terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Realizador: Spike Jonze
Argumento: Spike Jonze
Actores: Joaquin PhoenixAmy AdamsScarlett Johansson

Hoje em dia sabemos lá ao certo o que é o mundo real... andamos em cima de pedras e de alcatrão a maior parte do tempo, já não sentimos a terra debaixo dos pés no nosso dia-a-dia. Andamos atracados a telemóveis que nos facilitam a vida, que nos fazem acelerar processos, que nos fornecem informação a todo o segundo, que nos mantêm contactáveis em qualquer ponto do mundo, que nos deixam partilhar tempos, espaços, pessoas, relações, tudo... Mas...

Até onde vai tudo isto? Qual a fronteira?

O Spike Jonze neste filme ataca ferozmente essa fronteira, mete tudo a nu, mexe na ferida caricaturando-a mas sendo assustadoramente assertivo e credível. Sim, ainda mal começámos a ver o filme e já aceitamos a história como se fosse real e por vezes até como se pudesse ser nossa... É uma história de amor (o nome em Português faz todo o sentido, até mais que o original) contada com uma mestria inabalável e deixando-nos completamente fora da nossa realidade. 

Não há nada que goste mais em Cinema do que precisar de tempo no final de um filme para regressar ao meu mundo, ao meu sofá, às ruas que tão bem conheço, às pessoas que tanto amo... É daqueles filmes que nos obrigam a repensar por momentos a nossa vida, a colocar muitas coisas em causa e a fazer-nos querer viver o que podemos não ter feito ultimamente... 

Aqui há uns dias fui jantar fora com a C. e não levei o meu telemóvel, que para quem me conhece é muito raro. Ela a brincar perguntou-me no final do jantar a caminho do carro se me estava a sentir bem. Eu simplesmente respondi que estava a ver o mundo em que vivia com uma atenção que não lhe dava há já algum tempo... Haverá algo mais triste de desabafar, mais a mais quando se vive numa das cidades mais bonitas do mundo?

Um filme extremamente emocional com um Argumento que não preciso ver os restantes candidatos para querer a todo o custo que ganhe todos os prémios do mundo...

Sem sombra de dúvidas, até agora, o meu filme preferido do ano. Se é o melhor? Não quero saber...

O Spike Jonze filma muito bem e é dos Realizadores que melhor domina a "hora perfeita", filmando de forma infalível as cores que o nascer do dia ou o final do mesmo nos proporcionam...
A banda sonora acompanha o filme como se de uma dupla em plena valsa se tratasse... Que maravilha.

Há filmes destes... que me fazem querer escrever e escrever sem estar a tentar ler ao mesmo tempo, sem querer ler depois... quero que vos passe o mais puro retrato possível, quero que leiam o que disse a quente, não quero reflectir nem quero racionalizar, foi assim que o vi, é assim que vos transmito.


Golpes Altos: Argumento, Facilidade com que nos "vende" esta realidade, Phoenix e fazer-me esquecer que estou numa sala.

Golpes Baixos: Vão vocês buscá-los, certamente encontrarão.

6 comentários:

  1. Eu também estou em pulgas para ver o filme. Mas isto não estreava só em Fevereiro?

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  2. Vou vê-lo ainda hoje. Já estava desejosa depois de ver o trailer, e agora, depois de ter ler, é o dia!

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    1. Está visto. Que enorme Joaquin Phoenix. E que gigante capacidade de nos fazer acreditar que, do lado de lá, está uma pessoa de carne e osso com sentimentos vários. Está tão bem conseguida esta relação que, até eu, me esqueci que ele não seria o único...

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  3. Adorei os cenários, o que ele projecta que seja o futuro, (cidades castanhas, ambientes espectaculares de design nórdico dentro dos prédios para compensar a poluição) e principalmente o design dos OS, aposto que a Apple caminha para aquele tipo de interface. Pormenor espectacular: o packaging do sumo que ele bebe quando encontra o casal de amigos.

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