quinta-feira, 20 de agosto de 2015
HBO is coming to Portugal
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Guilty Pleasure - Tremors (AKA Palpitações)
Realizador: Ron Underwood
Argumento: S.S. Wilson, Brent Maddock
Actores: Kevin Bacon, Fred Ward, Finn Carter, Michael Gross, Tony Genaro, Reba McEntire
Que coisa tão boa...
Um mutante igual ao do Dune anda-se a passear por baixo de terra a aterrorizar os habitantes de "nenhures", mais um desses locais desertos nos EUA. Este bicharoco em forma de charuto, que numa extremidade tem uma boca horrível de onde saem cobras, é cego tipo toupeira e sente-se atraído por vibrações no solo...
Pah... eu nem precisava dizer mais nada para se perceber que é um Filme do caraças!
Não sei quantos cowboys com a vida infernizada por um monstro gigante, que engole carros e tudo o que vibre em cima do solo? Que apenas se escapam dele se não criarem qualquer tipo de trepidação, ou se estiverem em cima de rochas que ele não consegue perfurar...? O Kevin Bacon com crachás no cinto e camisa de flanela com o cabelo a fazer lembrar um Nick Cave sem gel? Sangue alaranjado viscoso sempre que rebentam com um destes monstros?
A sério... se isto não é suficiente para se passar uma tarde do caraças, não sei que raio de critérios vocês têm :)
Isto são os anos de ouro da pirosada e dos filmes de culto manhosos... Este é um dos maiores ícones de terror de uma geração... É daqueles Filmes que se ainda não viram, nunca vejam... nunca vão perceber o quanto era possível gostar disto, nunca! É um acontecimento apenas para uma fase da história do Cinema... fora dela, simplesmente não faz sentido... tipo MacGyver!
É daqueles Filmes que numa conversa séria sobre Cinema, terão sempre alguém da minha geração a dizer "epa... mas nem é assim tão mau... tem coisas bem fixes...".
No Rotten Tomatoes quase que fazem deste filme uma obra prima... Aposto que quem lá escreve nasceu nos anos 80...
O melhor? Fala-se de um remake...
Golpes Altos: O cabelo do Kevin Bacon
Golpes Baixos: Que nojo aquele sangue viscoso laranja...
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segunda-feira, 27 de julho de 2015
Conversas de Café - Denzel Washington, topo ou só fixe?
É dos actores mais "queridos" e mais fáceis de gostar no Cinema... Tem Filmes porreiros, uns mais que outros, papéis meio histéricos pelo meio que dão show e que são muitas vezes "cool".
Há uns anos adorava-o... achava o gajo o máximo... com o tempo comecei a desconfiar e hoje em dia acho-o um gajo porreiro, mas LONGE de ser um actor de topo... quando digo longe, é mesmo tipo longe... como aquelas terras em que ainda temos lá família e odiamos lá ir porque é LONGE!
Tem papéis bons, de quem obviamente não é mau... mas nem sei se está numa camada B de actores, mais facilmente o meto na camada C junto de gajos como o Ethan Hawke ou o Clive Owen, e isto só citando malta que contracenou com ele nos melhores filmes em que entrou.
Por falar nisso:
Os melhores papéis:
1- American Gangster
2- Training Day
3- Inside Man
4- Malcolm X
Melhores Filmes:
1- Inside Man
2- American Gangster
Acham-no um actor fixe, ou um gajo de topo?
Se ele fosse um Filme, que Filme seria?
- Eu acho que ele era um daqueles Filmes muito comerciais, porreiros de se ver, que não acrescentam grande coisa mas que gostamos... e que se tiver a dar na TV ficamos a ver... King's Speech? A Few Good Man? (este até dá para escrever um Guilty Pleasure...).
Há uns anos adorava-o... achava o gajo o máximo... com o tempo comecei a desconfiar e hoje em dia acho-o um gajo porreiro, mas LONGE de ser um actor de topo... quando digo longe, é mesmo tipo longe... como aquelas terras em que ainda temos lá família e odiamos lá ir porque é LONGE!
Tem papéis bons, de quem obviamente não é mau... mas nem sei se está numa camada B de actores, mais facilmente o meto na camada C junto de gajos como o Ethan Hawke ou o Clive Owen, e isto só citando malta que contracenou com ele nos melhores filmes em que entrou.
Por falar nisso:
Os melhores papéis:
1- American Gangster
2- Training Day
3- Inside Man
4- Malcolm X
Melhores Filmes:
1- Inside Man
2- American Gangster
Acham-no um actor fixe, ou um gajo de topo?
Se ele fosse um Filme, que Filme seria?
- Eu acho que ele era um daqueles Filmes muito comerciais, porreiros de se ver, que não acrescentam grande coisa mas que gostamos... e que se tiver a dar na TV ficamos a ver... King's Speech? A Few Good Man? (este até dá para escrever um Guilty Pleasure...).
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quinta-feira, 2 de julho de 2015
The Salt of the Earth
Realizador: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders
Argumento: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders, David Rosier
Este documentário sobre o Sebastião Salgado é quase perfeito, seria mesmo perfeito se o filho não se perdesse a dada altura com a tentativa de retratar um pouco a relação deles, as dificuldades que tiveram e os progressos que fizeram... Em conversa com amigos sobre o tema parece que surge uma opinião unânime: Se fosse o Wim Wenders a fazer tudo, era melhor...
Este Homem tem uma história de vida quase única, poucos conseguiram ver o que ele viu, viver o que ele viveu, sentir na pele o lado mais negro do nosso mundo, ver os cantos mais maravilhosos que a natureza nos dá... Tudo... Daqueles que pode dizer "pronto malta, já chega... já vi tudo... venha o próximo".
Mas não disse... continua cá, continua a fazer coisas surpreendentes e a criar inveja projecto atrás de projecto. Uma vida cheia, cheia de tudo um pouco que o fez abdicar de muita coisa, que o fez perder o crescimento dos filhos, que o fez estar longe muito tempo, que o fez arriscar muito e também encher-se do que o mundo tem para dar, preenchendo-o como poucas pessoas poderão dizer que conseguiram.
As fotografias são conhecidas e estrondosas, aqui não há novidades e aproveitem para ir ver a exposição na Cordoaria Nacional que está lá até Agosto... (eu ainda não fui, mas o JP já e diz ser até melhor que o documentário).
Depois o filho tenta mostrar um lado mais familiar e pessoal do fotógrafo, mas essa fase do Filme deixa muito a desejar... não tem a intensidade necessária nem sequer tem o conteúdo necessário. Era interessante ter este aspecto bem retratado no Filme, mas não foi de todo um sucesso... Tirando a parte do projecto pessoal final, onde ele recupera a herdade da Família... é um trabalho avassalador e que dará frutos (literalmente) durante muitos anos...
Mais do que a pessoa conhecemos aqui a obra, os caminhos que seguiu e tanto vemos umas viagens meio repentinas aos poços em chamas no Kuwait, como 2 e 3 anos de vida junto a povos inteiros em fuga da guerra, da fome, da doença e da miséria, que dá vida ao projecto "Êxodos"... acabando no exponente máximo que temos para nos presentear: a natureza... cantos e recantos inacreditáveis que são a base da obra "Génesis".
Enfim, é imperdível de tão rico... desde nos sentirmos absurdos em estar atrás de um computador o dia inteiro, passando por sentir que é mesmo difícil deixar uma pegada neste mundo, acabando por querer devorar o que este planeta criou por si sem que nós pedíssemos nada...
Uma maravilha.
Golpes Altos: As fotografias... as experiências que teve.
Golpes Baixos: A tentativa quase a martelo de colocar a relação com o filho no Filme.
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quarta-feira, 1 de julho de 2015
Inside Out
Argumento: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen (história), Meg LeFauve, Josh Cooley, Pete Docter (adaptação)
Vozes: Amy Poehler, Phyllis Smith, Bill Hader, Lewis Black, Mindy Kaling, Kaitlyn Dias
Pixar... é incrível o que este universo criativo consegue construir projecto atrás de projecto... Deve ser dos sítios mais giros para trabalhar no mundo, isto tendo em conta o lado romântico do resultado final.
Mais um Filme estrondoso, um dos melhores deles até hoje... Quem pensava que com a Disney ao barulho eles pudessem perder gás, engane-se... Mais uma missão cumprida.
Um Filme que retrata o que se passa dentro da cabeça de um dos personagens principais, como se de um universo paralelo se tratasse, super complexo e com personagens que retratam as emoções mais primárias, que conduzem o estado emocional dessa pessoa... mas conduzem mesmo, com uma consola cheia de comandos, que vão aumentando à medida que a personagem cresce, tornando-se mais complexa.
O que acho mais incrível nestes Filmes são os pormenores... a facilidade (ou não) com que parece que se lembram de TUDO fazendo-nos identificar ponto a ponto com esses detalhes, porque já os vivemos, porque já os pensámos, porque já não nos lembramos deles ou porque nos lembramos sempre deles...
A estrutura do Filme é perfeita... nada falha... evolui como tem de evoluir, parece que vai partir quando temos de desacreditar, fortalece-se quando é esse o melhor caminho, tudo...
E depois há os créditos finais... a cereja do costume em cima de um bolo por si só mais que guloso.
Chorei a rir, limpei literalmente lágrimas a ver o Filme... nem sequer me lembro da última vez que isto possa ter acontecido, não me lembro sequer se alguma vez aconteceu... entrei em ebulição e a sala também, já que no final muita gente decidiu bater palmas... sim, palmas... e se o Filme as merecia...
Isto dará pano para mangas num post sobre o tema, mas este passou para o Top3 de animação para mim...
Golpes Altos: Pormenores... é mesmo incrível o detalhe que conseguem ter...
Golpes Baixos: Podiam explorar mais durante o Filme as cabeças alheias... mas podia confundir o foco principal.
PS: nota para a curta "Lava" que antecede o Filme: é das mais "fofinhas" (acho que é mesmo o termo) que já escreveram, embora não seja das melhores.
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sexta-feira, 12 de junho de 2015
Golpes de Génio – Jaws
Realização: Steven Spielberg
Argumento: Peter Benchley, Carl Gottlieb
Elenco: Roy Scheider, Richard Dreyfuss, Robert
Shaw, Lorraine Gary
Passam exactamente quarenta anos sobre
um dos filmes da minha adolescência e, mais do que isso, sobre uma das películas
que mais marcas e lembranças me deixou. Ainda hoje, um adulto feito, meto o pé
no Tejo e, sabendo de antemão que aquilo é um rio, por vezes não consigo evitar
algum temor. É mesmo assim, tem tanto de tolo como de verdadeiro. Pelo misto de
fascínio e terror pelo animal, confesso, que me leva a devorar toda a
informação que consigo, entre textos e documentários, mas também por algumas
imagens eternamente alojadas na mente: imagens de Jaws, de Steven Spielberg.
Página marcante e com uma
incontornável importância contextual no cinema norte-americano contemporâneo, Jaws rompe com o formato de produção,
promoção e distribuição vigente e assume-se como o protótipo de blockbuster de
Verão, assente numa premissa de argumentos simples (recorrentemente planos até)
e muita acção, tensão e adrenalina. O cinema de autor é posto de lado, os
estúdios aumentam cada vez mais o seu poder através do método da grande
produção para as massas e sucesso comercial imediato e o cinema de entretenimento
explode enquanto força vigente.
E muito disto despoletado por Spielberg,
um jovem e talentoso realizador de 29 anos ainda na sua segunda longa-metragem,
que como que cria um novo género (o tal summer blockbuster) que
viria no futuro a trabalhar como poucos e a reinventar estrondosamente em cada
uma das décadas seguintes – Indiana Jones
and the Raiders of the Lost Ark (1981) e E.T. the Extra-Terrestrial (1982); Jurassic Park (1993); A.I.
Artificial Intelligence (2001) e Minority
Report (2002).
O grande tubarão branco, predador
alfa dos oceanos e pouco conhecido até então do grande público, foi a partir
desse momento visto, duma forma obviamente errónea, como uma ameaça natural,
uma espécie de máquina de matar e comer pessoas; ora, a desinformação, a
ignorância e a fúria acéfala levaram a que durante décadas se procedesse a uma
infame caça ao animal e a população decrescesse substancialmente em todo o
globo, sendo hoje em dia uma espécie vulnerável. Essa sede de caçada, de
sangue, de mortandade, tão própria nos humanos aliás, é a consequência obscura
da obra. Uma consequência muito negativa e significante, entenda-se, mas que
ainda assim deve ser analisada em paralelo e não pode apagar o que a obra de
Peter Benchley e sobretudo a película de Spielberg significaram para o trajecto
do cinema de entretenimento.
O medo e o desconhecimento da
criatura que ainda assim não conseguem submeter o dever cívico e profissional de Brody, o
chefe da polícia; Hooper, o biólogo marinho que pretende conhecer melhor e porventura decifrar os
comportamentos do animal; e Quint, o caçador furtivo, o especialista que tem um
passado que se cruza de forma sangrenta com tubarões – excelente referência ao
naufrágio do navio de guerra norte-americano USS Indianapolis (CA-35) em Julho de 1945, no término da Segunda
Grande Guerra, em que centenas de marinheiros perderam a vida devido a
desidratação, afogamento e ataques de tubarões.
Este trio, em que sobressai um
delicioso Robert Shaw como o torturado Quint, acaba por ser a única força de
combate que a pequena vila de Amity tem para apresentar contra aquela
aparentemente indomável e vil força animal. O seu engenho e resiliência,
sempre de mãos dadas com o pânico e o terror, acabam por ser a força motriz do
filme, ao som da banda-sonora minimalista de John Williams, peça sublime
e tão hitchcockiana que simultaneamente nos transporta através do carácter
primitivo e inexorável da gesta e cria uma sensação de imprevisibilidade e
descontrolo emocional sufocantes.
Jaws, o primeiro blockbuster moderno, uma das películas que mudou
as regras do jogo e ajudou a criar uma nova indústria cinematográfica em
Hollywood, no fundo é uma história como tantas outras: Natureza contra o homem,
predador enfrenta predador. Mas quando quem enfrentamos é uma criatura tão
real, tão magnética, tão ferozmente perfeita por assim dizer, arriscamo-nos a
que se torne pedra basilar do nosso imaginário mais sombrio.
Golpes Altos: Acima de tudo algo
que não é imediato mas que é adquirido com o tempo: a importância histórica e
cultural do filme. A banda-sonora, intemporal.
Golpes Baixos: Como referi
anteriormente, a premissa da obra, descrevendo um animal selvagem como uma
máquina assassina, e todas as consequências que daí advieram – Benchley chegou a lamentar ter escrito Jaws. É claro que há
variadíssimas falhas técnicas (começando pelo próprio tubarão, exageradamente
grande e disforme), mas não podemos esquecer que corria o ano de 1975. Já muito fez Spielberg.
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segunda-feira, 8 de junho de 2015
Phoenix
Realização: Christian Petzold
Argumento: Christian Petzold
Elenco: Nina Hoss, Ronald
Zehrfeld, Nina Kunzendorf, Michael Maertens, Imogen Kogge
O que vem sendo curioso no cinema
de Christian Petzold, e que tão bem já havia sido trabalhado na sua anterior obra, Barbara, é a forma peculiar de
filmar a guerra sem filmá-la. Ou seja, a Segunda Grande Guerra e a(s) Alemanha(s)
pós-conflito são tema central na filmografia de Petzold, mas o cineasta alemão
opta regra geral por histórias de reconstrução, de renascimento, fugindo às
ilustrações convencionais e criando filmes de personagens inseridos na
fragmentação do pós-guerra.
E disso trata este Phoenix, film noir amargo e intenso: o recomeço.
A ressurreição, por assim dizer. Duma mulher, Nelly (impressionante Nina Hoss),
mas também duma nação, que tenta lentamente reerguer-se das cinzas, qual Fénix
renascida – e a Alemanha como a conhecemos é feita disso mesmo, dessa força
telúrica ímpar para (sempre) reerguer-se e (sempre) voltar a ser referência.
Há aqui Hitchcock – Vertigo vem-nos à memória –
há aqui Fassbinder, mas há acima de tudo um exercício formal e narrativo cáustico, impiedoso até, sobre amor, traição, culpa e, se possível, redenção. Redenção essa
que tantas vezes se revela impossível de atingir, ora pelo medo, ora pelas
marcas indeléveis do terror – o impactante suicídio de Lene ou o transe entre o macabro e o surreal em que o grupo de amigos de Nelly e Johnny está mergulhado.
Com uma banda sonora manipuladora,
uma fotografia tão realista como absorvente, diálogos concisos mas precisos e
uma brilhante cena final, de suster a respiração, Petzold cimenta ainda mais o
seu nome dentro do cinema europeu contemporâneo, sobretudo com estas duas últimas películas sobre
as cicatrizes da guerra.
Cicatrizes, marcas eternas que Nelly
carrega no rosto e nos braços, prova de que é uma personagem quase antitética:
a tatuagem do campo de concentração, símbolo da opressão imposta à sociedade
judaica em que tinha origem; e o rosto transfigurado, símbolo duma Alemanha
que amou e que, tal como ela, tem de renascer. Deixem-me repetir: Nina Hoss é
fantástica.
Golpes Altos: A frieza cirúrgica, quase maquinal, na forma como Petzold desenvolve a trama. Banda-sonora,
fotografia e Nina Hoss. O Speak Low
final, arrebatador. O título, dos melhores e mais apropriados que tenho visto.
Golpes Baixos: Ficou a
apetecer-nos (estava com um amigo que teve exactamente a mesma opinião) mais
dois ou três minutos do momento final. Ou talvez não. Petzold saberá melhor do
que ninguém.
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segunda-feira, 1 de junho de 2015
Mad Max: Fury Road
Realizador: George Miller
Argumento: George Miller
Actores: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult,
Um antigo Professor meu, o Pedro Marta Santos, classificou-o na Revista Sábado como "o Melhor Filme de Acção do Século XXI"... o buddy em conversa diz que é possivelmente o melhor Filme de Acção de Sempre, num dos seus habituais devaneios exagerados :)
Mas a verdade é que até certo ponto, nenhum me choca de forma descabida... embora também não concorde a 100% com nenhum... Mas é um Filme tão poderoso, tão diferente de tudo, tão inovador, que merece este tipo de avaliação, mesmo que não seja transversal ou partilhada por todos, merece o destaque e o reconhecimento quase exagerado! Tal como o Filme, é um tremendo exagero!
Mais que um Filme é uma experiência única, ninguém sairá indiferente da sala... a sala respira o Filme de uma forma quase orgânica, é inacreditável. No final da 1ª sequência que são logo uns 20 ou 25min de tremenda velocidade furiosa, absurdo e violência gráfica, a sala respirou... pela primeira vez! E sentiu-se! Há um momento de silêncio e sente-se mesmo as pessoas a descomprimirem da loucura vertiginosa que foi aquele momento... e depois, o Filme é TODO assim... é impressionante. Tem as quebras que tem para respirar e depois prego a fundo e lá vamos nós outra vez... como que uma montanha russa que só tem aquelas descidas que nos deixa com o coração na boca e consegue-o com subidas muito curtas.
O Filme cheira a pó, a gasolina, a pólvora, a sangue, a ferrugem, a pó outra vez, a óleo, a suor, a rock & roll... tudo... o Filme é um tesão constante de coreografias impressionantes, estética avassaladora e vertigem após vertigem, um pós-Apocalipse no meio de um tornado! Uma loucura animalesca...
O que sobressai é claramente a estética do Filme, os cenários poderosos, as tempestades, os figurinos das personagens mais out of the box possíveis, os carros completamente loucos e brutos, os vilões que podiam ser tirados de uma excelente BD, os "bons" que não são completamente bons, os "maus" que também conseguem ser bons, epa tudo...
Falar deste Filme é quase como tentar descrever um salto de pára-quedas... e quem já saltou sabe que é mesmo muito difícil :)
Impossível perder a experiência, e nem tentem ver em casa, quem não vir isto no Cinema é um criminoso. Parece que estamos no meio de uma guerra que começou num Burning Man...
O detalhe delicioso do vilão ser o mesmo actor do Filme de 79... e claro, do Realizador ser também o do Filme de 79... que mente brilhante e totalmente segmentada para isto, basta olhar para o resto que fez sem tanto sucesso... devia ter ficado a vida toda a trabalhar nisto, e se calhar ficou!
Se é um dos Filmes da minha vida? Acho que não... mas foi certamente uma das experiências mais alucinantes que tive uma Sala em toda a minha vida...
Golpes Altos: As vertigens constantes, a ansiedade animalesca que nos consome e nos prende à cadeira como nunca tive.
Golpes Baixos: O guião deve caber num guardanapo de papel, mas hey... o do "À Bout de Souffle" também e mudou a História do Cinema...
PS: como diria o JP: A Charlize Theron até toda suja, maneta e careca é Linda...
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segunda-feira, 25 de maio de 2015
Ex Machina
Argumento: Alex Garland
Actores: Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac
O Alex Garland passou da escrita para a Realização... Depois de ter tido mão em histórias como o The Beach, 28 Days Later e Sunshine, apresenta-se como argumentista e realizador deste Filme, o 1º que realiza... por mim, pode continuar!
Se o "Her" fosse um Filme de ficção científica, era mais ou menos assim... Isto porque um sci fy precisa de um enredo mais elaborado, talvez com um twist ou até alguma ação... Acho os filmes incomparáveis (sou um apaixonado intrínseco pelo "Her") mas ao mesmo tempo acho impossível não nos ocorrer compará-los.
Um milionário excêntrico e genial decide criar um projecto de Inteligência Artificial, pega num colaborador da sua empresa e testa esse mesmo projecto. Tudo isto num cenário muito bem escolhido, com um bom gosto estético muito acima da média e com um constante ambiente de tensão muito bem trabalhado... Sentimos que algo de errado se passa, vamos logo percebendo algumas coisas e outras queremos deixar para mais tarde... E deixamos.
Uma evolução muito bem trabalhada, sem saltos disparatados no argumento, provando que não é preciso um Filme de 3h para gerir todos os tempos necessários para o texto respirar.
A relação entre máquina e ser-humano é constantemente abordada em Cinema, sendo que aqui temos uma proximidade mais humanizada, e daí ser impossível dissociar do "Her". Aqui o ser-humano deixa de testar apenas a máquina e começa sem saber a ser ele próprio testado, as suas crenças, as suas convicções e até a sua própria natureza, tudo fica um caos, tudo fica em água, tudo está prestes a explodir sob o olhar atento do mestre, que passa por uma espécie de vilão "bon-vivant" meio decadente.
Esse mestre é-nos trazido pelo Oscar Isaac, que depois de "Inside Lewyn Davies", volta a fazer um papel muito acima da média. O pupilo é Gleeson que tem uma presença muito constante, menos espalhafatosa...penso que na fase final do filme podia ter um pico mais dramático.
Depois há Ava... o robot lindíssimo, super cativante e que ao final de uns minutos, mesmo com os fios à mostra, deixa de ser artificial... todos queremos aquele teste, aquelas reuniões íntimas atrás do vidro, vidro que parece desaparecer tamanha é a ligação que se cria entre personagens.
O que é que nos faz seres humanos? É a base da questão... até onde somos diferentes de uma máquina super-evoluída? Qual a linha que nos separa? O que é mais humano ou mais artificial? Encontramos algumas tentativas de respostas neste Filme, alguns caminhos e tudo num ambiente bastante credível, nada totalmente fora da nossa realidade.
Golpes Altos: A relação máquina - ser-humano, Oscar Isaac, a estética, as questões que se colocam.
Golpes Baixos: A "batalha" perto do final, um pouco descabida e de certa forma tirando o ambiente credível até aí...
Actores: Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac
O Alex Garland passou da escrita para a Realização... Depois de ter tido mão em histórias como o The Beach, 28 Days Later e Sunshine, apresenta-se como argumentista e realizador deste Filme, o 1º que realiza... por mim, pode continuar!
Se o "Her" fosse um Filme de ficção científica, era mais ou menos assim... Isto porque um sci fy precisa de um enredo mais elaborado, talvez com um twist ou até alguma ação... Acho os filmes incomparáveis (sou um apaixonado intrínseco pelo "Her") mas ao mesmo tempo acho impossível não nos ocorrer compará-los.
Um milionário excêntrico e genial decide criar um projecto de Inteligência Artificial, pega num colaborador da sua empresa e testa esse mesmo projecto. Tudo isto num cenário muito bem escolhido, com um bom gosto estético muito acima da média e com um constante ambiente de tensão muito bem trabalhado... Sentimos que algo de errado se passa, vamos logo percebendo algumas coisas e outras queremos deixar para mais tarde... E deixamos.
Uma evolução muito bem trabalhada, sem saltos disparatados no argumento, provando que não é preciso um Filme de 3h para gerir todos os tempos necessários para o texto respirar.
A relação entre máquina e ser-humano é constantemente abordada em Cinema, sendo que aqui temos uma proximidade mais humanizada, e daí ser impossível dissociar do "Her". Aqui o ser-humano deixa de testar apenas a máquina e começa sem saber a ser ele próprio testado, as suas crenças, as suas convicções e até a sua própria natureza, tudo fica um caos, tudo fica em água, tudo está prestes a explodir sob o olhar atento do mestre, que passa por uma espécie de vilão "bon-vivant" meio decadente.
Esse mestre é-nos trazido pelo Oscar Isaac, que depois de "Inside Lewyn Davies", volta a fazer um papel muito acima da média. O pupilo é Gleeson que tem uma presença muito constante, menos espalhafatosa...penso que na fase final do filme podia ter um pico mais dramático.
Depois há Ava... o robot lindíssimo, super cativante e que ao final de uns minutos, mesmo com os fios à mostra, deixa de ser artificial... todos queremos aquele teste, aquelas reuniões íntimas atrás do vidro, vidro que parece desaparecer tamanha é a ligação que se cria entre personagens.
O que é que nos faz seres humanos? É a base da questão... até onde somos diferentes de uma máquina super-evoluída? Qual a linha que nos separa? O que é mais humano ou mais artificial? Encontramos algumas tentativas de respostas neste Filme, alguns caminhos e tudo num ambiente bastante credível, nada totalmente fora da nossa realidade.
Golpes Altos: A relação máquina - ser-humano, Oscar Isaac, a estética, as questões que se colocam.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
The Wind Rises
Realizador: Hayao Miyazaki
Argumento: Hayao Miyazaki
Actores: Vozes de gajos japoneses
Em conversa com amigos cinéfilos, mencionei a inacreditável eficácia do Miyazaki... É um soberbo criador, um monstro cheio de imaginação e que no momento de operacionalizar, nunca fica abaixo do excelente... é mesmo um dos autores que mais respeito e que mais gosto... Assim de repente: Totoro (o meu favorito), Princesa Mononoke, Viagem de Chihiro, Castelo Andante... é um gajo apaixonante.
Neste Filme ele apresenta um "tom" auto-biográfico, de como ele aparenta ver o sonho da criação, o sonho de um artista...isto centrado na história real de Jiro Horikoshi, um engenheiro que criou caças durante a 2ª Guerra Mundial. Parece uma mistura difícil de conseguir, coloquem esse desafio ao génio do Miyazaki e agora vejam o Filme...
No meio de tudo isto temos uma ligação forte entre 2 personagens, desde o início do Filme e que culmina numa história de Amor que batalhou com diversos contratempos, sempre com detalhes únicos pelo meio, característicos de uma cultura diferente da nossa e bem trabalhados pelo realizador. Tudo parece de porcelana, desde o toque entre eles às brincadeiras menos comuns... uma proximidade constante que para nós latinos parece sempre muito superficial. Será...?
Além disto temos um retrato do que era o Japão nesta altura... um Japão pobre, em crise profunda, mas com uma capacidade intelectual e de trabalho únicas, que os fará sempre voltar ao topo por muito fundo que caiam, um pouco como todos aqueles caças magistralmente concebidos que nunca voltam, mas que a seguir se consegue criar mais um e mais outro ainda mais poderosos e vanguardistas.
Esteticamente não há nada que falhe, nem podia ser, é o Miyazaki... sempre extremamente onírico e capaz de nos fazer salivar pela próxima obra, tenha a idade que tiver, aborde a temática que abordar. Sempre muito coeso mas subitamente rasgado sem medos e sem parecer minimamente datado.
Sim, sou um apaixonado pela obra, pela carreira e por tudo o que vi dele... mas isto não faz com que esteja de todo a elevar as expectativas sem ponderação, muito pelo contrário, não acredito que alguém saia defraudado deste Filme.
Golpes Altos: o contexto histórico, o tal "tom" autobiográfico e todo este imaginário sempre tão criativo que nos alimenta como se voltássemos a ser crianças a acreditar, seja com que idade for, que podemos continuar a sonhar mais e mais sem barreiras.
Golpes Baixos: não saber Japonês, Sou incapaz de ver estes Filmes dobrados noutra língua e por isso o uso das legendas é essencial... tenho receio que percamos muita coisa.
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