domingo, 20 de janeiro de 2013

A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan the III


Realizador: Roman Coppola
Escritor: Roman Coppola
Actores: Charlie Sheen, Bill Murray e Jason Schwartzman

O cartaz é sugestivo, eu sei. O que temos aqui é algo diferente dentro do mesmo estilo. Original, mas decalcado. Moderno, mas um bocado antigo. 'Como assim?' - pergunta o intrépido e curioso leitor. É uma boa pergunta. E a primeira de muitas que surgirão na sua cabeça ao longo deste filme. 

Roman Coppola - filho do Coppola e irmão mais velho da outra Coppola - tem feito carreira como braço-direito da nova vaga de realizadores (que basicamente consiste na sua irmã e no seu melhor amigo). Mas eu sempre defendi que uma cunha pode ser utilizada com dignidade, e o Roman ainda não me desiludiu. Co-escritor do Moonrise Kingdom e do Darjeeling Limited e Co-Realizador do Lost in Translation e do Life Aquatic, fez o seu début a solo com o filme CQ - uma homenagem aos anos '60 muito especial (no bom sentido).

Apresentações feitas, vamos ao que interessa. A crítica esmagou este filme. Diz que é mau, misógino, disparatado, que o Charlie Sheen faz dele próprio, que é uma imitação barata de Fellini, e que não serve para mais nada senão aceder aos caprichos e manias de grandeza do próprio realizador. Eu discordo - tirando a parte do misógino... essa é completamente verdade... e a parte do Charlie Sheen fazer dele próprio também... mas o resto é tudo mentira! O filme não é, como os críticos dizem, um remake do 8 1/2 do Fellini, mas sim uma ode ao mesmo. 

O personagem principal, Charles Swan, é um artista com uma crise de identidade, um womanizer que se apaixona pela única mulher que não pode ter e que mais difere da sua própria personalidade. Espera... isto é-me estranhamente familiar... Ah, exacto! É o mesmo Charles Swann (desta vez com dois n's) do Proust. Agarrar neste personagem, misturá-lo com um Bill Murray vestido de John Wayne e um Schwartzman vestido de... judeu? é uma combinação incrível. É um filme feito para homens, tal como os do realizador que pretende homenagear e, como viagem pelo subconsciente alfa-masculino, não podia estar melhor.

Roman mistura Proust e Fellini nos seus próprios termos - com as suas cores, os seus cenários, os seus actores e os seus diálogos - e por isso é perfeitamente válido. Nos dias que correm, acho que ver um filme tem que me dar algo novo, algo que eu não conheça já. E este filme conseguiu fazer isso sem, de facto, criar nada. 
Como momento que define o filme, escolho a cena em que a personagem de Murray, depressiva e abandonada pela mulher, se deita numa maca de hospital, olha para Swan e diz que está velho de mais para se apaixonar outra vez - "desire is as close to happiness as I'm gonna get". 

Parabéns Roman. Por mim, 'tás aprovado.

Golpes Fortes: Guião fabuloso, actores fantásticos, cenários de autor, realização, Mary Elizabeth Winstead de ligas.
Golpes Fracos: Patricia Arquette e... Patricia Arquette?



2 comentários:

  1. Fui ver este filme por causa deste post. É maravilhoso! Nunca vi uma gaja como a Mary Winstead nem nunca vou ver. Como diria o outro - " it's as close to happiness as I'm gonna get"...

    Valeu!

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  2. Referia-me, como é óbvio, à Katheryn Winnick (blame the post!)

    Valeu por mil!

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