segunda-feira, 6 de maio de 2013

Spring Breakers

Realização: Harmony Korine
Argumento: Harmony Korine
Elenco: James Franco, Selena Gomez, Ashley Benson e Vanessa Hudgens


São tempos tristes, estes que vivemos. Não por existirem festas, álcool, drogas, música electrónica, sexo descomprometido ou violência - isso já existia, não é de hoje. E nada disso me incomoda, nada disso me choca, já nasci na geração das drogas brancas e da música a metro. Os tempos tristes, a meu ver, derivam de se fazerem filmes como este.

Onde Spring Breakers falha, é precisamente onde quer acertar - na crítica. O mais recente filme de Harmony Korine peca por pegar num tema sem interesse, em gente sem interesse, num cenário sem interesse e tentar dar-lhe uma suposta profundidade que a falta de qualidade do argumento e dos actores não consegue suportar. Os Spring Breakers de Harmony Korine depositam nesta viagem de finalistas todos os seus sonhos e aspirações, toda a sua (falta de) profundidade religiosa, todo o seu espírito aventureiro - mas, citando um famoso filósofo do século passado, "a vida não é um filme, boy", e os jovens que partem todos os anos para as viagens de finalistas não vão com o coração cheio de entusiasmo por verem coisas novas, não vão inundados por um conceito distorcido de "sonho americano", vão simplesmente para - pardon my french - se foderem todos. Para se encharcarem em drogas e álcool e foderem o maior número de miúdas/miúdos possível. Esta é a cruel verdade. E não vejo mal nenhum nisso, mas também não vejo motivo para se fazer um filme.

Harmony Korine já me tinha tentado provar que era uma pessoa desinteressante. Tanto Gummo, como Mister Lonely são filmes sobre realidades sórdidas que eu não conheço, sobre os filhos bastardos dos EUA - aqueles que nasceram na parte de trás de uma auto-caravana, fruto do amor proibido do seu tio com a sua mãe. São temas que não me interessam, de gente que prefiro acreditar que não existe, abordados de uma forma pouco brilhante - para ser simpático. Agora deixou os seus freaks para trás, e foi buscar 4 canhões e, claro, o James Franco. Dos 4 canhões, apenas 2 existem de facto - as outras duas servem para mostrar o cu e as mamas - e o James Franco é uma triste tentativa de fusão de um Bobby Peru com um Drexel, mas faltando-lhe o talento tanto de Willem Dafoe como de Gary Oldman, ficando apenas uma personagem fraca na qual não se percebe onde a estupidez do guião acaba e a estupidez de Franco começa.

Resumindo, Spring Breakers não é um péssimo filme, porque não dá sequer espaço para isso. É simplesmente um filme que goza consigo próprio ao espelho, caindo nos mesmos erros da realidade que tão mediocremente tenta criticar.


Golpes Altos: Banda sonora bem encaixada, algumas cenas davam excelentes videoclips. Muitos cus e muitas mamas (mas, estranhamente, muito pouco sexo). Selena Gomez e Vanessa Hudgens são  fortíssimas!

Golpes Baixos: Realização boa para um videoclip da MTV. Cenas narradas lembram uma espécie de Malick, caso este tivesse nascido com meio neurónio. James Franco és mau, mau, mau. Selena Gomez e Vanessa Hudgens deviam voltar pro Mickey Mouse Club... mas agora se calhar é tarde de mais...

4 comentários:

  1. Nem vi o filme, mas o texto está muito bom. Continua.

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  2. Basta ver o elenco para me decidir a não ver, nem entrando no pressuposto do filme.
    Não sei onde é que a malta errou no caminho, também não sinto que na minha altura fosse muito melhor, mas custa-me esta banalização excessiva de falta de "tudo". Acredito que este filme falhe no seu "propósito", porque quem o irá ver são exactamente os miúdos aí retratados. Uma espécie de círculo de inaptidão da transmissão de uma mensagem.

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    1. é precisamente isso... o filme ainda é mais vazio que a geração que retrata. epah e o James Franco é tão mau actor que dá pena...

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