quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

The Master



Realizador: PT Anderson
Argumento: PT Anderson
Actores: Joaquin Phoenix, Philip Seymor Hoffman, Amy Adams

Para mim o PT Anderson é dos realizadores mais fortes que o cinema tem hoje em dia. 
Agarrou-me com o Boogie Nights, apaixonou-me com o Magnolia (onde podemos ver o melhor papel de SEMPRE do anão dos aliens chamado Tom Cruise), trouxe-me a uma realidade bem interessante com o Punch Drunk Love e... claro... foi autor da maior obra feita para cinema nos últimos 20 anos... There Will Be Blood onde vemos o melhor actor vivo (e claramente dos melhores de sempre) no seu auge.

Agora traz-nos o The Master e... que filme poderoso novamente.

Estamos perante uma obra com uma intensidade dramática muito relevante logo de início. É um filme que percebemos ser especial logo aí. A intensidade que ele nos transmite quando nos dá a conhecer um personagem seu é uma imagem de marca e aqui isso nunca falha. 

Dá-nos a conhecer o alcoólico incorrigível interpretado de forma magistral pelo Joaquin Phoenix (e que actor que ele se tem revelado...) e pensamos que a personagem central do filme vai gerir os picos dramáticos do mesmo... Ora, quando nos apresenta o Mentor também interpretado de forma soberba pelo Philip Seymor Hoffman (o melhor actor secundário de sempre?) apercebemo-nos que não é bem assim e esse início de 2º acto dá uma volta ao texto que nos agarra completamente.

Por vezes quase me senti perdido com o caminho que o filme estava a levar, tinha zero feedback da história (vi no festival de cinema de Lisboa e Estoril) e assustei-me, pensei que talvez pudesse vir a quebrar no que toca a linha de raciocínio ou até da narrativa. Mas não passou disso mesmo, de um susto... o sacana do PTA prende-nos com os detalhes e quando damos por nós já estamos completamente dentro daquela história baseada em crenças (que todos temos), em líderes bem falantes (que todos conhecemos e alguns até seguimos) e em experiências novas de entrega total (que muitos de nós não teria sequer coragem de viver).

Eu sou herege... Daqueles que eram queimados noutros tempos ou apedrejados hoje em dia noutros países. Este filme parece que de uma forma ou de outra vem reforçar essa minha descrença em líderes/crenças absolutos/as sejam eles/as imaginários/as ou vestidos/as de robe vermelho.

Esta história mostra que o alimento que "enche" qualquer crença ou religião é de facto o desespero, um mau momento, um momento em que alguém se sente perdido e encontra ali uma solução, um penso rápido, algo que o protege e de certa forma o faz ver que há um mundo melhor ou alguém que o diz compreender. Mas não há! O mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas e depende sempre só de nós... O caminho? Não vai ser o gajo de robe ou de barbas brancas que te vai indicar... 

Enfim, estou-me a perder numa discussão que no fundo até vai para além do filme, filme esse que tem a particularidade de viver plenamente sem sequer pensarmos nessa mesma discussão. Ele vive por si e a história está tão bem contada que conseguimos perceber todos os momentos em que ela decide mudar de direcção.

Tudo bem feito naquele que é para mim o filme do ano. Ainda não vi o Amour (preciso de tempo para me preparar) mas até agora é este.


Golpes Altos: Interpretações completamente fabulosas. Realização de um Senhor do cinema moderno.
Golpes Baixos: O cartaz é péssimo... Outro golpe baixo é o facto de não poder ser eu a andar naquelas motas naquelas pistas de sal.
Golpes Coiso e Tal: A Amy Adams é mesmo muito boa actriz.

18 comentários:

  1. Um dia destes temos de ter uma conversa sobre crenças e releigião e fé e cenas. E TENS de ver o Amour!!! Já chega de adiar!

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  2. Filmaço! Eles 'tão os três no seu pico. Acho que nunca vi nenhum deles a fazer melhor papel que o que fazem aqui.

    Senhor do robe vermelho e barbas brancas? Espero que não te estejas a referir ao Pai Natal... Quem é que achas que te dá as prendas oh burro? Algumas sou eu, porque o tribunal assim o decretou, mas a maioria são ele!

    PS - Amy Adams cum caralho! Que senhora!

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  3. Não sei quem é a Ruiva mas concordo com tudo. Um gajo que não acredita em nada? Isso é coisa de comuna!!!

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  4. Está na lista para este fim de semana!
    O Magnolia é realmente apaixonante, já o vi e revi e revi. E por falar do There Will Be Blood e claro, do Daniel Day-Lewis, espero que já tenhas ido ver o Lincoln! Que brutal caracterização! ;)

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  5. Comuna oh buddy da boina?

    O robe com que o Hoffman aparece neste filme é histórico.


    PS: eu acredito no Justin Bieber...

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  6. Cof cof, não sei do que falas...

    PS - não acreditamos todos?

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  7. Paul Thomas Anderson é, e o B. sabe-o bem, o meu realizador favorito da "nova vaga" norte-americana. Vai na 6ª longa-metragem (em todas assina realização e argumento original ou adaptado) e simplesmente não há falhas na carreira. De Hard Eight/Sydney a The Master, filmografia em crescendo, pensada, contada de forma séria e meticulosa, abordando temáticas distintas duma forma brilhante, movendo-se como um mestre pelo thriller, a comédia sarcástica, o filme-mosaico, o épico. Ódio, obsessão, sexo, possessão, amor, paixão, despotismo, loucura, sarcasmo, despudor, tudo é utilizado por P.T. Anderson numa forma e num corpo narrativo pungente e muitíssimo próprio.
    There Will Be Blood é, muito provavelmente e como foi dito no texto, a melhor ou pelo menos mais completa e complexa obra cinematográfica dos últimos 10/15 anos do cinema norte-americano. E sobre Day-Lewis já tudo foi dito. É o expoente máximo da magnífica direcção de actores que P.T. Anderson explora nos seus filmes - mais uma das muitas virtudes do realizador californiano.
    The Master, apesar de não chegar a esse ponto de perfeição, é um filme soberbo e dos mais difíceis de digerir que tenho visto nos últimos tempos. Aliás, julgo até que ainda estou a absorver todo o rol de sensações e pensamentos que o filme nos deixa. E já lá vão mais de 72 horas desde que o vi.
    Phoenix não vai ao Óscar porque existe Day-Lewis mas tem um papel assombroso, Seymour Hoffman é um animal (nada que não soubessemos!) e Adams dá mais um passo de importante numa das carreiras melhor cimentadas duma actriz norte-americana nos últimos anos.

    P.S. - A banda-sonora de Jonny Greenwood, tal como já tinha acontecido em There Will Be Blood, é magistral. (Tinha de dizer isto, só uma mente Radiohead seria tão convulsa como estes filmes!)

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  8. A banda-sonora é incrível! Não percebo nada de música, e sempre achei que não gostava de música contemporânea experimental-minimalista coiso, mas neste filme a coisa realmente resulta.

    Só não percebo onde queres chegar com "Phoenix não vai ao Óscar porque existe Day-Lewis". Sinceramente, não só não acho a interpretação do Lincoln nada do outro mundo, como acho a do Phoenix uma das melhores das últimas décadas (lado a lado com a de Day-Lewis no There Will Be Blood. O facto do Phoenix não limpar os prémios TODOS este ano é um exemplo claro da politização e sincera falta de gosto da Academia e da maioria dos grandes festivais de cinema da actualidade. Palhaçada maior só o Jesse James não ter sido sequer nomeado para nenhum dos óscares principais. THE SHAME!

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Quando digo isso não é porque acredito que é merecido, é somente por ser um facto irrefutável.
    Day-Lewis vai ganhar porque regra geral ganha quando é nomeado. Perdeu para um Tom Hanks num Philadelphia muito tocante numa altura em que a SIDA era actual e temida e a homossexualidade assumida começava a deixar de ser questão tabu e para um Brody que é o "filme inteiro" em The Pianist, o que não era o caso do britânico e o seu Billy, The Butcher em Gangs of New York (apesar de excelente, o filme não é ele, nem sequer é a personagem central ou principal, por assim dizer).
    Agora neste caso, quando faz de uma das maiores lendas e símbolos da história norte-americana? E de uma forma "clean", perfeitinha, com um olhar vago de homem pensador, um tom de voz soturno e paternal e um sotaque sulista a roçar perfeição? Buddy, está no papo, não há hipótese.
    E atenção, repito, não digo que seja ou não merecido, saí do cinema emocionado com o papel do Phoenix, comentei inclusive com o B.; mas uma coisa é o que julgo ser ou não merecido, outra distinta é o que tenho praticamente a certeza de que irá acontecer.

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  11. Ah pois, lá garantido é. Sendo assim, podeis ir em paz! Ah tenho outra coisa a acrescentar: Ontem comecei a ver o Lincoln com o intuito de fazer aqui a review e adormeci. Posso vir a muda radicalmente de ideias, mas a minha primeira impressão é: Ca granda seca caralho!

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  12. buddy, não te armes em Mourinha! Vê o filme primeiro pah...

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  13. Vou ver, vou ver... mas pah tava-me a aborrecer TANTO. O cabrão do Lincoln falava que se fartava. Ele fala, fala, fala e às tantas só oiço "13th amendment" e "abolish slavery". Tudo bem, eu percebo que seja um filme que diga muito aos Americanos. Mas para mim tava só a ser chato e desinteressante. Já sei a história toda do Lincoln e... newsflash... pode ser contada em 5 minutos.

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  14. Lincoln é um belíssimo filme. É o Spielberg que há muito tempo não se via.

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  15. É como digo... pode ser que mude de ideias. Vou ver o filme todo e logo digo de minha justiça. Mas para mim o Munique foi uma obra-prima que passou ao lado da crítica e 'tava à espera que este continuasse no mesmo registo e não foi isso que me pareceu...

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  16. Munique até foi bastante aplaudido pela crítica.

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  17. Munich é um filmão. Muitíssimo subvalorizado.

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  18. Também não me lembro de ter sido muito aplaudido. Foi tão aplaudido como o Jesse James que para mim está na lista dos 10 melhores filmes de sempre e o que é que isso lhe mereceu? duas nomeações para óscar (cinematografia e casey affleck). O Munique recebeu mais nomeações (5), mas também não ganhou nenhum. A Academia é exímia nos prémios que atribui - eu é que tenho mau gosto.

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