quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Gone Girl
Realizador: David Fincher
Argumento: Gillian Flynn (Livro e adaptação)
Actores: Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Tyler Perry, Kim Dickens, Patrick Fugit, Emily Ratajkowski ( . ) ( . )
Já é sistemático apelidar o David Fincher de um dos melhores Realizadores vivos... Ele à medida que vai trabalhando, mostra que de facto é um rótulo justo, sem favores e sustentado.
Ele é provavelmente o Realizador mais doentio no detalhe, na busca pela perfeição plano após plano... tudo é pensado, tudo é meticuloso, filmar com ele deve ser uma tortura misturada com uma tese de doutoramento. É incrível a qualidade com que faz TUDO, sempre sem querer dar nas vistas ou ser um grande protagonista...
As histórias que ele traz para a tela, sejam dele ou adaptadas, não falham em nada no momento de as passar para o público. Aí ele é Rei e Senhor... Não há um "não percebi aquilo" ou um "isto foi um bocado de repente"... nada... tudo o que ele quer passar, passa... TUDO! Isto é para mim das características mais importantes no Cinema, as histórias serem bem contadas.
Gone Girl é mais um Filme poderoso, mais uma obra que nos atira ao tapete com facilidade, que mete o dedo em feridas aparentemente demasiado distantes, mas que não passam de exageros para explicar muito do nosso dia a dia. É um Filme que destrói o conceito romântico de uma relação e o conceito familiar comum de uma relação.
Neste Filme vemos uma relação perversa, que atinge proporções inimagináveis. Coloca em causa toda e qualquer definição de estabilidade emocional, de Família, de marido, de mulher, de Amor... Nada é deixado de parte, tudo é posto em causa e mexido, e remexido como se de um massacre emocional se tratasse. E claro... tudo isto envolto num tenso e bem trabalhado Thriller, onde o Fincher se tem mostrado como peixe na água, onde parece querer dar cartas hoje em dia. Mesmo que o Zodiac seja para mim um pouco aborrecido...
Paralelamente, a crítica já antes vista aos media, ao poder que têm armados de sensacionalismos baratos, de dogmas estapafúrdios e de opinion leaders acéfalos. Estamos rodeados por este mundo, do parecer antes de ser... um mundo tão perverso como a relação esmiuçada no Filme, um mundo que cria histórias destas, que dá ferramentas virais tornando-se autênticos virus na sociedade. O jogo de aparências que no Filme entra pela vida do casal, marcando-o de forma cabal.
O Ben Affleck é para mim um enorme argumentista e um bom realizador. Como actor não passa de alguém profissional, trabalhador, que sabe muito de cinema e o que são os seus limites. Parece-me óbvio que é fácil apontar nomes que ficariam melhor em papéis dele, em todos provavelmente... aqui, novamente, ele está capaz... mas sem fazer a diferença, também novamente... Clive Owen?
A Rosamund Pike está como tem de estar, por vezes um pouco exagerada mas tiro-lhe o chapéu à fase em que desaparece do mundo... A fase dos subúrbios... está fantástica.
Destaque para a Detective, Kim Dickens, que é para mim o melhor papel do Filme.
Um Filme enorme, mais um, de um Realizador muito capaz e que até tem arriscado aqui e ali embora desta vez esteja num universo que adora.
Golpes Altos: Ficher, Kim Dickens, a tortura, a tensão, as críticas e as maminhas da Ratajkowski (sim, à frente do nome dela lá em cima aquilo são maminhas... porque não há qualquer outra razão para ela ter entrado no Filme... zero... nenhuma... nicles...)
Golpes Baixos: Embora seja pouquíssimo importante, a forma como quiseram tocar na ferida de algumas relações, é mesmo demasiado distante do que temos no nosso dia-a-dia... penso que era ainda mais doloroso se fosse mais próximo.
Etiquetas:
B,
Ben Affleck,
David Fincher,
Emily Ratajkowski,
Gillian Flynn,
Gone Girl,
Kim Dickens,
Neil Patrick Harris,
Patrick Fugit,
Rosamund Pike,
Tyler Perry
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário