, nunca por dever cívico e missionário –, numa animação que flui de forma inocente e desprovida de grande melodrama, seguindo a epopeia dum improvável grupo de mercenários, mutantes, prisioneiros e desertores na busca duma Jóia do Infinito (uma gema de destruição maciça…mesmo maciça!) que não pode chegar às mãos dum maníaco opressor.

O elenco cumpre, com destaque para um delicioso Chris Pratt como o pateta vigarista/apaixonado e bondoso Quill (o Walkman e os phones como sinais duma cultura pop e de memórias que não queremos largar nem perder para sempre…), a voz de Bradley Cooper num Rocket que rouba todas as cenas em que aparece, Lee Pace num Ronan que esteticamente é aterrador – talvez até demais tendo em conta o contexto –, e alguns pequenos papéis deliciosos como o de Michael Rooker ou John C. Reilly (há algo que este tipo não faça muito bem?). Ah, e o corpaço da Zoe Saldana. Seja pintada de azul ou de verde, a senhora é um espanto.

Ou seja, tendo em conta o que se tem feito ultimamente neste género, a verdade é que este Guardians of the Galaxy aparece como uma lufada de ar fresco, na medida em que nos faz recuar no tempo até aos anos em que os filmes de super-heróis eram simplesmente assim: um objecto de entretenimento que tem tanto de capaz e divertido como completamente despretensioso, capaz de agradar a jovens e não tão jovens.

Golpes Altos: A história e a forma como é contada. Simples e alegre, sem sisudez e maniqueísmos. A Zoe Saldana meio despida. O Walkman (I'm hooked on a feeling / I'm high on believing / That you're in love with me”).

Golpes Baixos: Apesar de Lee Pace estar impecável, Ronan não será um vilão demasiado “agressivo” e desmesurado tendo em conta a narrativa light do filme? A luta final: Ronan merecia outra morte, pelo menos numa cena menos “metida a martelo”.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Emmys

Não entendo como se premeia novamente o Breaking Bad, tendo em conta que a melhor série de sempre estava na corrida... Ah, e provavelmente a melhor prestação de um Actor em séries também...


domingo, 24 de agosto de 2014

Snowpiercer



Realizador: Joon-ho Bong
Argumento: Kelly Masterson, Joon-ho Bong
Actores: Chris EvansJamie BellTilda Swinton, Kang-ho Song, Ed Harris, John Hurt, Octavia Spencer

Tenho um gosto especial por cenários apocalípticos... Nuns filmes isso não passa de um mero Guilty Pleasure, noutros não passa de um fetiche e por fim há uns que são apenas uma prova de bom gosto :)

Este Filme é um bom Filme. É mesmo!

Em Snowpiercer, o mundo gelou e toda a humanidade está concentrada num comboio de alta velocidade. Este comboio está dividido tendo em conta uma hierarquia rígida, tendo na frente do mesmo os membros mais valiosos da sociedade, e no fundo a carne para canhão. Depois disto, depois deste micro-cosmos muito bem trabalhado, temos todas as outras pontas soltas típicas da nossa sociedade, retratadas de forma muito eficaz.

O Chris Evans não me parece que alguma vez se torne um bom actor, mas aqui cumpre o seu papel de herói de forma capaz. Já a Tilda Swinton, deduzo desde já que seja nomeada para melhor actriz secundária nos próximos Óscares.

Voltando ao Filme, é uma luta aparentemente desigual que tem de ser travada. A passagem pelas carruagens é toda uma aula de regimes ditatoriais, de teorias enfiadas no nosso prato sem questões aparentes, de compra e venda de opiniões, de rigidez sem qualquer momento de reflexão sobre a mesma. Tudo isto é uma caricatura do que existe de pior no nosso mundo, de todas as desigualdades e que acabam por provocar uma batalha contra a impunidade dos "seres superiores".

É um Filme fácil de ver, daqueles que quem quiser parar para pensar um pouco pode, e quem quiser apenas divertir-se com um blockbuster cheio de ação também recebe o que quer. Uma espécie de Filme camaleão que é muito mais do que aparenta ser à primeira vista.

Não entendo a estratégia de quem criou o Filme, mas parece-me engraçada esta mistura de boas ideias com todas as dinâmicas típicas de um Filme para massas.


Golpes Altos: Os paralelismos.

Golpes Baixos: Capacidade para tratar os ambientes exteriores ao Comboio, provavelmente por falta de budget.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Conversas de Café - Provavelmente... o Post mais macabro e negro de sempre

Em conversa de café com uns amigos, surgiu a questão macabra: "Quem achas que será o próximo a suicidar-se"?

Ora, o timing não podia ser pior e até pareceu uma questão de mau gosto... e foi! Mas ainda assim, como seres humanos perversos que somos, decidimos responder. 

A minha resposta apareceu rápido:
- Mickey Rourke

A do H. surgiu um pouco depois:
- Macaulay Culkin

Penso que são 2 apostas muito fortes... A primeira pelos problemas que tem atravessado, e por não parecerem resolvidos com o incrível trabalho em "The Wrestler". A segunda porque simplesmente é um milagre o gajo sequer estar vivo. 

E por aí? Propostas doentias?

Audições de Actores famosos para Cinema e TV

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Robin Williams - Tweet da Academia

Crescer com o Robin Williams



Good Morning Vietnam (1987):
- Tinha eu 5 anos quando este Filme estreou. Não se falava de outra coisa... Que era isto, que era aquilo... eu estava longe de o poder apreciar, ou de sequer o ver no Cinema, mas mais tarde, quando deu na Televisão (lembram-se da espera eterna que tínhamos pela frente até ver Filmes na TV??), os meus Pais voltaram a relembrar o Filme e lá fui eu ver... Claro que todos os detalhes da Guerra em si me escaparam, mas o personagem era um louco que funcionava como íman, um louco bem disposto num cenário atípico. Conquistou-me. 

Dead Poets Society (1989):
- Depois do "boost" do locutor de rádio em plena guerra do Vietname, o grande êxito do Robin foi este Filme. Basta olhar para o Twitter e para o Facebook, para ver TODOS a partilhar o momento épico quando este Professor perfeito está a abandonar a sala de aula, e todos os alunos se levantam na cadeira puxando um "Oh Captain, my Captain!" Enorme Filme, um dos maiores êxitos da sua carreira, um Filme de culto da nossa geração. Aposto que muitos de vocês começaram a ler depois de ver este Filme... 

Hook (1991):
- Este já vi no Cinema. Todo o imaginário detalhado do Spielberg, dá uma roupagem inesquecível para qualquer miúdo que visse este Filme. Quero lá saber se o Filme é bom ou mau, uma coisa eu tenho a certeza: O Filme é mágico... fica para sempre na nossa memória infantil, algo confortável que recorda os bons momentos de ser criança. Quantos de nós queríamos entrar pela tela? Tudo tinha luz, efeitos, roupas para me mascarar, vilões, um mundo de Fantasia quase único. Este é para sempre. 

Mrs. Doubtfire (1993):
- Sim... com 11 anos CLARO que adorei este Filme. Uma paixão assolapada de um Pai pelos seus Filhos, que o leva a vestir-se de "Babá", e assim estar perto deles mais tempo? Que podia correr mal? Filme menor mas mesmo assim, faz parte da minha infância como poucos. Do que me lembro mais? Dele a queimar as mamas falsas no fogão... :) Depois de Hook e deste Filme, o posicionamento de filmes para Crianças torna-se óbvio, e é por isso que todos os da minha geração sentiram tanto a sua morte... 

The Birdcage (1996):
- Dos primeiros filmes a tratar de forma extremamente divertida e ao mesmo tempo natural, o tema da homossexualidade. Isto, no mundo "Mainstream"... Uma comédia que ainda hoje é boa, uma comédia com enorme trabalho de actores, que traz para o nosso dia a dia, uma temática por vezes difícil de trabalhar na altura. Como não esquecer a dança explicativa do Robin em pleno palco... a balançar-se com um "Madonna... Madonna" :)

Deconstructing Harry (1997):
- Nem adoro o Filme, nem o vi na altura, vi bem mais tarde. Mas hey... trabalhou com o Woody Allen! E em que outro filme seria que não num onde a Fantasia tem lugar? Haverá lugar mais comum para o Robin nesta fase?

Good Will Hunting (1997):
- Para quem não tinha visto o Dead Poets Society no Cinema, teve aqui uma boa oportunidade para ver como que uma maturação desse Filme. Imaginando o Professor de 1989, supondo que mudou de carreira, podia muito bem uns anos mais tarde, contar esta história. É um Filme que conta a sua história de uma das formas mais eficazes que já vi e que vinca o papel de "Tutor" do Robin. O Robin tinha uma capacidade: ser um dos actores mais comerciais do mercado, sem que isso fosse mau em grande parte dos Filmes. Aqui até consegue puxar o lado mais comercial do Gus Van Sant, como nunca mais se viu...

Insomnia (2002):
- Um dos pontos mais importantes da sua carreira. Acabou-se o Robin bonzinho, o Robin dos filmes para miúdos, o Robin de nos fazer rir. Aqui entra a sua faceta de vilão... uma escolha muito arriscada do Nolan, que teve um sucesso inquestionável. Grande Filme, GIGANTESCA interpretação, e uma subida exponencial quanto actor do Robin. A partir daqui, tudo seria diferente porque já não "cabia" apenas em Flubbers da vida. 

One Hour Photo (2002) e The Final Cut (2004):
- Filmes que junto por me parecerem uma tentativa semelhante por parte de quem os criou. Filmes obscuros, que trabalham o problema da privacidade (ainda era ele analógico). Num ele é novamente vilão, faz um papel muito interessante mas o Filme é mau demais. No outro o papel é mais soturno, menos expansivo mas num Filme que achei mais piada, embora igualmente menor. 

Louie (2012):
- Foi a última vez que o vi. Entra num dos melhores episódios de uma das minhas séries favoritas. Aparece com o seu ar soturno já testado anteriormente, com um toque até depressivo e com rasgos de loucura. Um papel de curta duração que pensei poder vir a relançá-lo para um qualquer Filme de topo que o quisessem aproveitar. Foi uma prova simples, natural e de grande qualidade, que o Robin ainda conseguia dar mais e mais... 

Live on Broadway (2002) e Weapons of Self Destruction (2009):

- Dos melhores cómicos até ontem vivos, que conseguia de forma magnífica levar as suas melhores características para um palco de Stand Up. Momentos memoráveis, basta irem ao Youtube e passar um dia inteiro a rir... A facilidade com que se ligava a qualquer público era impressionante, característica que até em Cinema se notava. 

Enorme perda, um dos Homens aparentemente mais simpáticos e ternurentos do Cinema.
Um Homem que trabalhou imenso, tem uma lista de participações em Filmes que faz corar muitos gurus do Cinema, e uma simpatia geral do público que poucos conseguiram de forma tão constante. 

Puta que Pariu a Depressão, tem sido devastadora no que toca a talento... 

E vocês? Como cresceram com ele?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Guilty Pleasures – Rocky IV


 

Realização: Sylvester Stallone
Argumento: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Brigitte Nielsen, Tony Burton, Dolph Lundgren

Noutro dia falava com o B. e chegámos à mesma conclusão: na saga Rocky o primeiro é o melhor, chega inclusivamente a ser um bom filme, mas o quarto é sem dúvida o nosso preferido! É o que mais recordamos de quando éramos miúdos e (muito) provavelmente o que mais vezes revimos nas saudosas VHSs.

E como não?! Desde o pornográfico festim organizado pela entourage de Apollo Creed para receber a comitiva russa (quem não se lembra do teatral Living in America de James Brown?), passando pela aura de mistério, medo e invencibilidade que Ivan Drago transmitia (lendária primeira aparição de Dolph Lundgren no grande ecrã), a morte do melhor amigo nos braços, o sentimento de culpa e a sede de vingança, o drama familiar com a mulher Adrian que desta vez não apoia a decisão, o treino no meio da neve e da tundra russa, os 15 rounds impiedosos até vencer Drago e finalmente conquistar o público e um Politburo que se põe de pé a aplaudir um herói norte-americano.

Para lá do que hoje se entende como um filme-propaganda em plena Guerra Fria, a verdade é que Rocky IV, para a nossa geração, foi simplesmente um filme ímpar, com um herói improvável de carne e osso e um vilão quase indestrutível. E que só com uma épica batalha poderia cair.

"He’s not human…he’s like a piece of iron."

Golpes Altos: A marca impagável que nos deixa por ser um filme tão emblemático da nossa infância. Stallone, Young e Lundgren.

Golpes Baixos: Haverá vários. Claro que há. Mas importam pouco.