sábado, 18 de janeiro de 2014
12 Years a Slave
Realizador: Steve McQueen
Argumento: John Ridley (Adaptação)
Actores: Chiwetel Ejiofor, Michael K. Williams, Michael Fassbender, Paul Giamatti, Paul Dano, Sarah Paulson, Brad Pitt, Benedict Cumberbatch.
O McQueen depois de 2 filmes duríssimos e pouco Mainstream, tentou com este Filme chegar às massas. Quando há qualidade no nosso trabalho (que é o caso), é difícil dar um passo em falso, este 12 Years a Slave é um caso de sucesso com algumas notas que vão poder espreitar mais à frente.
O filme baseado numa história verídica leva-nos à sala sabendo quase tudo o que vai acontecer. Provavelmente por já estarmos condicionados parece ser bastante previsível, mas este tipo de história não vive da surpresa, vive de como é ou não bem contada.
Um tema já abordado "N" vezes é sempre arriscado, até porque há muitas abordagens de sucesso e sendo assim é gritante não falhar. O primeiro ponto menos bom que consigo destacar deste filme é que realmente não falha em quase nada mas...também não nos traz rigorosamente nada de novo. Vemos a brutidão de alguns "Lords", vemos a luta interna e externa dos escravos, vemos a revolta constante de quem está sentado na cadeira de cinema, vemos as agressões, o desespero, as mortes, as salvações, vemos tudo o que já vimos sem tirar nem por...
Entrei na sala de cinema com a expectativa bem lá em cima e saí de lá com o copo 2/3 cheio...
Muitos lugares comuns disparados com uma realização de enorme qualidade. Temos planos completamente fantásticos que contam uma história ou dá-nos uma percepção de tudo em segundos... Destaco o plano quando o Solomon está pendurado com os pés na lama e a "vida" daquela quinta se começa a desenrolar nas costas dele normalmente... Achei brilhante. McQueen sabe perfeitamente o que faz e como estava a trabalhar para massas assumiu uma posição de risco quase zero, penso que lhe garantiu o sucesso dos 100% de unanimidade, mas não o deixou chegar aos 170% de um filme que podia de facto rasgar a história deste tema. Ficou entre outros de enorme relevo e também eles ambiciosos, que no entanto podiam ser ultrapassados com um pouco mais de risco assumido.
A história penso que merecia mais tempo para respirar. É um filme de 135min mas podia ser de 180... Há momentos do filme (não li o livro) que mereciam ser aprofundados, que mereciam dar-nos mais tempos para levar o soco no estômago ou para sentirmo-nos aliviados gradualmente... Destaco aqui a relação com o personagem interpretado pelo Pitt que podia ser melhor trabalhada.
O Ejiofor está para o filme como o filme está para o Cinema... Chegou aos 100% com uma qualidade constante e sem comprometer minimamente, mas também podia ter assumido um risco maior. Risco esse assumido pelo Fassbender que se explica pelos próprios contornos do personagem e pela qualidade do actor que provavelmente ficará a meio da carreira perto do Olimpo.
Nas pequenas aparições destaco o Giamatti que está fantástico, o Pitt que está coeso e sem grande aparato devido ao personagem que interpreta e o Paul Dano que parece um pouco parvo demais... adoro o actor, tem-me surpreendido em quase tudo o que faz e especialmente na carreira que tem escolhido, mas penso que aqui é mesmo demasiado pateta, o que, mais uma vez, parece cumprir e na perfeição o que era pedido.
É claramente um filme de Óscar, um filme que ao ser premiado ninguém vai dizer que é um escândalo ou que é mal entregue. É muito unânime e atenção: Acho mesmo que é um muito bom filme, mas esperava que fosse um daqueles filmes que aparecem 1x de 10 em 10 anos e não foi o caso...
Golpes Altos: Realização, coesão do filme, todas as interpretações também elas muito responsáveis e novamente a Realização. É para mim o maior destaque. Outro momento alto é a relação do Fassbender com a Pats.
Golpes Baixos: Ausência de risco assumido pelo Realizador e até pelo Actor Principal. Lugares comuns em demasia (difícil de fugir aos mesmos, aceito).
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Com este tema é muito difícil fugir dos lugares comuns… Eu gostei do filme e achei-o um dos mais interessantes do género. Contudo, acho que os murros no estômago deviam ser mais fortes, nada como o Shame em que o murro no estômago, que é o filme todo, me fez perder o sono por algumas horas! O Fassbender podia estar brilhante, está apenas mediano. Achei a realização um pouco insegura, mas com planos brilhantes, a banda sonora é soberba. Apesar de se manter a mestria de McQueen a filmar os personagens de dentro para fora, não é um daqueles filmes que andamos a digerir por vários dias, passa logo.
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ResponderEliminarÉ difícil claro, mas são os que conseguem que dão o salto qualitativo que este não deu. E o que dizes no fim foi o que senti mais do que devia... acabou o filme e podia ir ao McDrive comer um DoubleCheese e falar de Futebol...
ResponderEliminarFaltou desespero do nosso lado, mais do que no ecrã. Bom filme sem dúvida, mas para a semana já não me recordo de metade.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO Jeremy Irons disse uma vez, de uma forma redutora mas certeira, que o cinema americano é como ir para a cama com uma prostituta e o cinema europeu com uma mulher de quem gostamos muito. Parece-me que o grande McQueen demonstra bem esta tirada. Só espero que volte à mestria europeia do Hunger e do Shame, de que gostamos muito, pois com este '12 years', tivemos aquilo para que pagámos, mas não mais que isso!
ResponderEliminarKudos para o Giamatti! Brilhante, as usual!
A clássica generalização do Cinema Europeu ser melhor que o Americano é para mim absurda... Como em tudo há coisas boas e coisas más... O Cinema Europeu com menos dinheiro tenta ser mais pessoal e até assertivo e o Americano faz de tudo a toda a hora e tem provavelmente as maiores obras de sempre.
ResponderEliminarEu gosto é de bom cinema, seja ele de onde for...
Mas compreendo a comparação, os 2 que mencionas são certamente muito mais interessantes que este 12 Years a Slave, penso é que nada tem a ver com a origem mas sim o destino dos mesmos quanto muito.
Sundance é na Europa, não é? ;-)
ResponderEliminarGrande filme! Tenho de concordar que realmente a personagem do Brad Pitt podia ter sido mais explorada e tenho de fazer um pequeno remendo nesse texto todo: então e a Lupita?? Nem a mencionaste?? Acho que foi para além da Brie Larson (Short Term 12) a grande revelação feminina do ano! :)
ResponderEliminarAo escrever isto passei o tempo a pensar "no fim tenho de falar da pita... no fim tenho de falar da pita..." e falaste tu! Estrondosa a miúda, super revelação!
EliminarShame on me...