quinta-feira, 9 de maio de 2013

Guilty Pleasures - Big Trouble in Little China (Jack Burton nas Garras do Mandarim)

Realização: John Carpenter
Argumento: Gary Goldman
Elenco: Kurt Russell, Kim Cattrall e muitos Chineses


Quem sabe o que é um chinese stand-off? Quem acredita em magia negra, verde e laranja? Quem acorda todos os dias feliz por não ter nascido de olhos verdes? Quem continua a acreditar que manga-cava vai bem com botas pelo joelho? Certamente alguém que, como eu, cresceu a ver Kurt Russell a salvar o dia. Alguém que sente o perigo iminente, quando dois feiticeiros ancestrais lutam por duas boazonas e o resultado é... BIG TROUBLE, IN LITTLE CHINA!

Estamos, sem dúvida nenhuma, perante uma rara peça de cinema de entretenimento. Rara no sentido de especial, e especial no sentido de "Ah... o Joãozinho é um menino muito especial...". O próprio Jack Burton é uma espécie de "Joãozinho", que é largado no meio de um conflito com mais de 2000 anos e aguenta o filme todo sem nunca perceber muito bem o que raio se está a passar, mas entusiasmado com a possibilidade de, no fim do dia, conseguir trincar uma das duas boazonas. Big Trouble in Little China consegue a fantástica proeza de enfiar no mesmo filme dois dos piores actores de sempre - Kurt Russell e Kim Cattrall - e conseguir construir as duas personagens para que, no fim do filme, não consigamos imaginar mais ninguém a interpretá-las.

Ao fim ao cabo, Big Trouble tem tudo: porrada chinesa, monstros apáticos, comic reliefs - normalmente pela mão de Kurt Russell - gajas boas (para os meninos), Kurt Russell no auge do seu esplendor físico (para as meninas - desculpem o tom irónico), aquele chinês estrábico que aparece nos filmes todos, chineses com óculos de sol totalmente tapados que não se percebe como é que vêm alguma coisa, chineses que mandam raios, chineses que gritam, chineses, chineses, CHINESES!

Ok... agora que deixámos bem claro a quantidade astronómica de chineses que entram neste filme, passemos aos homens por detrás da cortina. São eles John Carpenter e Gary Goldman. John Carpenter é o demente realizador responsável por clássicos como Escape from L.A. e Christine, a história de um carro assassino com nome de mulher - sim, é isso mesmo. Quanto a Gary Goldman, o nosso afamado argumentista, é nada mais, nada menos que o criador do clássico futurista Total Recall - isto explica os monstros bizarros que Jack Burton tem que enfrentar, e o chinês que a meio do filme decide desatar a inchar que nem peixe balão e explodir sem qualquer tipo de explicação ou efeito prático.

E pronto, assim se faz um grande Guilty Pleasure, que entretém os filhos bastardos da geração de '80 e os seus gostos bizarros, enquanto nos proporciona uma grande dose de sabedoria oriental no mínimo duvidosa, e a possibilidade de fantasiarmos com Kim Cattrall antes de estragar tudo com 'Sexo e a Cidade'.


Golpes Altos: Toda a indumentária de Kurt Russell, e todos os links que tão gentilmente espalhei por este post (de nada!!!).

Golpes Baixos: Toda a indumentária de Kurt Russell...

11 comentários:

  1. Esse filme é icónico, naquilo que se define como um "Oh não isto é tão mau, espera lá não é mau, é fenomenalmente mau e, sendo assim, já é bom".

    Vi isso no cinema, na TV e, obviamente tenho o DVD. Os bitaites ocos de valentão oco do Kurt Russel são épicos e as "cenas" de luta são um misto de heróis de Shaolin e comédia.

    No entanto, ao referir o Carpenter, apaga lá o Escape from LA das referências (esse já só é mau, não chega a dar a volta), pois para isso mais te vale ir ao seu Escape from NY, ao The Fog ou até ao The Thing.

    Sim, sou fã do tio John, não como mestre do cinema, mas mais como criador de ficção que nos fica na memória, mesmo que não seja pela qualidade.

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    1. Eu não desgosto do Escape from L.A..... é um daqueles filmes horríveis que, por algum motivo, cresci com ele a dar na televisão. O meu cérebro habituou-se lol Mas sim, o Escape from NY é melhorzinho. Quanto ao The Fog e ao The Thing, nunca os vi... mas agora que dei uma vista de olhos no imdb, confesso que fiquei com algum vontade!

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    2. A cena do surf, mais pela falta de meios técnicos do que pela falta de credibilidade, causa-me demasiada urticária no Escape from LA, mas aceito que quando um gajo cresce com certas fitas na cabeça, é difícil tirá-las de lá.

      Referi o Fog e o The Thing, porque ambos já tiveram remakes recentes, com acesso a tecnologia e, mesmo assim, não são melhores que o original (embora haja um ângulo de um remake do The Thing que é engraçado, já que é o mesmo tema, mas abordado por outros gajos que são referidos no filme original mas não entram).

      Em termos de crashes científicos, o pós-apocalíptico também é sempre interessante para ver/gostar/malhar, indo do Waterworld á Fuga de Absolom, até aos Book of Eli's da vida :)

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  2. OBRIGADO! Melhor "guilty pleasure" neste blog!!
    Sr(a). "Texas" buddy, faz lá umas reviews imparciais (como só tu sabes ser) sobre o Dune. Não como guilty pleasure, claro.

    E já agora do Blade Runner?

    Sabes ;)

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    1. Ahahah este foi feito de encomenda, mas não contes comigo para falar do Dune nem do Blade Runner. O primeiro porque ainda não criámos nenhuma rubrica "Golpes de Merda", o segundo porque não é altamente sobrevalorizado.

      Mas prometo que, se algum dia estrearmos a rubrica "Golpes de Merda", vou abri-la com o "The Man from the Earth". Pinky promise!

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