domingo, 26 de janeiro de 2014

Captain Phillips



Realizador: Paul Greengrass
Argumento: Billy Ray (adaptação)
Actores:  Tom HanksBarkhad AbdiBarkhad Abdirahman

Todas as nossas percepções e avaliações de entretenimento ou mesmo artísticas têm como base uma expectativa. A minha para este filme era muito baixa, o que o protegeu e de que maneira... 

Fui ver um filme de um Realizador de enorme qualidade a filmar especialmente cenas de Acção, sobre uma história conhecida de um dos dramas modernos de quem navega os oceanos do nosso planeta, com aquele que é provavelmente o actor mais mainstream do Cinema moderno e que arrisco dizer ser dos mais Profissionais que já vi. É claramente daqueles homens que sabendo não ter um talento especial muito acima da média, substituiu-o por trabalho árduo e constante, a prova de que o sucesso vem do trabalho é a carreira do Tom Hanks que bem a merece. Há melhor que ele? Claro... muito melhor! Mas ele é um trabalhador que merece tudo o que teve sem peneiras. 

O filme conta a história verídica do Captain Philips que vê a sua embarcação ser invadida por piratas somalis. Todo o drama envolvido, as negociações e o momento chave em que se vê preso num salva-vidas com esses mesmos piratas. 

O que me surpreendeu no filme (e a ajuda do Greengrass foi preciosa aqui) foi a simplicidade da narrativa sem grandes necessidades de exagerar no drama, tendo o cuidado de mostrar a realidade dos piratas que não fogem ao papel de maus da fita mas deixando claro as suas "queixas" em relação aos americanos. Não é comum sequer haver esta hipótese de perceber o outro lado da moeda materializado aqui na necessidade de ir para o oceano correr riscos de vida em busca de tesouros chorudos.

A tensão típica de um resgate está lá toda, com picos muito interessantes sempre liderados pelo fantástico Muse (interpretado por Barkhad Abdi) que é claramente o ponto mais alto do filme. Uma interpretação de uma vida de um total desconhecido e que nos arrasta no filme para um mundo frágil, sem esperança e ao mesmo tempo muito humano. Este homem é a maior surpresa do ano até agora...

Penso que a negociação final do filme é já demasiado "herói americano" e "no final vencemos a todo o custo" e aí já quase me esqueci que até estava muito surpreendido com a qualidade do filme, ainda assim não o consegue estragar e desafio quem não gosta de Cinema mainstream a ir ver um bom exemplo de que esse Cinema constrói muitas vezes obras de qualidade.

O Tom Hanks está como sempre muito bem, sem rasgos de genialidade (que nem é costume tê-los excepto na cena clássica da Maria Callas no Philadelphia) mas muito profissional e a carregar a pequena parte do filme que o Barkhad Abdi não carrega.

Nunca na vida seria filme para prémios, mas o Barkhad Abdi merece todos e mais alguns.


Golpes Altos: A realização irrequieta do Greengrass serve este filme na perfeição e claro: Barkhad Abdi.

Golpes Baixos: Os últimos 15% do filme.

6 comentários:

  1. O Tom Hanks é o Tom Hanks, o Abdi foi sem dúvida uma grande revelação (ao lado de mais algumas que houve este ano) e o filme é sem dúvida um bom filme.
    Não acho que os 15% finais do filme tenham sido mais fracos, acho que foi um bom desfecho à acção toda que houve nos restantes 85%.

    Quanto a prémios, o filme está longe de ser dos melhores do ano, o Abdi merece sem dúvida reconhecimento pelo seu trabalho mas, pessoalmente, não é o meu preferido para actor secundário. E continuo a ser da opinião que o Brühl (em conjunto com o Rush em si) ficou esquecido nesse grupo.

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  2. Acabei por ver este fim-de-semana e não gostei particularmente.
    Achei um pouco previsível, tanto o filme em si, como os diálogos.
    Destaco a relação Hanks-Abdi como o melhor do filme, mas não se torna realmente marcante, não tem um efeito em quem vê realmente desesperante, de nos colocar no lugar dele, de querer aquele final que não outro...não me encheu as medidas.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Bom, bom. Gostei mesmo deste filme. Grande fotografia, ultra realista (típico Greengrass, entre o longa e o doc), montagem periclitante que encaixa na perfeição com a tensão que a trama nos transmite, um Hanks que, como dito no texto, é sempre impecável e uma lufada de ar fresco chamada Barkhad Abdi que nos conquista desde início.

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