sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Guardians of the Galaxy


Realização: James Gunn
Argumento: James Gunn, Nicole Perlman 
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Lee Pace, Michael Rooker, John C. Reilly, Vin Diesel (voz), Bradley Cooper (voz)

Ponto de partida para avaliar o filme: Robert Downey Jr., ícone da reinvenção recente das películas da Marvel, afirmou há dias, pondo de lado muita daquela arrogância e gabarolice que se lhe reconhece, que Guardians of the Galaxy seria, em alguns aspectos, o melhor filme daquele universo de comics norte-americano.

Ora, dito isto é normal que pensemos que estamos perante mais uma aventura apocalíptica, com traços dark, muito na linha a que Nolan ou Singer nos têm habituado nas adaptações de Marvel/DC. Nada disso. A película de James Gunn leva-nos de volta à comédia despreocupada, aos heróis sem grandes valores – Quill, Rocket e Groot inicialmente movem-se por ganância e mais tarde por amizade e companheirismo, nunca por dever cívico e missionário –, numa animação que flui de forma inocente e desprovida de grande melodrama, seguindo a epopeia dum improvável grupo de mercenários, mutantes, prisioneiros e desertores na busca duma Jóia do Infinito (uma gema de destruição maciça…mesmo maciça!) que não pode chegar às mãos dum maníaco opressor.

O elenco cumpre, com destaque para um delicioso Chris Pratt como o pateta vigarista/apaixonado e bondoso Quill (o Walkman e os phones como sinais duma cultura pop e de memórias que não queremos largar nem perder para sempre…), a voz de Bradley Cooper num Rocket que rouba todas as cenas em que aparece, Lee Pace num Ronan que esteticamente é aterrador – talvez até demais tendo em conta o contexto –, e alguns pequenos papéis deliciosos como o de Michael Rooker ou John C. Reilly (há algo que este tipo não faça muito bem?). Ah, e o corpaço da Zoe Saldana. Seja pintada de azul ou de verde, a senhora é um espanto.

Ou seja, tendo em conta o que se tem feito ultimamente neste género, a verdade é que este Guardians of the Galaxy aparece como uma lufada de ar fresco, na medida em que nos faz recuar no tempo até aos anos em que os filmes de super-heróis eram simplesmente assim: um objecto de entretenimento que tem tanto de capaz e divertido como completamente despretensioso, capaz de agradar a jovens e não tão jovens.

Golpes Altos: A história e a forma como é contada. Simples e alegre, sem sisudez e maniqueísmos. A Zoe Saldana meio despida. O Walkman (I'm hooked on a feeling / I'm high on believing / That you're in love with me”).

Golpes Baixos: Apesar de Lee Pace estar impecável, Ronan não será um vilão demasiado “agressivo” e desmesurado tendo em conta a narrativa light do filme? A luta final: Ronan merecia outra morte, pelo menos numa cena menos “metida a martelo”.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Emmys

Não entendo como se premeia novamente o Breaking Bad, tendo em conta que a melhor série de sempre estava na corrida... Ah, e provavelmente a melhor prestação de um Actor em séries também...


domingo, 24 de agosto de 2014

Snowpiercer



Realizador: Joon-ho Bong
Argumento: Kelly Masterson, Joon-ho Bong
Actores: Chris EvansJamie BellTilda Swinton, Kang-ho Song, Ed Harris, John Hurt, Octavia Spencer

Tenho um gosto especial por cenários apocalípticos... Nuns filmes isso não passa de um mero Guilty Pleasure, noutros não passa de um fetiche e por fim há uns que são apenas uma prova de bom gosto :)

Este Filme é um bom Filme. É mesmo!

Em Snowpiercer, o mundo gelou e toda a humanidade está concentrada num comboio de alta velocidade. Este comboio está dividido tendo em conta uma hierarquia rígida, tendo na frente do mesmo os membros mais valiosos da sociedade, e no fundo a carne para canhão. Depois disto, depois deste micro-cosmos muito bem trabalhado, temos todas as outras pontas soltas típicas da nossa sociedade, retratadas de forma muito eficaz.

O Chris Evans não me parece que alguma vez se torne um bom actor, mas aqui cumpre o seu papel de herói de forma capaz. Já a Tilda Swinton, deduzo desde já que seja nomeada para melhor actriz secundária nos próximos Óscares.

Voltando ao Filme, é uma luta aparentemente desigual que tem de ser travada. A passagem pelas carruagens é toda uma aula de regimes ditatoriais, de teorias enfiadas no nosso prato sem questões aparentes, de compra e venda de opiniões, de rigidez sem qualquer momento de reflexão sobre a mesma. Tudo isto é uma caricatura do que existe de pior no nosso mundo, de todas as desigualdades e que acabam por provocar uma batalha contra a impunidade dos "seres superiores".

É um Filme fácil de ver, daqueles que quem quiser parar para pensar um pouco pode, e quem quiser apenas divertir-se com um blockbuster cheio de ação também recebe o que quer. Uma espécie de Filme camaleão que é muito mais do que aparenta ser à primeira vista.

Não entendo a estratégia de quem criou o Filme, mas parece-me engraçada esta mistura de boas ideias com todas as dinâmicas típicas de um Filme para massas.


Golpes Altos: Os paralelismos.

Golpes Baixos: Capacidade para tratar os ambientes exteriores ao Comboio, provavelmente por falta de budget.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Conversas de Café - Provavelmente... o Post mais macabro e negro de sempre

Em conversa de café com uns amigos, surgiu a questão macabra: "Quem achas que será o próximo a suicidar-se"?

Ora, o timing não podia ser pior e até pareceu uma questão de mau gosto... e foi! Mas ainda assim, como seres humanos perversos que somos, decidimos responder. 

A minha resposta apareceu rápido:
- Mickey Rourke

A do H. surgiu um pouco depois:
- Macaulay Culkin

Penso que são 2 apostas muito fortes... A primeira pelos problemas que tem atravessado, e por não parecerem resolvidos com o incrível trabalho em "The Wrestler". A segunda porque simplesmente é um milagre o gajo sequer estar vivo. 

E por aí? Propostas doentias?

Audições de Actores famosos para Cinema e TV

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Robin Williams - Tweet da Academia

Crescer com o Robin Williams



Good Morning Vietnam (1987):
- Tinha eu 5 anos quando este Filme estreou. Não se falava de outra coisa... Que era isto, que era aquilo... eu estava longe de o poder apreciar, ou de sequer o ver no Cinema, mas mais tarde, quando deu na Televisão (lembram-se da espera eterna que tínhamos pela frente até ver Filmes na TV??), os meus Pais voltaram a relembrar o Filme e lá fui eu ver... Claro que todos os detalhes da Guerra em si me escaparam, mas o personagem era um louco que funcionava como íman, um louco bem disposto num cenário atípico. Conquistou-me. 

Dead Poets Society (1989):
- Depois do "boost" do locutor de rádio em plena guerra do Vietname, o grande êxito do Robin foi este Filme. Basta olhar para o Twitter e para o Facebook, para ver TODOS a partilhar o momento épico quando este Professor perfeito está a abandonar a sala de aula, e todos os alunos se levantam na cadeira puxando um "Oh Captain, my Captain!" Enorme Filme, um dos maiores êxitos da sua carreira, um Filme de culto da nossa geração. Aposto que muitos de vocês começaram a ler depois de ver este Filme... 

Hook (1991):
- Este já vi no Cinema. Todo o imaginário detalhado do Spielberg, dá uma roupagem inesquecível para qualquer miúdo que visse este Filme. Quero lá saber se o Filme é bom ou mau, uma coisa eu tenho a certeza: O Filme é mágico... fica para sempre na nossa memória infantil, algo confortável que recorda os bons momentos de ser criança. Quantos de nós queríamos entrar pela tela? Tudo tinha luz, efeitos, roupas para me mascarar, vilões, um mundo de Fantasia quase único. Este é para sempre. 

Mrs. Doubtfire (1993):
- Sim... com 11 anos CLARO que adorei este Filme. Uma paixão assolapada de um Pai pelos seus Filhos, que o leva a vestir-se de "Babá", e assim estar perto deles mais tempo? Que podia correr mal? Filme menor mas mesmo assim, faz parte da minha infância como poucos. Do que me lembro mais? Dele a queimar as mamas falsas no fogão... :) Depois de Hook e deste Filme, o posicionamento de filmes para Crianças torna-se óbvio, e é por isso que todos os da minha geração sentiram tanto a sua morte... 

The Birdcage (1996):
- Dos primeiros filmes a tratar de forma extremamente divertida e ao mesmo tempo natural, o tema da homossexualidade. Isto, no mundo "Mainstream"... Uma comédia que ainda hoje é boa, uma comédia com enorme trabalho de actores, que traz para o nosso dia a dia, uma temática por vezes difícil de trabalhar na altura. Como não esquecer a dança explicativa do Robin em pleno palco... a balançar-se com um "Madonna... Madonna" :)

Deconstructing Harry (1997):
- Nem adoro o Filme, nem o vi na altura, vi bem mais tarde. Mas hey... trabalhou com o Woody Allen! E em que outro filme seria que não num onde a Fantasia tem lugar? Haverá lugar mais comum para o Robin nesta fase?

Good Will Hunting (1997):
- Para quem não tinha visto o Dead Poets Society no Cinema, teve aqui uma boa oportunidade para ver como que uma maturação desse Filme. Imaginando o Professor de 1989, supondo que mudou de carreira, podia muito bem uns anos mais tarde, contar esta história. É um Filme que conta a sua história de uma das formas mais eficazes que já vi e que vinca o papel de "Tutor" do Robin. O Robin tinha uma capacidade: ser um dos actores mais comerciais do mercado, sem que isso fosse mau em grande parte dos Filmes. Aqui até consegue puxar o lado mais comercial do Gus Van Sant, como nunca mais se viu...

Insomnia (2002):
- Um dos pontos mais importantes da sua carreira. Acabou-se o Robin bonzinho, o Robin dos filmes para miúdos, o Robin de nos fazer rir. Aqui entra a sua faceta de vilão... uma escolha muito arriscada do Nolan, que teve um sucesso inquestionável. Grande Filme, GIGANTESCA interpretação, e uma subida exponencial quanto actor do Robin. A partir daqui, tudo seria diferente porque já não "cabia" apenas em Flubbers da vida. 

One Hour Photo (2002) e The Final Cut (2004):
- Filmes que junto por me parecerem uma tentativa semelhante por parte de quem os criou. Filmes obscuros, que trabalham o problema da privacidade (ainda era ele analógico). Num ele é novamente vilão, faz um papel muito interessante mas o Filme é mau demais. No outro o papel é mais soturno, menos expansivo mas num Filme que achei mais piada, embora igualmente menor. 

Louie (2012):
- Foi a última vez que o vi. Entra num dos melhores episódios de uma das minhas séries favoritas. Aparece com o seu ar soturno já testado anteriormente, com um toque até depressivo e com rasgos de loucura. Um papel de curta duração que pensei poder vir a relançá-lo para um qualquer Filme de topo que o quisessem aproveitar. Foi uma prova simples, natural e de grande qualidade, que o Robin ainda conseguia dar mais e mais... 

Live on Broadway (2002) e Weapons of Self Destruction (2009):

- Dos melhores cómicos até ontem vivos, que conseguia de forma magnífica levar as suas melhores características para um palco de Stand Up. Momentos memoráveis, basta irem ao Youtube e passar um dia inteiro a rir... A facilidade com que se ligava a qualquer público era impressionante, característica que até em Cinema se notava. 

Enorme perda, um dos Homens aparentemente mais simpáticos e ternurentos do Cinema.
Um Homem que trabalhou imenso, tem uma lista de participações em Filmes que faz corar muitos gurus do Cinema, e uma simpatia geral do público que poucos conseguiram de forma tão constante. 

Puta que Pariu a Depressão, tem sido devastadora no que toca a talento... 

E vocês? Como cresceram com ele?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Guilty Pleasures – Rocky IV


 

Realização: Sylvester Stallone
Argumento: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Brigitte Nielsen, Tony Burton, Dolph Lundgren

Noutro dia falava com o B. e chegámos à mesma conclusão: na saga Rocky o primeiro é o melhor, chega inclusivamente a ser um bom filme, mas o quarto é sem dúvida o nosso preferido! É o que mais recordamos de quando éramos miúdos e (muito) provavelmente o que mais vezes revimos nas saudosas VHSs.

E como não?! Desde o pornográfico festim organizado pela entourage de Apollo Creed para receber a comitiva russa (quem não se lembra do teatral Living in America de James Brown?), passando pela aura de mistério, medo e invencibilidade que Ivan Drago transmitia (lendária primeira aparição de Dolph Lundgren no grande ecrã), a morte do melhor amigo nos braços, o sentimento de culpa e a sede de vingança, o drama familiar com a mulher Adrian que desta vez não apoia a decisão, o treino no meio da neve e da tundra russa, os 15 rounds impiedosos até vencer Drago e finalmente conquistar o público e um Politburo que se põe de pé a aplaudir um herói norte-americano.

Para lá do que hoje se entende como um filme-propaganda em plena Guerra Fria, a verdade é que Rocky IV, para a nossa geração, foi simplesmente um filme ímpar, com um herói improvável de carne e osso e um vilão quase indestrutível. E que só com uma épica batalha poderia cair.

"He’s not human…he’s like a piece of iron."

Golpes Altos: A marca impagável que nos deixa por ser um filme tão emblemático da nossa infância. Stallone, Young e Lundgren.

Golpes Baixos: Haverá vários. Claro que há. Mas importam pouco.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Like Father, Like Son


Realizador: Hirokazu Koreeda
Argumento: Hirokazu Koreeda (Guião)
Actores: Masaharu FukuyamaMachiko OnoYôko Maki, Megumi Morisaki

No ano passado tive a oportunidade de ir ao Japão, uma viagem que me marcou pelo que encontrei em termos de sociedade. As pessoas são "exageradamente" simpáticas, são quase submissas em todos os momentos de contacto, são SUPER disponíveis para ajudar...não estava 5min na rua de mapa na mão sem que perguntassem se precisava de ajuda, e isto 80% das vezes sem ser em Inglês...eles tentam comunicar na mesma. No entanto, ao que parece, quem lá vive não sente isto a longo prazo, porque os japoneses na verdade têm esta fachada mas depois são frios, não se entregam, são educados a não mostrar fraquezas, acabam por não ser pessoas assim tão emotivas porque se reprimem.
Claro que generalizações são sempre perigosas, mas do que tenho ouvido de quem lá foi, sente o mesmo que eu senti.

Esta nota prévia serve para mostrar o meu espanto sempre que vejo uma obra Japonesa... é que embora seja um povo teoricamente frio, é capaz de produzir o Cinema que mais e melhor transmite emoções, que mais e melhor nos faz pensar no que estamos a ver, que mais e melhor nos deixa à flor da pele... Desde os Filmes de Animação clássicos que são obras primas intemporais, a estes pedaços de vida que nos roubam a atenção de forma inequívoca.

Este filme não é excepção à regra, mais uma vez estamos perante uma obra que nos faz tremer em muitos momentos.

Um drama familiar, um caso estranho que entra que nem um bulldozer pelos lares das famílias em questão, não olhando para os lados e deixando claro que veio para ficar. A forma como pessoas diferentes reagem a esse contratempo, a forma como pensam que se deve reagir, a forma como lidam com o facto de terem de lidar uns com os outros, a forma como os filhos reagem a todas as decisões tomadas pelas famílias.

Isto é o lado familiar da questão... e o lado mais filosófico? O que é um filho? É só o sangue que lhe escorre que é nosso? Não... claro que não... é muito mais que isso, é uma amálgama de afecto, de educação, de querer que sejam mais e melhor, que sejam felizes, de brincadeiras, de memória e de tormentos... Mas... será que esta amálgama é suficiente para ser um filho? Mesmo sem o sangue?

Cada um terá a sua opinião... influenciada pela sua própria amálgama que já vem de trás... dos pais, dos avós, das convivências com mais ou menos liberdade, com mais ou menos exigência... as respostas parecem óbvias se acharmos que todos pensam da mesma forma que nós... mas a verdade é que todos somos diferentes e o senso comum muitas vezes não passa de uma linha teórica sem qualquer poder.

Um grande filme sobre família.


Golpes Altos: O retrato das famílias, as diferenças, as formas de pensar, a emoção transmitida, a frieza de alguns momentos e a qualidade de sempre.

Golpes Baixos: Nada a assinalar... nada mesmo...