segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ex Machina



Realizador: Alex Garland
Argumento: Alex Garland
Actores: Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac

O Alex Garland passou da escrita para a Realização... Depois de ter tido mão em histórias como o The Beach, 28 Days Later e Sunshine, apresenta-se como argumentista e realizador deste Filme, o 1º que realiza... por mim, pode continuar!

Se o "Her" fosse um Filme de ficção científica, era mais ou menos assim... Isto porque um sci fy precisa de um enredo mais elaborado, talvez com um twist ou até alguma ação... Acho os filmes incomparáveis (sou um apaixonado intrínseco pelo "Her") mas ao mesmo tempo acho impossível não nos ocorrer compará-los.

Um milionário excêntrico e genial decide criar um projecto de Inteligência Artificial, pega num colaborador da sua empresa e testa esse mesmo projecto. Tudo isto num cenário muito bem escolhido, com um bom gosto estético muito acima da média e com um constante ambiente de tensão muito bem trabalhado... Sentimos que algo de errado se passa, vamos logo percebendo algumas coisas e outras queremos deixar para mais tarde... E deixamos.

Uma evolução muito bem trabalhada, sem saltos disparatados no argumento, provando que não é preciso um Filme de 3h para gerir todos os tempos necessários para o texto respirar.

A relação entre máquina e ser-humano é constantemente abordada em Cinema, sendo que aqui temos uma proximidade mais humanizada, e daí ser impossível dissociar do "Her". Aqui o ser-humano deixa de testar apenas a máquina e começa sem saber a ser ele próprio testado, as suas crenças, as suas convicções e até a sua própria natureza, tudo fica um caos, tudo fica em água, tudo está prestes a explodir sob o olhar atento do mestre, que passa por uma espécie de vilão "bon-vivant" meio decadente.

Esse mestre é-nos trazido pelo Oscar Isaac, que depois de "Inside Lewyn Davies", volta a fazer um papel muito acima da média. O pupilo é Gleeson que tem uma presença muito constante, menos espalhafatosa...penso que na fase final do filme podia ter um pico mais dramático.

Depois há Ava... o robot lindíssimo, super cativante e que ao final de uns minutos, mesmo com os fios à mostra, deixa de ser artificial... todos queremos aquele teste, aquelas reuniões íntimas atrás do vidro, vidro que parece desaparecer tamanha é a ligação que se cria entre personagens.

O que é que nos faz seres humanos? É a base da questão... até onde somos diferentes de uma máquina super-evoluída? Qual a linha que nos separa? O que é mais humano ou mais artificial? Encontramos algumas tentativas de respostas neste Filme, alguns caminhos e tudo num ambiente bastante credível, nada totalmente fora da nossa realidade.


Golpes Altos: A relação máquina - ser-humano, Oscar Isaac, a estética, as questões que se colocam.

Golpes Baixos: A "batalha" perto do final, um pouco descabida e de certa forma tirando o ambiente credível até aí...