quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Golpes Indie - What Maisie Knew

Realização: Scott McGehee e David Siegel
Argumento: Nancy Doyne e Carroll Cartwright (baseado num romance de Henry James)
Elenco: Julianne Moore, Alexander Skarsgard, Steve Coogan, Joanna Vanderham e Onata Aprile


Ter filhos não é para todos. A algumas pessoas, nunca deveria ser permitido procriar. Não quer dizer que sejam más pessoas, com más intenções ou psicopatias latentes. São, normalmente, pessoas egoístas, imaturas, demasiado focadas em si mesmo e nos seus problemas para poderem abdicar da sua existência pela existência de uma criança. Filhos de lares despedaçados raramente dão adultos equilibrados, e esta é uma verdade que falta dizer em voz alta. Se a Igreja Católica nos serviu para alguma coisa - e, admito, não serviu para quase nada - foi para nos dizer que um casamento é eterno, principalmente se envolver uma criança. A "santidade do casamento" não é obra do espírito santo, não existe para glorificar a Igreja - serve para glorificar os seus filhos, que não têm culpa que o mundo seja um lugar frio e difícil.

What Maisie Knew é um livro do escritor realista Henry James. No livro, Maisie é uma criança dividida entre dois pais divorciados, egoístas e irresponsáveis. No livro, James crítica o divórcio, o casamento, as relações, tudo. No livro, Maisie não acaba bem.
No novo filme da dupla Scott McGehee e David Siegel, a história é outra. Os realizadores decidiram manter a perspectiva do filme pelos olhos e pelo entendimento da criança. Essa abordagem está bem feita, a realização é sólida e as coisas que ficam por entender têm uma explicação simples: só sabemos o que Maisie sabe, só sentimos o que Maisie sente.

Paralelamente à história da criança, o filme é uma bonita história de amor contada em plano secundário. Não estamos habituados a isto. Uma boa história de amor é primeira página. Sempre foi. Por isso é refrescante que esta nos seja mostrada pelos olhos da criança, que vê nos seus dois novos pais uma casa que que não conhecia. Quando somos pequenos, e nos vimos apanhados em fogo cruzado entre dois adultos egoístas e irresponsáveis, ficamos com memórias negras e confusas daquilo que foi a nossa infância. Se, como Maisie, tivemos a sorte de ser adotados por duas pessoas puras e boas de coração, as nossas memórias passam a casas de praia, passeios ao pôr do sol, viagens de barco, sorrisos e muito amor. O amor é a coisa mais importante para a memória de uma criança. Nesse ponto, o filme é firme: se não o têm, não tentem ser pais.

O filme conta com um grande leque de actores, um argumento fantástico e uma realização audaz. Todos os elementos parecem funcionar em uníssono e isso traz uma harmonia fresca a um filme que, de outra forma, poderia tornar-se demasiado chato e negro. É uma lufada de ar fresco, quando temas clássicos são abordados por mentes jovens e criativas.


Golpes Altos: Adaptação original e ousada de um romance clássico. Realização sólida e inovadora. Boas interpretações. Joanna Vanderham é uma delícia.

Golpes Baixos: Gostava de ter visto uma melhor banda sonora, e uma melhor publicitação.


6 comentários:

  1. Ainda não tinha ouvido falar, mas parece-me um bom filme para ir direto à watching list :).

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    1. Entretanto lá em casa já vimos e gostámos ambos bastante.
      Gostaria deste filme em qualquer altura, mas agora que sou mãe ainda mexeu mais comigo...o meu cérebro não parava de lançar alertas maternos, sempre que havia qualquer irresponsabilidade (e eram muitas) dos "pais".
      No fim comentávamos que, se se tratasse de um casal com poucos rendimentos, a criança seria levada pela SS. Quando há dinheiro...a coisa pia de maneira diferente.
      Independentemente disso, quantas e quantas crianças não se sentem emocionalmente abandonadas?

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  2. Já estava na watching list, ainda bem pela crítica porque não me tinha apercebido que já estava disponível para ver! :) Mais um para o fim de semana... :P

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  3. Vejam que vale a pena :) Depois digam de sua justiça!

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  4. Pelo Alexander Skarsgard vale a pena ver :)

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  5. Acabei de ver! O filme está excelente, a miúda está fantástica e a história está extremamente bem produzida!
    Não li o livro, mas agora após ver o filme não consigo imaginar a história noutro ponto de vista que não este, nem com um fim que não o do filme! :)

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