quinta-feira, 20 de agosto de 2015
HBO is coming to Portugal
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Guilty Pleasure - Tremors (AKA Palpitações)
Realizador: Ron Underwood
Argumento: S.S. Wilson, Brent Maddock
Actores: Kevin Bacon, Fred Ward, Finn Carter, Michael Gross, Tony Genaro, Reba McEntire
Que coisa tão boa...
Um mutante igual ao do Dune anda-se a passear por baixo de terra a aterrorizar os habitantes de "nenhures", mais um desses locais desertos nos EUA. Este bicharoco em forma de charuto, que numa extremidade tem uma boca horrível de onde saem cobras, é cego tipo toupeira e sente-se atraído por vibrações no solo...
Pah... eu nem precisava dizer mais nada para se perceber que é um Filme do caraças!
Não sei quantos cowboys com a vida infernizada por um monstro gigante, que engole carros e tudo o que vibre em cima do solo? Que apenas se escapam dele se não criarem qualquer tipo de trepidação, ou se estiverem em cima de rochas que ele não consegue perfurar...? O Kevin Bacon com crachás no cinto e camisa de flanela com o cabelo a fazer lembrar um Nick Cave sem gel? Sangue alaranjado viscoso sempre que rebentam com um destes monstros?
A sério... se isto não é suficiente para se passar uma tarde do caraças, não sei que raio de critérios vocês têm :)
Isto são os anos de ouro da pirosada e dos filmes de culto manhosos... Este é um dos maiores ícones de terror de uma geração... É daqueles Filmes que se ainda não viram, nunca vejam... nunca vão perceber o quanto era possível gostar disto, nunca! É um acontecimento apenas para uma fase da história do Cinema... fora dela, simplesmente não faz sentido... tipo MacGyver!
É daqueles Filmes que numa conversa séria sobre Cinema, terão sempre alguém da minha geração a dizer "epa... mas nem é assim tão mau... tem coisas bem fixes...".
No Rotten Tomatoes quase que fazem deste filme uma obra prima... Aposto que quem lá escreve nasceu nos anos 80...
O melhor? Fala-se de um remake...
Golpes Altos: O cabelo do Kevin Bacon
Golpes Baixos: Que nojo aquele sangue viscoso laranja...
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segunda-feira, 27 de julho de 2015
Conversas de Café - Denzel Washington, topo ou só fixe?
É dos actores mais "queridos" e mais fáceis de gostar no Cinema... Tem Filmes porreiros, uns mais que outros, papéis meio histéricos pelo meio que dão show e que são muitas vezes "cool".
Há uns anos adorava-o... achava o gajo o máximo... com o tempo comecei a desconfiar e hoje em dia acho-o um gajo porreiro, mas LONGE de ser um actor de topo... quando digo longe, é mesmo tipo longe... como aquelas terras em que ainda temos lá família e odiamos lá ir porque é LONGE!
Tem papéis bons, de quem obviamente não é mau... mas nem sei se está numa camada B de actores, mais facilmente o meto na camada C junto de gajos como o Ethan Hawke ou o Clive Owen, e isto só citando malta que contracenou com ele nos melhores filmes em que entrou.
Por falar nisso:
Os melhores papéis:
1- American Gangster
2- Training Day
3- Inside Man
4- Malcolm X
Melhores Filmes:
1- Inside Man
2- American Gangster
Acham-no um actor fixe, ou um gajo de topo?
Se ele fosse um Filme, que Filme seria?
- Eu acho que ele era um daqueles Filmes muito comerciais, porreiros de se ver, que não acrescentam grande coisa mas que gostamos... e que se tiver a dar na TV ficamos a ver... King's Speech? A Few Good Man? (este até dá para escrever um Guilty Pleasure...).
Há uns anos adorava-o... achava o gajo o máximo... com o tempo comecei a desconfiar e hoje em dia acho-o um gajo porreiro, mas LONGE de ser um actor de topo... quando digo longe, é mesmo tipo longe... como aquelas terras em que ainda temos lá família e odiamos lá ir porque é LONGE!
Tem papéis bons, de quem obviamente não é mau... mas nem sei se está numa camada B de actores, mais facilmente o meto na camada C junto de gajos como o Ethan Hawke ou o Clive Owen, e isto só citando malta que contracenou com ele nos melhores filmes em que entrou.
Por falar nisso:
Os melhores papéis:
1- American Gangster
2- Training Day
3- Inside Man
4- Malcolm X
Melhores Filmes:
1- Inside Man
2- American Gangster
Acham-no um actor fixe, ou um gajo de topo?
Se ele fosse um Filme, que Filme seria?
- Eu acho que ele era um daqueles Filmes muito comerciais, porreiros de se ver, que não acrescentam grande coisa mas que gostamos... e que se tiver a dar na TV ficamos a ver... King's Speech? A Few Good Man? (este até dá para escrever um Guilty Pleasure...).
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quinta-feira, 2 de julho de 2015
The Salt of the Earth
Realizador: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders
Argumento: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders, David Rosier
Este documentário sobre o Sebastião Salgado é quase perfeito, seria mesmo perfeito se o filho não se perdesse a dada altura com a tentativa de retratar um pouco a relação deles, as dificuldades que tiveram e os progressos que fizeram... Em conversa com amigos sobre o tema parece que surge uma opinião unânime: Se fosse o Wim Wenders a fazer tudo, era melhor...
Este Homem tem uma história de vida quase única, poucos conseguiram ver o que ele viu, viver o que ele viveu, sentir na pele o lado mais negro do nosso mundo, ver os cantos mais maravilhosos que a natureza nos dá... Tudo... Daqueles que pode dizer "pronto malta, já chega... já vi tudo... venha o próximo".
Mas não disse... continua cá, continua a fazer coisas surpreendentes e a criar inveja projecto atrás de projecto. Uma vida cheia, cheia de tudo um pouco que o fez abdicar de muita coisa, que o fez perder o crescimento dos filhos, que o fez estar longe muito tempo, que o fez arriscar muito e também encher-se do que o mundo tem para dar, preenchendo-o como poucas pessoas poderão dizer que conseguiram.
As fotografias são conhecidas e estrondosas, aqui não há novidades e aproveitem para ir ver a exposição na Cordoaria Nacional que está lá até Agosto... (eu ainda não fui, mas o JP já e diz ser até melhor que o documentário).
Depois o filho tenta mostrar um lado mais familiar e pessoal do fotógrafo, mas essa fase do Filme deixa muito a desejar... não tem a intensidade necessária nem sequer tem o conteúdo necessário. Era interessante ter este aspecto bem retratado no Filme, mas não foi de todo um sucesso... Tirando a parte do projecto pessoal final, onde ele recupera a herdade da Família... é um trabalho avassalador e que dará frutos (literalmente) durante muitos anos...
Mais do que a pessoa conhecemos aqui a obra, os caminhos que seguiu e tanto vemos umas viagens meio repentinas aos poços em chamas no Kuwait, como 2 e 3 anos de vida junto a povos inteiros em fuga da guerra, da fome, da doença e da miséria, que dá vida ao projecto "Êxodos"... acabando no exponente máximo que temos para nos presentear: a natureza... cantos e recantos inacreditáveis que são a base da obra "Génesis".
Enfim, é imperdível de tão rico... desde nos sentirmos absurdos em estar atrás de um computador o dia inteiro, passando por sentir que é mesmo difícil deixar uma pegada neste mundo, acabando por querer devorar o que este planeta criou por si sem que nós pedíssemos nada...
Uma maravilha.
Golpes Altos: As fotografias... as experiências que teve.
Golpes Baixos: A tentativa quase a martelo de colocar a relação com o filho no Filme.
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quarta-feira, 1 de julho de 2015
Inside Out
Argumento: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen (história), Meg LeFauve, Josh Cooley, Pete Docter (adaptação)
Vozes: Amy Poehler, Phyllis Smith, Bill Hader, Lewis Black, Mindy Kaling, Kaitlyn Dias
Pixar... é incrível o que este universo criativo consegue construir projecto atrás de projecto... Deve ser dos sítios mais giros para trabalhar no mundo, isto tendo em conta o lado romântico do resultado final.
Mais um Filme estrondoso, um dos melhores deles até hoje... Quem pensava que com a Disney ao barulho eles pudessem perder gás, engane-se... Mais uma missão cumprida.
Um Filme que retrata o que se passa dentro da cabeça de um dos personagens principais, como se de um universo paralelo se tratasse, super complexo e com personagens que retratam as emoções mais primárias, que conduzem o estado emocional dessa pessoa... mas conduzem mesmo, com uma consola cheia de comandos, que vão aumentando à medida que a personagem cresce, tornando-se mais complexa.
O que acho mais incrível nestes Filmes são os pormenores... a facilidade (ou não) com que parece que se lembram de TUDO fazendo-nos identificar ponto a ponto com esses detalhes, porque já os vivemos, porque já os pensámos, porque já não nos lembramos deles ou porque nos lembramos sempre deles...
A estrutura do Filme é perfeita... nada falha... evolui como tem de evoluir, parece que vai partir quando temos de desacreditar, fortalece-se quando é esse o melhor caminho, tudo...
E depois há os créditos finais... a cereja do costume em cima de um bolo por si só mais que guloso.
Chorei a rir, limpei literalmente lágrimas a ver o Filme... nem sequer me lembro da última vez que isto possa ter acontecido, não me lembro sequer se alguma vez aconteceu... entrei em ebulição e a sala também, já que no final muita gente decidiu bater palmas... sim, palmas... e se o Filme as merecia...
Isto dará pano para mangas num post sobre o tema, mas este passou para o Top3 de animação para mim...
Golpes Altos: Pormenores... é mesmo incrível o detalhe que conseguem ter...
Golpes Baixos: Podiam explorar mais durante o Filme as cabeças alheias... mas podia confundir o foco principal.
PS: nota para a curta "Lava" que antecede o Filme: é das mais "fofinhas" (acho que é mesmo o termo) que já escreveram, embora não seja das melhores.
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sexta-feira, 12 de junho de 2015
Golpes de Génio – Jaws
Realização: Steven Spielberg
Argumento: Peter Benchley, Carl Gottlieb
Elenco: Roy Scheider, Richard Dreyfuss, Robert
Shaw, Lorraine Gary
Passam exactamente quarenta anos sobre
um dos filmes da minha adolescência e, mais do que isso, sobre uma das películas
que mais marcas e lembranças me deixou. Ainda hoje, um adulto feito, meto o pé
no Tejo e, sabendo de antemão que aquilo é um rio, por vezes não consigo evitar
algum temor. É mesmo assim, tem tanto de tolo como de verdadeiro. Pelo misto de
fascínio e terror pelo animal, confesso, que me leva a devorar toda a
informação que consigo, entre textos e documentários, mas também por algumas
imagens eternamente alojadas na mente: imagens de Jaws, de Steven Spielberg.
Página marcante e com uma
incontornável importância contextual no cinema norte-americano contemporâneo, Jaws rompe com o formato de produção,
promoção e distribuição vigente e assume-se como o protótipo de blockbuster de
Verão, assente numa premissa de argumentos simples (recorrentemente planos até)
e muita acção, tensão e adrenalina. O cinema de autor é posto de lado, os
estúdios aumentam cada vez mais o seu poder através do método da grande
produção para as massas e sucesso comercial imediato e o cinema de entretenimento
explode enquanto força vigente.
E muito disto despoletado por Spielberg,
um jovem e talentoso realizador de 29 anos ainda na sua segunda longa-metragem,
que como que cria um novo género (o tal summer blockbuster) que
viria no futuro a trabalhar como poucos e a reinventar estrondosamente em cada
uma das décadas seguintes – Indiana Jones
and the Raiders of the Lost Ark (1981) e E.T. the Extra-Terrestrial (1982); Jurassic Park (1993); A.I.
Artificial Intelligence (2001) e Minority
Report (2002).
O grande tubarão branco, predador
alfa dos oceanos e pouco conhecido até então do grande público, foi a partir
desse momento visto, duma forma obviamente errónea, como uma ameaça natural,
uma espécie de máquina de matar e comer pessoas; ora, a desinformação, a
ignorância e a fúria acéfala levaram a que durante décadas se procedesse a uma
infame caça ao animal e a população decrescesse substancialmente em todo o
globo, sendo hoje em dia uma espécie vulnerável. Essa sede de caçada, de
sangue, de mortandade, tão própria nos humanos aliás, é a consequência obscura
da obra. Uma consequência muito negativa e significante, entenda-se, mas que
ainda assim deve ser analisada em paralelo e não pode apagar o que a obra de
Peter Benchley e sobretudo a película de Spielberg significaram para o trajecto
do cinema de entretenimento.
O medo e o desconhecimento da
criatura que ainda assim não conseguem submeter o dever cívico e profissional de Brody, o
chefe da polícia; Hooper, o biólogo marinho que pretende conhecer melhor e porventura decifrar os
comportamentos do animal; e Quint, o caçador furtivo, o especialista que tem um
passado que se cruza de forma sangrenta com tubarões – excelente referência ao
naufrágio do navio de guerra norte-americano USS Indianapolis (CA-35) em Julho de 1945, no término da Segunda
Grande Guerra, em que centenas de marinheiros perderam a vida devido a
desidratação, afogamento e ataques de tubarões.
Este trio, em que sobressai um
delicioso Robert Shaw como o torturado Quint, acaba por ser a única força de
combate que a pequena vila de Amity tem para apresentar contra aquela
aparentemente indomável e vil força animal. O seu engenho e resiliência,
sempre de mãos dadas com o pânico e o terror, acabam por ser a força motriz do
filme, ao som da banda-sonora minimalista de John Williams, peça sublime
e tão hitchcockiana que simultaneamente nos transporta através do carácter
primitivo e inexorável da gesta e cria uma sensação de imprevisibilidade e
descontrolo emocional sufocantes.
Jaws, o primeiro blockbuster moderno, uma das películas que mudou
as regras do jogo e ajudou a criar uma nova indústria cinematográfica em
Hollywood, no fundo é uma história como tantas outras: Natureza contra o homem,
predador enfrenta predador. Mas quando quem enfrentamos é uma criatura tão
real, tão magnética, tão ferozmente perfeita por assim dizer, arriscamo-nos a
que se torne pedra basilar do nosso imaginário mais sombrio.
Golpes Altos: Acima de tudo algo
que não é imediato mas que é adquirido com o tempo: a importância histórica e
cultural do filme. A banda-sonora, intemporal.
Golpes Baixos: Como referi
anteriormente, a premissa da obra, descrevendo um animal selvagem como uma
máquina assassina, e todas as consequências que daí advieram – Benchley chegou a lamentar ter escrito Jaws. É claro que há
variadíssimas falhas técnicas (começando pelo próprio tubarão, exageradamente
grande e disforme), mas não podemos esquecer que corria o ano de 1975. Já muito fez Spielberg.
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segunda-feira, 8 de junho de 2015
Phoenix
Realização: Christian Petzold
Argumento: Christian Petzold
Elenco: Nina Hoss, Ronald
Zehrfeld, Nina Kunzendorf, Michael Maertens, Imogen Kogge
O que vem sendo curioso no cinema
de Christian Petzold, e que tão bem já havia sido trabalhado na sua anterior obra, Barbara, é a forma peculiar de
filmar a guerra sem filmá-la. Ou seja, a Segunda Grande Guerra e a(s) Alemanha(s)
pós-conflito são tema central na filmografia de Petzold, mas o cineasta alemão
opta regra geral por histórias de reconstrução, de renascimento, fugindo às
ilustrações convencionais e criando filmes de personagens inseridos na
fragmentação do pós-guerra.
E disso trata este Phoenix, film noir amargo e intenso: o recomeço.
A ressurreição, por assim dizer. Duma mulher, Nelly (impressionante Nina Hoss),
mas também duma nação, que tenta lentamente reerguer-se das cinzas, qual Fénix
renascida – e a Alemanha como a conhecemos é feita disso mesmo, dessa força
telúrica ímpar para (sempre) reerguer-se e (sempre) voltar a ser referência.
Há aqui Hitchcock – Vertigo vem-nos à memória –
há aqui Fassbinder, mas há acima de tudo um exercício formal e narrativo cáustico, impiedoso até, sobre amor, traição, culpa e, se possível, redenção. Redenção essa
que tantas vezes se revela impossível de atingir, ora pelo medo, ora pelas
marcas indeléveis do terror – o impactante suicídio de Lene ou o transe entre o macabro e o surreal em que o grupo de amigos de Nelly e Johnny está mergulhado.
Com uma banda sonora manipuladora,
uma fotografia tão realista como absorvente, diálogos concisos mas precisos e
uma brilhante cena final, de suster a respiração, Petzold cimenta ainda mais o
seu nome dentro do cinema europeu contemporâneo, sobretudo com estas duas últimas películas sobre
as cicatrizes da guerra.
Cicatrizes, marcas eternas que Nelly
carrega no rosto e nos braços, prova de que é uma personagem quase antitética:
a tatuagem do campo de concentração, símbolo da opressão imposta à sociedade
judaica em que tinha origem; e o rosto transfigurado, símbolo duma Alemanha
que amou e que, tal como ela, tem de renascer. Deixem-me repetir: Nina Hoss é
fantástica.
Golpes Altos: A frieza cirúrgica, quase maquinal, na forma como Petzold desenvolve a trama. Banda-sonora,
fotografia e Nina Hoss. O Speak Low
final, arrebatador. O título, dos melhores e mais apropriados que tenho visto.
Golpes Baixos: Ficou a
apetecer-nos (estava com um amigo que teve exactamente a mesma opinião) mais
dois ou três minutos do momento final. Ou talvez não. Petzold saberá melhor do
que ninguém.
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segunda-feira, 1 de junho de 2015
Mad Max: Fury Road
Realizador: George Miller
Argumento: George Miller
Actores: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult,
Um antigo Professor meu, o Pedro Marta Santos, classificou-o na Revista Sábado como "o Melhor Filme de Acção do Século XXI"... o buddy em conversa diz que é possivelmente o melhor Filme de Acção de Sempre, num dos seus habituais devaneios exagerados :)
Mas a verdade é que até certo ponto, nenhum me choca de forma descabida... embora também não concorde a 100% com nenhum... Mas é um Filme tão poderoso, tão diferente de tudo, tão inovador, que merece este tipo de avaliação, mesmo que não seja transversal ou partilhada por todos, merece o destaque e o reconhecimento quase exagerado! Tal como o Filme, é um tremendo exagero!
Mais que um Filme é uma experiência única, ninguém sairá indiferente da sala... a sala respira o Filme de uma forma quase orgânica, é inacreditável. No final da 1ª sequência que são logo uns 20 ou 25min de tremenda velocidade furiosa, absurdo e violência gráfica, a sala respirou... pela primeira vez! E sentiu-se! Há um momento de silêncio e sente-se mesmo as pessoas a descomprimirem da loucura vertiginosa que foi aquele momento... e depois, o Filme é TODO assim... é impressionante. Tem as quebras que tem para respirar e depois prego a fundo e lá vamos nós outra vez... como que uma montanha russa que só tem aquelas descidas que nos deixa com o coração na boca e consegue-o com subidas muito curtas.
O Filme cheira a pó, a gasolina, a pólvora, a sangue, a ferrugem, a pó outra vez, a óleo, a suor, a rock & roll... tudo... o Filme é um tesão constante de coreografias impressionantes, estética avassaladora e vertigem após vertigem, um pós-Apocalipse no meio de um tornado! Uma loucura animalesca...
O que sobressai é claramente a estética do Filme, os cenários poderosos, as tempestades, os figurinos das personagens mais out of the box possíveis, os carros completamente loucos e brutos, os vilões que podiam ser tirados de uma excelente BD, os "bons" que não são completamente bons, os "maus" que também conseguem ser bons, epa tudo...
Falar deste Filme é quase como tentar descrever um salto de pára-quedas... e quem já saltou sabe que é mesmo muito difícil :)
Impossível perder a experiência, e nem tentem ver em casa, quem não vir isto no Cinema é um criminoso. Parece que estamos no meio de uma guerra que começou num Burning Man...
O detalhe delicioso do vilão ser o mesmo actor do Filme de 79... e claro, do Realizador ser também o do Filme de 79... que mente brilhante e totalmente segmentada para isto, basta olhar para o resto que fez sem tanto sucesso... devia ter ficado a vida toda a trabalhar nisto, e se calhar ficou!
Se é um dos Filmes da minha vida? Acho que não... mas foi certamente uma das experiências mais alucinantes que tive uma Sala em toda a minha vida...
Golpes Altos: As vertigens constantes, a ansiedade animalesca que nos consome e nos prende à cadeira como nunca tive.
Golpes Baixos: O guião deve caber num guardanapo de papel, mas hey... o do "À Bout de Souffle" também e mudou a História do Cinema...
PS: como diria o JP: A Charlize Theron até toda suja, maneta e careca é Linda...
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segunda-feira, 25 de maio de 2015
Ex Machina
Argumento: Alex Garland
Actores: Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac
O Alex Garland passou da escrita para a Realização... Depois de ter tido mão em histórias como o The Beach, 28 Days Later e Sunshine, apresenta-se como argumentista e realizador deste Filme, o 1º que realiza... por mim, pode continuar!
Se o "Her" fosse um Filme de ficção científica, era mais ou menos assim... Isto porque um sci fy precisa de um enredo mais elaborado, talvez com um twist ou até alguma ação... Acho os filmes incomparáveis (sou um apaixonado intrínseco pelo "Her") mas ao mesmo tempo acho impossível não nos ocorrer compará-los.
Um milionário excêntrico e genial decide criar um projecto de Inteligência Artificial, pega num colaborador da sua empresa e testa esse mesmo projecto. Tudo isto num cenário muito bem escolhido, com um bom gosto estético muito acima da média e com um constante ambiente de tensão muito bem trabalhado... Sentimos que algo de errado se passa, vamos logo percebendo algumas coisas e outras queremos deixar para mais tarde... E deixamos.
Uma evolução muito bem trabalhada, sem saltos disparatados no argumento, provando que não é preciso um Filme de 3h para gerir todos os tempos necessários para o texto respirar.
A relação entre máquina e ser-humano é constantemente abordada em Cinema, sendo que aqui temos uma proximidade mais humanizada, e daí ser impossível dissociar do "Her". Aqui o ser-humano deixa de testar apenas a máquina e começa sem saber a ser ele próprio testado, as suas crenças, as suas convicções e até a sua própria natureza, tudo fica um caos, tudo fica em água, tudo está prestes a explodir sob o olhar atento do mestre, que passa por uma espécie de vilão "bon-vivant" meio decadente.
Esse mestre é-nos trazido pelo Oscar Isaac, que depois de "Inside Lewyn Davies", volta a fazer um papel muito acima da média. O pupilo é Gleeson que tem uma presença muito constante, menos espalhafatosa...penso que na fase final do filme podia ter um pico mais dramático.
Depois há Ava... o robot lindíssimo, super cativante e que ao final de uns minutos, mesmo com os fios à mostra, deixa de ser artificial... todos queremos aquele teste, aquelas reuniões íntimas atrás do vidro, vidro que parece desaparecer tamanha é a ligação que se cria entre personagens.
O que é que nos faz seres humanos? É a base da questão... até onde somos diferentes de uma máquina super-evoluída? Qual a linha que nos separa? O que é mais humano ou mais artificial? Encontramos algumas tentativas de respostas neste Filme, alguns caminhos e tudo num ambiente bastante credível, nada totalmente fora da nossa realidade.
Golpes Altos: A relação máquina - ser-humano, Oscar Isaac, a estética, as questões que se colocam.
Golpes Baixos: A "batalha" perto do final, um pouco descabida e de certa forma tirando o ambiente credível até aí...
Actores: Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac
O Alex Garland passou da escrita para a Realização... Depois de ter tido mão em histórias como o The Beach, 28 Days Later e Sunshine, apresenta-se como argumentista e realizador deste Filme, o 1º que realiza... por mim, pode continuar!
Se o "Her" fosse um Filme de ficção científica, era mais ou menos assim... Isto porque um sci fy precisa de um enredo mais elaborado, talvez com um twist ou até alguma ação... Acho os filmes incomparáveis (sou um apaixonado intrínseco pelo "Her") mas ao mesmo tempo acho impossível não nos ocorrer compará-los.
Um milionário excêntrico e genial decide criar um projecto de Inteligência Artificial, pega num colaborador da sua empresa e testa esse mesmo projecto. Tudo isto num cenário muito bem escolhido, com um bom gosto estético muito acima da média e com um constante ambiente de tensão muito bem trabalhado... Sentimos que algo de errado se passa, vamos logo percebendo algumas coisas e outras queremos deixar para mais tarde... E deixamos.
Uma evolução muito bem trabalhada, sem saltos disparatados no argumento, provando que não é preciso um Filme de 3h para gerir todos os tempos necessários para o texto respirar.
A relação entre máquina e ser-humano é constantemente abordada em Cinema, sendo que aqui temos uma proximidade mais humanizada, e daí ser impossível dissociar do "Her". Aqui o ser-humano deixa de testar apenas a máquina e começa sem saber a ser ele próprio testado, as suas crenças, as suas convicções e até a sua própria natureza, tudo fica um caos, tudo fica em água, tudo está prestes a explodir sob o olhar atento do mestre, que passa por uma espécie de vilão "bon-vivant" meio decadente.
Esse mestre é-nos trazido pelo Oscar Isaac, que depois de "Inside Lewyn Davies", volta a fazer um papel muito acima da média. O pupilo é Gleeson que tem uma presença muito constante, menos espalhafatosa...penso que na fase final do filme podia ter um pico mais dramático.
Depois há Ava... o robot lindíssimo, super cativante e que ao final de uns minutos, mesmo com os fios à mostra, deixa de ser artificial... todos queremos aquele teste, aquelas reuniões íntimas atrás do vidro, vidro que parece desaparecer tamanha é a ligação que se cria entre personagens.
O que é que nos faz seres humanos? É a base da questão... até onde somos diferentes de uma máquina super-evoluída? Qual a linha que nos separa? O que é mais humano ou mais artificial? Encontramos algumas tentativas de respostas neste Filme, alguns caminhos e tudo num ambiente bastante credível, nada totalmente fora da nossa realidade.
Golpes Altos: A relação máquina - ser-humano, Oscar Isaac, a estética, as questões que se colocam.
Golpes Baixos: A "batalha" perto do final, um pouco descabida e de certa forma tirando o ambiente credível até aí...
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
The Wind Rises
Realizador: Hayao Miyazaki
Argumento: Hayao Miyazaki
Actores: Vozes de gajos japoneses
Em conversa com amigos cinéfilos, mencionei a inacreditável eficácia do Miyazaki... É um soberbo criador, um monstro cheio de imaginação e que no momento de operacionalizar, nunca fica abaixo do excelente... é mesmo um dos autores que mais respeito e que mais gosto... Assim de repente: Totoro (o meu favorito), Princesa Mononoke, Viagem de Chihiro, Castelo Andante... é um gajo apaixonante.
Neste Filme ele apresenta um "tom" auto-biográfico, de como ele aparenta ver o sonho da criação, o sonho de um artista...isto centrado na história real de Jiro Horikoshi, um engenheiro que criou caças durante a 2ª Guerra Mundial. Parece uma mistura difícil de conseguir, coloquem esse desafio ao génio do Miyazaki e agora vejam o Filme...
No meio de tudo isto temos uma ligação forte entre 2 personagens, desde o início do Filme e que culmina numa história de Amor que batalhou com diversos contratempos, sempre com detalhes únicos pelo meio, característicos de uma cultura diferente da nossa e bem trabalhados pelo realizador. Tudo parece de porcelana, desde o toque entre eles às brincadeiras menos comuns... uma proximidade constante que para nós latinos parece sempre muito superficial. Será...?
Além disto temos um retrato do que era o Japão nesta altura... um Japão pobre, em crise profunda, mas com uma capacidade intelectual e de trabalho únicas, que os fará sempre voltar ao topo por muito fundo que caiam, um pouco como todos aqueles caças magistralmente concebidos que nunca voltam, mas que a seguir se consegue criar mais um e mais outro ainda mais poderosos e vanguardistas.
Esteticamente não há nada que falhe, nem podia ser, é o Miyazaki... sempre extremamente onírico e capaz de nos fazer salivar pela próxima obra, tenha a idade que tiver, aborde a temática que abordar. Sempre muito coeso mas subitamente rasgado sem medos e sem parecer minimamente datado.
Sim, sou um apaixonado pela obra, pela carreira e por tudo o que vi dele... mas isto não faz com que esteja de todo a elevar as expectativas sem ponderação, muito pelo contrário, não acredito que alguém saia defraudado deste Filme.
Golpes Altos: o contexto histórico, o tal "tom" autobiográfico e todo este imaginário sempre tão criativo que nos alimenta como se voltássemos a ser crianças a acreditar, seja com que idade for, que podemos continuar a sonhar mais e mais sem barreiras.
Golpes Baixos: não saber Japonês, Sou incapaz de ver estes Filmes dobrados noutra língua e por isso o uso das legendas é essencial... tenho receio que percamos muita coisa.
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quarta-feira, 1 de abril de 2015
terça-feira, 31 de março de 2015
Inherent Vice
Realização: Paul Thomas Anderson
Argumento: Paul Thomas Anderson
Elenco: Joaquin Phoenix, Josh Brolin, Owen
Wilson, Katherine Waterston, Reese Witherspoon, Benicio Del Toro
Inherent Vice é o regresso de P.T. Anderson à sátira americana sob
a forma drogada e alucinogénica de Boogie
Nights e Magnolia em contraponto
com o registo mais sério e formal dos últimos There Will Be Blood e The
Master, numa trip de duas horas e
tal em que somos guiados por mil e um caminhos, uns mais sinuosos que outros, e
acabamos a ver os créditos, ouvir Chuck Jackson, e não fazemos a mínima ideia donde estamos.
A descrição e se possível o
redescobrimento do clássico conto americano, metáfora duma nação, dum sonho,
dum estilo de vida, mantém-se como objecto primário na obra do cineasta
californiano, mas aqui deixamos o a eclosão petrolífera do virar de século ou
os traumas do pós-guerra e centramo-nos na viragem dos anos 60 para 70, período
difuso de contracultura, rock, blues, os hippies e droga. Muita droga.
E a erva é sem dúvida a força
motriz da película, inspirada na obra homónima do magnético mas difícil Thomas
Pynchon; aliás, após muito mastigar o filme, a sensação que me fica (e me
agrada) é que o objectivo de Anderson foi mostrar um filme drogado,
interpretado por drogados e dedicado a um público se possível drogado.
Metaforicamente falando, claro
está – quer dizer, de Phoenix desconfia-se –, mas tudo em Inherent Vice se desenrola sob uma neblina cerrada de fumo. Fumaça.
Uma fumaça poderosa e hilariante.
Se é um filme menor que justifique
o relativo anonimato com que passou pelo circuito e sobretudo pela indiferença
que recebeu dos grandes festivais? Não, de todo. Mas isso também não espanta
ninguém.
Porém, não estamos igualmente perante
uma obra maior na carreira de Anderson. P.T. não faz mal mas já criou melhor. É
o preço a pagar por uma fasquia colocada tão alto.
Nota final para o elenco: todo
ele excelente, com um Josh Brolin que rouba quase todas as cenas que
protagoniza e um Joaquin Phoenix que, trabalho após trabalho, nos mostra que
actualmente quase não tem par.
Golpes Altos: Phoenix, o restante
elenco e a direcção de actores. A trama surreal e a forma como nos é
transmitida em modo de trip ganzada.
Golpes Baixos: De tão louco e
destemperado várias vezes sentimos que o filme se vai perdendo. Anderson acaba
sempre por “resgatá-lo” mas há momentos exageradamente difusos e nonsense. Carece dessa ambiguidade genial de Boogie Nights.
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quarta-feira, 25 de março de 2015
First and Final Frames
Exercício giro... 55 Filmes, uma junção dos primeiros e dos últimos frames na mesma tela, ao som do "Plastic Bag Theme" :)
First and Final Frames from Jacob T. Swinney on Vimeo.
Lista de filmes caso vos escapem alguns, uma excelente escolha: The Tree of Life 00:00 The Master 00:09 Brokeback Mountain 00:15 No Country for Old Men 00:23 Her 00:27 Blue Valentine 00:30 Birdman 00:34 Black Swan 00:41 Gone Girl 00:47 Kill Bill Vol. 2 00:53 Punch-Drunk Love 00:59 Silver Linings Playbook 01:06 Taxi Driver 01:11 Shutter Island 01:20 Children of Men 01:27 We Need to Talk About Kevin 01:33 Funny Games (2007) 01:41 Fight Club 01:47 12 Years a Slave 01:54 There Will be Blood 01:59 The Godfather Part II 02:05 Shame 02:10 Never Let Me Go 02:17 The Road 02:21 Hunger 02:27 Raging Bull 02:31 Cabaret 02:36 Before Sunrise 02:42 Nebraska 02:47 Frank 02:54 Cast Away 03:01 Somewhere 03:06 Melancholia 03:11 Morvern Callar 03:18 Take this Waltz 03:21 Buried 03:25 Lord of War 03:32 Cape Fear 03:38 12 Monkeys 03:45 The World According to Garp 03:50 Saving Private Ryan 03:57 Poetry 04:02 Solaris (1972) 04:05 Dr. Strangelove 04:11 The Astronaut Farmer 04:16 The Piano 04:21 Inception 04:26 Boyhood 04:31 Whiplash 04:37 Cloud Atlas 04:43 Under the Skin 04:47 2001: A Space Odyssey 04:51 Gravity 04:57 The Searchers 05:03 The Usual Suspects 05:23
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Duas décadas de Heat
A propósito de Mann, e porque ainda há dias falava sobre ele
com alguns amigos, eis um dos grandes momentos da sua obra maestra.
Tudo no limiar da perfeição: enredo, actores – quando ainda
eram enormes –, diálogos, tensão da narrativa, emoção e emotividade, câmara, técnica (a
célebre luminosidade nocturna), banda sonora.
Acima de tudo este filme é sobre respeito. Isso entende-se
desde início e confirma-se neste majestoso epílogo.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
Blackhat
Realização: Michael Mann
Argumento: Morgan Davis Foehl
Elenco: Chris Hemsworth, Wei Tang, Leehom Wang,
Viola Davis, Holt McCallany, Yorick van Wageningen
O novo filme de Michael Mann é um
exercício formal e estilístico, entre o policial clássico e o thriller cibernético,
que nos deixa frios quando saímos da sala mas que vamos gostando cada vez mais
à medida que as horas passam, reflectimos sobre o mesmo e conseguimos “digeri-lo”.
Mann, cineasta de culto do
policial e do crime film nas últimas
duas décadas – Heat, The Insider, Collateral, Miami Vice ou
até o menor Public Enemies – lança-se
aqui numa trama mais abstracta por assim dizer, com um enredo mais difuso, e
que nos leva para o submundo cibernético, a deep
web, o génio dos hackers e todo o
perigo global que daí advém – algo que por exemplo a segunda temporada de House of Cards alude de forma mais superficial.
É uma realidade e também uma
linguagem desconhecida para a maioria de nós e que pode assim acabar por
afastar algum público, há que admitir. Mas o realizador norte-americano parece
preocupar-se pouco com isso, sente-se inclusivamente alguma obsessão pelo tema –
o detalhe técnico na explicação da explosão nuclear ou no golpe da Bolsa de
Chicago ou os telemóveis, computadores e outros gadgets como principal arma de espionagem, decifração e embuste – e
tem como virtude maior o evitar que a trama discorra para um filme de acção
mais ligeiro e pirotécnico, qual Bond de Roger Moore ou Pierce Brosnan.
A ambiguidade com que Mann vai
mantendo o registo, ilustrando um argumento do presente e do futuro, de hi-tech e guerra cibernética, duma forma
meticulosa e cerebral, é preciosa. Ainda por cima filmada com cenários na sua
maioria crepusculares ou nocturnos (Mann é o “maestro da noite cinematográfica”,
ninguém filma como ele nesse registo), o que aumenta ainda mais o carácter frio
e obsessivo da narrativa. E as principais cenas de confronto, tanto no porto com
Kassar e os seus homens como na cerimónia religiosa com Kassar e Sadak, fazem
parte dessa ambiguidade, com os telemóveis, os computadores e a penumbra e “máscara” do
terrorismo tecnológico a serem substituídos por armas de fogo, facas e confronto corpo a
corpo, olhos nos olhos.
É possível que não chegue a todos
os públicos mas Mann arranca aqui um filme sério, inteligente, extremamente
meticuloso e que se vai entendendo e saboreando melhor à medida que vamos
pensando sobre ele.
Golpes Altos: A ambiguidade que
tolda o corpo do filme, como referido acima – a análise e a desconstrução da película são imperativas. Dos planos à luz, tudo na câmara
de Mann.
Golpes Baixos: O pouco consenso
que o tema gera (o que não tem de ser algo necessariamente negativo). Hemsworth
não vai mal mas não creio que tenha sido a escolha ideal.
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Still Alice
Realização: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Argumento: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen
Stewart, Kate Bosworth, Hunter Parrish, Shane McRae, Stephen Kunken
A maior proeza neste Still Alice,
e o que o torna uma película de qualidade mediana e não só uma demonstração de
virtuosismo de acting de Julianne
Moore, é o facto das outras personagens não serem somente adendas ao texto. Não
são só poeira à volta, jogadores com quem Julianne faz tabelas. São mais do que
isso, são pessoas de carne e osso, a quem o Alzheimer da matriarca familiar
afecta, e muito, mas que não têm outra solução senão “go
on with their lives”.
O filme não flui para aquilo que
seria previsível, um melodrama cliché em que a encenação de Moore, a
banda-sonora e os planos nos levassem de lágrima em lágrima até à catarse
final; acaba antes por narrar paulatinamente a evolução da família de Alice, as
suas decisões, as suas conquistas – a fertilização in vitro de Anna e Charlie, as primeiras conquistas teatrais de
Lydia e a altruísta e humana decisão de voltar a Nova Iorque para cuidar da mãe,
a proposta da clínica privada em Minnesota que John não pode ignorar nem
recusar –, paralelamente à evolução da doença da mãe, mulher e amiga, e da sua
luta diária.
Assim, e mesmo não arrancando
daqui uma peça extraordinária, Richard Glatzer e Wash Westmoreland conseguem,
nesta adaptação da recente obra homónima da neurocientista Lisa Genova, que o
seu filme tenha uma estrutura e uma história de verdade que alicerce a odisseia
decadente de Alice. Porque quando assim não é, e a história fica reduzida à
performance individual, regra geral o filme é menos filme.
Quanto a Julianne, nada do que
não tenha sido dito e escrito nos últimos meses: um dos melhores desempenhos da sua
carreira (e não foram poucos), conferindo à sua Alice uma aura de fragilidade e
desespero contidos, sempre amparados numa razão, numa sagacidade e numa
abertura de espírito que (quase) sempre se sobrepõem e que a fazem ver com
clareza que aquela luta é desigual mas tem de ser travada. Quanto mais não seja
para que os últimos momentos sejam menos cruéis. E é curioso que mesmo quando
desiste, no momento em que tenta suicidar-se – momento esse pré-concebido pela
tal racionalidade –, seja o destino a não querer que Alice sucumba perante o
fatalismo e a desistência.
Golpes Altos: Julianne Moore. É uma
agradável surpresa que o filme não se cinja a ela mas o seu papel é o corpo e a
alma. Excelente. Kristen Stewart tem uma performance séria e consistente – gosto dela e julgo que tem futuro, vá lá perceber-se. A capacidade dos realizadores
em darem “alma” às restantes personagens, em redor e em paralelo a Alice.
Golpes Baixos: Gosto muito de
Alec Baldwin para determinados papéis mas aqui parece-me deslocado – a pinta
de “carapau de corrida” é excessiva. A falta de ambição (ou capacidade)
narrativa, na ambiguidade dos diálogos, para elevar o filme a outro nível.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Conversas de Café - Para quando outro 2007?
Em conversa com o JPFerreira e outros cinéfilos, falámos do ano fraco que foi 2014 em termos de Cinema, sendo que tem sido mais ou menos comum... isto na habitual ressaca dos óscares.
"O BoyHood está acima de todos os outros, mas só ele ou o Birdman podiam ganhar... talvez o Whiplash como surpresa... mas quando um está mesmo muito acima, tem de ganhar... e não ganhou".
O resumo foi mais ou menos este... sendo que em nota de rodapé colocou-se o Leviathan lá no topo também, e quem não viu que veja... porque é um assombro...
Ora, logo a seguir lembrámo-nos daquele que terá sido um dos melhores anos de sempre na produção de obras épicas e de boas obras. 2007...
Lembrámo-nos logo da batalha de gigantes nos óscares, entre o No Country For Old Man (enorme Filme), e o There Will Be Blood (o melhor Filme dos últimos 15 ou 20 anos...). Ora... não satisfeitos, um dos nossos amigos ainda se lembrou de outro que EM NADA fica atrás destes dois, e que nem se falou muito: The Assassination of Jesse James, by the Coward Robert Ford.
Até aqui já tínhamos percebido que tinha de facto sido um ano anormal...
A seguir o Wikipédico JPFerreira juntou mais estes:
- Eastern Promises
- In the Valley of Elah
- The Diving Bell and the Butterfly
- Michael Clayton
- Juno
- The Savages
- Charlie Wilson's War
- Gone Baby Gone
- I'm Not There
- American Gangster
- Ratatouille
- Persepolis
- La Graine et le Mulet
- 4 Months, 3 Weeks and 2 Days
- Funny Games
A seguir eu próprio fui buscar mais uns quantos:
- Superbad (das minhas comédias do coração dos últimos muitos anos)
- Into the Wild (que nem adoro mas é bom)
- Zodiac
- 3:10 to Yuma
- Sunshine
- The Darjeeling Limited
- Torpa de Elite
- The Visitor
- Control
- Lars and the Real Girl
- Before the Devil Knows Your Dead
Enfim... basicamente temos épicos eternos, misturados com enormes Filmes e ainda bons Filmes...
Melhor ano de sempre?
"O BoyHood está acima de todos os outros, mas só ele ou o Birdman podiam ganhar... talvez o Whiplash como surpresa... mas quando um está mesmo muito acima, tem de ganhar... e não ganhou".
O resumo foi mais ou menos este... sendo que em nota de rodapé colocou-se o Leviathan lá no topo também, e quem não viu que veja... porque é um assombro...
Ora, logo a seguir lembrámo-nos daquele que terá sido um dos melhores anos de sempre na produção de obras épicas e de boas obras. 2007...
Lembrámo-nos logo da batalha de gigantes nos óscares, entre o No Country For Old Man (enorme Filme), e o There Will Be Blood (o melhor Filme dos últimos 15 ou 20 anos...). Ora... não satisfeitos, um dos nossos amigos ainda se lembrou de outro que EM NADA fica atrás destes dois, e que nem se falou muito: The Assassination of Jesse James, by the Coward Robert Ford.
Até aqui já tínhamos percebido que tinha de facto sido um ano anormal...
A seguir o Wikipédico JPFerreira juntou mais estes:
- Eastern Promises
- In the Valley of Elah
- The Diving Bell and the Butterfly
- Michael Clayton
- Juno
- The Savages
- Charlie Wilson's War
- Gone Baby Gone
- I'm Not There
- American Gangster
- Ratatouille
- Persepolis
- La Graine et le Mulet
- 4 Months, 3 Weeks and 2 Days
- Funny Games
A seguir eu próprio fui buscar mais uns quantos:
- Superbad (das minhas comédias do coração dos últimos muitos anos)
- Into the Wild (que nem adoro mas é bom)
- Zodiac
- 3:10 to Yuma
- Sunshine
- The Darjeeling Limited
- Torpa de Elite
- The Visitor
- Control
- Lars and the Real Girl
- Before the Devil Knows Your Dead
Enfim... basicamente temos épicos eternos, misturados com enormes Filmes e ainda bons Filmes...
Melhor ano de sempre?
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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Oscars 2015 - Querer ou Ganhar?
Vamos deixar-vos aqui o que são as nossas escolhas de melhores do ano nalgumas categorias, e ao mesmo tempo dizer os que achamos que vão ganhar... porque como poderão ver não é bem a mesma coisa :)
PS: dá para notar que o João viu o Boyhood ontem... e isso é impossível não influenciar tudo... eu vi há algum tempo e sei precisamente o que ele está a sentir... para mim o Boyhood em teoria devia ganhar TUDO de uma ponta à outra... é DE LONGE o melhor Filme do ano e é MARAVILHOSO. Deixa-nos com tudo à flor da pele... mas até isso é giro, um gajo que amou o Boyhood mas viu-o há umas valentes semanas, e outro que o viu ontem... Resultados:
MELHOR FILME
American Sniper
Birdman
Boyhood
The Grand Budapest Hotel
The Imitation Game
Selma
The Theory of Everything
Whiplash
B:
Quero – Boyhood
Ganha – Birdman
Obs: O Boyhood é o filme do ano… e é um prémio
merecido quase como carreira para o Linklater. Andou a construir histórias
reais ano após ano, a contá-las como se fossem nossas, e neste Filme aingiu o
pico. Este prémio devia ser dele. Vai ser do Birdman porque é o Filme da moda,
mais hollywood... um ou outro, não serão os comuns vencedores deste prémio,
valha-nos isso.
JPFerreira:
Quero – Boyhood
Ganha – Boyhood
Obs: Ponto prévio: dos nomeados ainda não vi Selma e The Theory of Everything mas também não me parece que nenhum entre
para estas contas.
Boyhood é de longe o melhor filme que vi este ano
(apenas Leviathan se aproxima), uma
epopeia delicada e subtil sobre o crescimento, as transformações, a importância
do que vivemos, recordamos ou apagamos, e continuamos a viver. A vida como ela
é, exposta com uma beleza rara. Tem ganho praticamente todos os principais
prémios e ainda bem. Pode ser que a Academia desta vez acerte.
REALIZAÇÃO
Wes Anderson (The Grand Budapest
Hotel)
Alejandro González Iñárritu
(Birdman)
Richard
Linklater (Boyhood)
Bennett Miller (Foxcatcher)
Morten Tyldum (The Imitation Game)
B:
Quero – Alejandro González Iñárritu (Birdman)
Ganha – Alejandro González Iñárritu (Birdman)
Obs: E porque para mim não faz sentido o melhor Filme
andar sempre de mão dada com o melhor Realizador... não faz mesmo... este ano é
um caso desses. O Iñárritu foi o melhor Realizador. Um assombro tecnicamente...
Merece este prémio e acho que o ganha.
JPFerreira:
Quero – Richard Linklater
Ganha – Richard Linklater
Obs: Quero lá saber dos malabarismos com a câmara, dos
cortes e dos planos sequenciais ou dos maneirismos do Iñárritu – o que ele fez,
ou tentou fazer, já outros fizeram e melhor. Para mim é simples: o Melhor
Realizador deve ser aquele que melhor transmita, através duma obra (se possível
de arte), o objectivo a que se propôs. Seja através de tecnicismos assombrosos,
da beleza da imagem e ou da simplicidade dos diálogos e da mensagem. Iñárritu,
no que se propôs, fez um filme de 6,5; Linklater, no que se propôs, criou uma
obra-prima de 9.
MELHOR ACTOR
Steve Carell, (Foxcatcher)
Bradley Cooper, (American Sniper)
Benedict Cumberbatch, (The
Imitation Game)
Michael
Keaton, (Birdman)
Eddie
Redmayne, (The Theory of Everything)
B:
Quero – Michael Keaton
Ganha – Eddie Redmayne
Obs: Incrível o papel do Keaton. Todos achávamos que
ele não valia nada e olha... o Redmayne é uma espécie de Russel Crowe na Mente
Brilhante... giro, mas já visto, muito visto mesmo.
JPFerreira:
Quero – Steve Carell
Ganha – Eddie Redmayne
Obs: Gostei do Keaton mas fico com o Carell. Papel
poderoso, bruto, assustador até. Fazer de louco histérico é mais acessível,
personificar uma mente perturbada mas incrivelmente contida é sempre mais
difícil. E Carell fá-lo duma forma maestra, encabeçando um trio de actores que
está excelente em Foxcatcher. Dito
isto, Redmayne é o grande favorito, pelo que me disseram faz um papelão,
oscarizável como tudo mas papelão, pelo que duvido que a estatueta lhe escape.
MELHOR ACTRIZ
Marion Cotillard (Two Days,
One Night)
Felicity Jones (The Theory of
Everything)
Julianne
Moore (Still Alice)
Rosamund
Pike (Gone Girl)
Reese Witherspoon (Wild)
B:
Quero – Julianne Moore
Ganha – Julianne Moore
Obs: Está mais que entregue. Nem preciso argumentar.
Papel gigantesco.
JPFerreira:
Quero – Julianne Moore
Ganha – Julianne Moore
Obs: A nova Meryl? Still
Alice é a oportunidade perfeita de ver uma actriz de geração no total e
absoluto controlo das suas capacidades, no “topo do seu jogo”. Embora em pólos
distintos, Julianne Moore faz aqui o mesmo que Cate Blanchett fez há um ano com
a sua Jasmine: personagem “grande”, à medida; interpretação brilhante, sem
falhas. Como diz o B, está entregue.
MELHOR FOTOGRAFIA
Emmanuel Lubezki, (Birdman)
Dick Pope, (Mr. Turner)
Robert
D Yeoman, (The Grand Budapest Hotel)
Ryszard
Lenczewski and Łukasz Żal, (Ida)
Roger Deakins, (Unbroken)
B:
Quero – Robert D Yeoman, (The Grand Budapest Hotel)
Ganha – Emmanuel Lubezki, (Birdman)
Obs: Adoro a fotografia do filme do Wes Anderson. De
todos... e neste acho que ele foi mais longe ainda nas suas taras estéticas...
No entanto, cheira a Birdman por todo o lado.
JPFerreira:
Quero – Robert D Yeoman, (The
Grand Budapest Hotel)
Ganha – Emmanuel Lubezki, (Birdman)
Obs: Concordo absolutamente com o B. Conceptualmente
os filmes do Wes Anderson tendem a ter uma fotografia maravilhosa, é uma das
suas grandes forças, e neste realmente parece que ainda voou para toda uma nova
direcção. Mas esta categoria técnica parece-me que premiará o Birdman.
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Robert Duvall (The Judge)
Ethan Hawke (Boyhood)
Edward Norton (Birdman)
Mark
Ruffalo (Foxcatcher)
JK
Simmons (Whiplash)
B:
Quero – JK Simmons
Ganha – JK Simmons
Obs: Está mais que entregue, papel de uma vida.
JPFerreira:
Quero – JK Simmons
Ganha – JK Simmons
Obs: Gostei muito dos quatro restantes actores
nomeados e qualquer um deles – sobretudo Ruffalo e Hawke – merecem mais o
prémio do que Simmons. Incoerente? Não, explico-me: Fletcher não é uma
personagem secundária, isso é uma barbaridade que só a Academia podia
proporcionar-nos. É tão o centro nevrálgico de Whiplash como o Andrew de Miles Teller. Se não mais. É um papel de
carreira e é principal. Ainda assim, vencedor óbvio na categoria em que o
colocaram.
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Patricia
Arquette (Boyhood)
Keira Knightley (The Imitation
Game)
Emma Stone (Birdman)
Meryl Streep (Into The Woods)
Laura Dern (Wild)
B:
Quero – Patricia Arquette
Ganha – Patricia Arquette
Obs: Ano fraco neste prémio. A Arquette é mesmo a
melhor de todas, penso que não há muitas dúvidas.
JPFerreira:
Quero – Patricia Arquette
Ganha – Patricia Arquette
Obs: Nenhum nome incrivelmente destacável. Gostei da
Emma Stone (não vi a Meryl e a Laura Dern, em boa verdade) mas o desempenho da
Patricia Arquette eleva-se. Keira Knightley? A sério?
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Alejandro González Iñárritu, Nicolas Giacobone,
Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo (Birdman)
Richard
Linklater (Boyhood)
Foxcatcher (E. Max Frye and
Dan Futterman and Bennett Miller Screenplay)
Wes Anderson and Hugo Guinness
(The Grand Budapest Hotel)
Dan Gilroy (Nightcrawler)
B:
Quero – Foxcatcher (E. Max
Frye and Dan Futterman and Bennett Miller Screenplay)
Ganha – Wes Anderson and Hugo
Guinness (The Grand Budapest Hotel)
Obs: O Filme do Wes Anderson vai ter de ganhar
qualquer coisa, acho que será este o prémio... No entanto, o Foxcatcher para
mim é o melhor destes todos... até seria o Nightcrawler, mas aquele fim
estragou tudo...
JPFerreira:
Quero – Richard Linklater (Boyhood)
Ganha – Richard Linklater (Boyhood) OU Alejandro
González Iñárritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo
(Birdman)
Obs: O mais admirável em Boyhood, para lá da ternura com que a história é contada, não é o
seu próprio conceito? Ou seja, não é a originalidade e a magnitude da ideia e
consequentemente do projecto? Logo, não veria forma do Argumento Original não
ser merecidamente de Linklater. Todavia, aqui temo um assomo de “invenção de
algibeira” da Academia, premiando a ideia incandescente e mirabolante do
mexicano.
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Jason Hall (American Sniper)
Graham Moore (The Imitation
Game)
Anthony
McCarten (The Theory of Everything)
Paul Thomas Anderson (Inherent
Vice)
Damien Chazelle (Whiplash)
B:
Quero – Damien Chazelle
(Whiplash)
Ganha – Graham Moore (The
Imitation Game)
Obs: 10-0 aos outros todos o do Whiplash... tudo bem
feito, tudo bem construído, tudo a crescer como tem de crescer... perfeito. No
entanto, acho que um dos filmes mais fracos do ano vai ganhar este prémio. É o
típico caso da 2ª guerra ganhar óscares.
JPFerreira:
Quero – Damien Chazelle
(Whiplash)
Ganha – Anthony McCarten (The
Theory of Everything)
Obs: Uma vez mais concordo com o B, o Whiplash e
Chazelle mereceriam este prémio mais do que ninguém, até porque só está na
categoria de Argumento Adaptado porque advém duma curta com o mesmo nome, com o
mesmo tema e do mesmo realizador. Ou seja, no fundo falamos dum argumento original.
No entanto também acho que será premiado um típico melodrama, nomeadamente The Theory of Everything, que
inclusivamente já venceu o BAFTA.
MONTAGEM
American Sniper
Boyhood
The
Grand Budapest Hotel
The Imitation Game
Whiplash
B:
Quero – Whiplash
Ganha – Boyhood
Obs: Desculpa Linklater, nem imagino o que terá sido
montar tanto filme... e por isso vais ganhar o óscar. Mas a edição do Whiplash
é o estrondo do ano para mim.
JPFerreira:
Quero – The Grand Budapest Hotel
Ganha – Boyhood OU Whiplash
Obs: Tal como com a fotografia, a montagem dos filmes
do Wes Anderson deixa-me completamente extasiado. É brutal. Mas não me parece
que saia vencedor, provavelmente será o Boyhood.
Embora o Whiplash já tenha vencido o
BAFTA, daí a minha dúvida.
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Ida
(Poland)
Leviathan (Russia)
Timbuktu (Mauritania)
Wild Tales (Argentina)
Tangerines (Estonia)
B:
Quero – Ida
(Poland)
Ganha – Ida
(Poland)
Obs: Admito que está aqui porque o vi e porque o
adorei...
JPFerreira:
Quero – Leviathan (Russia)
Ganha – Leviathan (Russia)
Obs: Daqui vi três: Relatos salvajes/Wild Tales é
mediano, não acrescenta muito; Ida é muito bom mas até é de 2013, não entendo
muito bem porque foi agora nomeado; mas Leviathan, como disse acima, é para mim
o segundo melhor filme do ano. Uma pedrada no charco. Feroz, agreste, desumano
quase. Ao nível dos anteriores de Zvyagintsev – que caminha para um dos meus
realizadores de culto, como um Audiard.
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