Realização: Costa-Gavras
Argumento: Costa-Gavras
Elenco: Gad Elmaleh, Natacha Régnier e Gabriel Byrne
Costa-Gavras tornou-se uma paródia de si próprio. Não que alguma vez tenha sido brilhante, mas não era assim tão mau. No final dos anos '60, o realizador de origem grega teve o seu magnus opus - a obra pela qual ficaria conhecido, e que lhe daria um hall pass para exteriorizar todo o seu ódio contra o poder, a direita, o grande capital, o liberalismo.. enfim, o "sistema". E a coisa resultou. Z é um excelente filme. Um filme crítico, mas digno. Contestador, mas focado. E agora?
Agora, Gavras padece de um mal que ele próprio aborda neste filme - a incompetência por velhice. Gavras, como muitos outros actores e realizadores, esqueceu-se que existe uma razão pela qual as pessoas se reformam. Por vezes, ainda estão em perfeitas condições de exercer o seu trabalho de forma competente, mas perdem o discernimento sobre as suas próprias ideias, perdem o bom gosto e o bom-senso característico da idade adulta, perdem-se a si próprios ao tentar acompanhar a evolução dos tempos.
Em Le Capital, Costa-Gavras perde-se numa crítica quixotesca contra o diabólico "grande capital". Descuida actores - péssimos, péssimos actores -, descuida diálogos - que parecem mais preocupados em cuspir ideais que criar uma história -, descuida personagens - que substitui por clichés andantes sem nenhum, nem um, traço que os distinga de uma caricatura barata - mas, sobretudo, descuida a qualidade do filme, quando não se consegue decidir entre uma sátira exagerada e um thriller político.
Se pensarem em todos os clichés que um filme contra o sistema poderia ter, prometo-vos que os encontrarão em Le Capital: 20 crianças a jogar PSP fechadas numa sala sem falar com ninguém (os males da tecnologia? CHECK!); os banqueiros canibais que, numa reunião de accionistas, gritam em plenos pulmões que querem roubar aos pobres para dar aos ricos (falta de subtileza? CHECK!); o tio-avô esquerdista desgostoso por ver o sobrinho a vender a alma (este tio avô é tão chato e tão inconsequente no seu discurso, que suspeito ser um alter-ego do próprio realizador); os accionistas americanos que dão festas em yachts com música de Justin Timberlake (o quê?! banqueiros da MTV?! CHECK!); mais a manequim americana sedutora, o melhor amigo traiçoeiro, a mulher que não vê as traições do marido e podia continuar esta lista mas é cansativo - é cansativo para vocês e para mim, que acabei de ver o filme mais intelectualmente exaustivo de sempre.
E o pior disto tudo, é que Costa-Gavras passa um filme inteiro a criticar o dinheiro, os americanos e a falta de ideais, mas depois faz um filme sem uma réstia de alma europeia, a querer desesperadamente inserir-se no formato Hollywoodesco (e uma tentativa triste, acreditem), filmado num HD ofensivo para esconder a falta de talento do realizador, com diálogos retirados de uma embalagem de cereais.
Costa-Gavras é o velhinho que ninguém atura em almoços de família. Balbucia coisas sem nexo, demasiado alto, e esquece-se do que disse passado 5 minutos. Não tenho paciência para velhinhos inconformados, já tiveram tempo suficiente para fazerem as pazes com o mundo.
Golpes Altos: Cinematografia e fotografia (sendo que não é fácil de perceber, com esta nova brincadeira da cinematografia digital). Epah e mais nada...
Golpes Baixos: 1) Actores! Onde é que foram desencantar o protagonista mais apático de sempre? Ah, e existe uma razão pela qual nunca mais ninguém agarrou no Gabriel Byrne... 2) Argumento... 3) Realização e Direcção de Actores: música frenética em ambientes de reunião sem suspense nenhum, planos horríveis, de mau gosto 4) Já nem sei... tudo.
Argumento: Costa-Gavras
Elenco: Gad Elmaleh, Natacha Régnier e Gabriel Byrne
Costa-Gavras tornou-se uma paródia de si próprio. Não que alguma vez tenha sido brilhante, mas não era assim tão mau. No final dos anos '60, o realizador de origem grega teve o seu magnus opus - a obra pela qual ficaria conhecido, e que lhe daria um hall pass para exteriorizar todo o seu ódio contra o poder, a direita, o grande capital, o liberalismo.. enfim, o "sistema". E a coisa resultou. Z é um excelente filme. Um filme crítico, mas digno. Contestador, mas focado. E agora?
Agora, Gavras padece de um mal que ele próprio aborda neste filme - a incompetência por velhice. Gavras, como muitos outros actores e realizadores, esqueceu-se que existe uma razão pela qual as pessoas se reformam. Por vezes, ainda estão em perfeitas condições de exercer o seu trabalho de forma competente, mas perdem o discernimento sobre as suas próprias ideias, perdem o bom gosto e o bom-senso característico da idade adulta, perdem-se a si próprios ao tentar acompanhar a evolução dos tempos.
Em Le Capital, Costa-Gavras perde-se numa crítica quixotesca contra o diabólico "grande capital". Descuida actores - péssimos, péssimos actores -, descuida diálogos - que parecem mais preocupados em cuspir ideais que criar uma história -, descuida personagens - que substitui por clichés andantes sem nenhum, nem um, traço que os distinga de uma caricatura barata - mas, sobretudo, descuida a qualidade do filme, quando não se consegue decidir entre uma sátira exagerada e um thriller político.
Se pensarem em todos os clichés que um filme contra o sistema poderia ter, prometo-vos que os encontrarão em Le Capital: 20 crianças a jogar PSP fechadas numa sala sem falar com ninguém (os males da tecnologia? CHECK!); os banqueiros canibais que, numa reunião de accionistas, gritam em plenos pulmões que querem roubar aos pobres para dar aos ricos (falta de subtileza? CHECK!); o tio-avô esquerdista desgostoso por ver o sobrinho a vender a alma (este tio avô é tão chato e tão inconsequente no seu discurso, que suspeito ser um alter-ego do próprio realizador); os accionistas americanos que dão festas em yachts com música de Justin Timberlake (o quê?! banqueiros da MTV?! CHECK!); mais a manequim americana sedutora, o melhor amigo traiçoeiro, a mulher que não vê as traições do marido e podia continuar esta lista mas é cansativo - é cansativo para vocês e para mim, que acabei de ver o filme mais intelectualmente exaustivo de sempre.
E o pior disto tudo, é que Costa-Gavras passa um filme inteiro a criticar o dinheiro, os americanos e a falta de ideais, mas depois faz um filme sem uma réstia de alma europeia, a querer desesperadamente inserir-se no formato Hollywoodesco (e uma tentativa triste, acreditem), filmado num HD ofensivo para esconder a falta de talento do realizador, com diálogos retirados de uma embalagem de cereais.
Costa-Gavras é o velhinho que ninguém atura em almoços de família. Balbucia coisas sem nexo, demasiado alto, e esquece-se do que disse passado 5 minutos. Não tenho paciência para velhinhos inconformados, já tiveram tempo suficiente para fazerem as pazes com o mundo.
Golpes Altos: Cinematografia e fotografia (sendo que não é fácil de perceber, com esta nova brincadeira da cinematografia digital). Epah e mais nada...
Golpes Baixos: 1) Actores! Onde é que foram desencantar o protagonista mais apático de sempre? Ah, e existe uma razão pela qual nunca mais ninguém agarrou no Gabriel Byrne... 2) Argumento... 3) Realização e Direcção de Actores: música frenética em ambientes de reunião sem suspense nenhum, planos horríveis, de mau gosto 4) Já nem sei... tudo.