terça-feira, 2 de dezembro de 2014

The One I Love



Realizador: Charlie McDowell
Argumento: Justin Lader
Actores: Mark Duplass, Elisabeth Moss, Ted Danson


Até onde vamos para salvar uma relação?
O que queremos salvar é a relação ou a nós próprios? 

Este filme começa com uma história comum... um casal com problemas, visita um terapeuta que os convida a ir passar um fim-de-semana num refúgio fantástico, que já tinha ajudado casos semelhantes aos deles. 

Quando chegam lá, as suas rotinas longe de casa mudam, as brincadeiras voltam, os bons momentos também... Descobrem uma espécie de anexo da casa, que partilha do mesmo conforto da casa principal, da mesma decoração... romântico, acolhedor, o que eles precisam! 

A partir daqui meus amigos... o Filme cria uma "fritadeira" que está no limbo entre o interessante e o descalabro. Na minha opinião nunca resvala para o descalabro, mas sei que a linha é ténue e que não será unânime :) 

A partir daqui o casal é posto à prova como nunca, posto à prova com eles próprios, posto à prova com as suas melhores e as suas piores versões, as mudanças que ele quer ver nela e que ela quer ver nele, a resistência a essas mesmas mudanças na casa principal, mas não no refúgio do anexo. 

Não querendo levantar mais o véu, acho que é um Filme que deviam ver, tendo em conta o que podemos tirar dele. O quanto procuramos por nós nas nossas relações, o quanto procuramos uma pessoa que idealizamos e não a que temos, como se tivéssemos objectivos para essa pessoa. O quanto exigimos da outra pessoa uma forma de estar que nos agrada, mas que não vai de encontro à sua personalidade. 

Este filme retrata uma aparente luta desigual, entre 2 realidades em tudo semelhantes, mas diametralmente opostas no que toca às sensações que transmitem. 

No final... o que será que interessa? O quanto queremos que a pessoa que esteve connosco a vida toda, se encaixe naquilo que nós somos e naquilo que é a nossa relação, doa o que doer? Ou moldá-la à nossa vontade de forma a conseguir o que queremos, num processo bem menos altruísta mas que não é mais que um excelente pequeno-almoço todos os dias? 

Nota final para a dupla de actores: Um dos maiores ícones do Cinema Indie (Duplass) e uma Moss que explodiu com a série Mad Men, estando agora a dar alguns passos interessantes em Cinema. Duas interpretações difíceis e muito coesas, dele principalmente, que é impossível não gostar. 


Golpes Altos: O exercício demente e desconexo a que o Filme nos obriga. A sensação de soco no estômago de um Filme aparentemente inofensivo. Os actores. Uma excelente surpresa este McDowell que realiza a sua primeira longa metragem com muitos detalhes de bom gosto. 

Golpes Baixos: Algumas precipitações dos personagens, mais dele que dela... Aparentemente descabidas e menos fluídas. Um Filme com algumas bizarrias, merece algum tempo para entrarmos no que nos querem passar, penso que este tem fases em que nos deixam cair de uma altura considerável. 

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