terça-feira, 18 de junho de 2013

Hyde Park on Hudson

Realização: Roger Michell
Argumento: Richard Nelson
Elenco: Bill Murray, Laura Linney e Samuel West

As falhas de um líder. Se todos as têm, nenhum gosta de as ver expostas. Hyde Park on Hudson começa por abordar a vida de Franklin Delano Roosevelt, 32º Presidente dos EUA, pela perspectiva de uma prima em 6º grau que, mais tarde, se viria a tornar sua amante. É uma abordagem que passa como simplista, romântica - até um pouco misógina e incestuosa - mas que, com o decorrer do filme, se transforma em algo mais. Mais profunda, mais complexa mas, sobretudo, mais interessante.

O verdadeiro tema do filme é apresentado aquando da visita Real do imberbe, gago e recém coroado Rei de Inglaterra à casa onde FDR gere os assuntos do País - a mansão de Hyde Park, on Hudson. A partir deste momento, o filme centra-se nas fraquezas que os dois homens de Estado tentam esconder do mundo - FDR com a sua poliomielite, o Rei com o seu impedimento de fala. E o ambiente cerimonioso que normalmente acompanha uma visita de estado, rapidamente se transforma numa curiosa relação que viria a decidir a intervenção dos EUA na Segunda Guerra Mundial, e o papel fundamental que tiveram na derrota do 3º Reich e na salvação do Império Britânico.

O filme trata assuntos sérios com uma descontracção de um dia de verão, deixando-nos respirar o sol do country side americano, enquanto Bill Murray nos presenteia com um Roosevelt peculiar, certamente diferente de qualquer outro retratado no cinema. E a vantagem do filme é precisamente esta, o ângulo leve, agradável e Bill Murray a ser Bill Murray. Subitamente, estamos envolvidos num clima Downtown Abbey menos empertigado e, se escutarmos os personagens com atenção, tiramos algumas bonitas e simples lições de vida que nos deixam com vontade de respirar fundo, e conhecer um lado da política que está cada vez mais em desuso - o bom.

Hyde Park on Hudson está longe de ser uma obra-prima ou um must-see. Tem falhas de argumento, de realização e até de interpretação. Mas tudo isso parece não importar, num filme que nos faz rir e suspirar, enternecidos pela recordação de um tempo, não muito longínquo, em que grandes homens de Estado ainda eram, acima de tudo, grandes homens.


Golpes Altos: Diálogos ricos e interessantes, num filme que certamente é mais do que aquilo que aparenta. Bill Murray está consagrado como um dos actores mais carismáticos de sempre.

Golpes Baixos: Uma realização muito limitada, com alguns erros severos. Laura Liney é um aborrecimento de actriz.

Sem comentários:

Enviar um comentário