terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
La Grande Bellezza
Realizador: Paolo Sorrentino
Argumento: Paolo Sorrentino
Actores: Toni Servillo, Carlo Verdone, Sabrina Ferilli, Carlo Buccirosso
Roma, cidade cheia de histórias para contar, charme para sentir, cultura para devorar, alguns excessos e uma "high society" reconhecida e influente. Os Italianos vivem orgulhosos de uma obra de grande qualidade que é também uma das ferramentas que critica mais ferozmente a sua sociedade, isto num país onde a ambição do reconhecimento a todo o custo é enorme, onde o show-off e a exuberância são parte integral daqueles que querem estar na boca do povo.
O Sorrentino apresenta-nos Jep, um homem interessante, charmoso, culto, reconhecido, conhecido, exuberante e acima de tudo apaixonado pela vida querendo absorver tudo dela, com todos os excessos a que tem direito e assumindo a conta dos mesmos. Jep personifica a Itália que descrevi no parágrafo acima. Jep organiza e consome as melhores festas da cidade, Jep conhece todos os recantos culturais da cidade, Jep conhece todas as pessoas que se quer conhecer, Jep envolve-se com todas as mulheres que o mundo deseja. Mas Jep é também um solitário, a confidente é apenas a sua empregada que os espera todas as tardes quando ele acorda. Jep é o seu próprio amante porque de tudo o que devora pouco fica...
Um filme que é também um puzzle de emoções, de momentos fantásticos, de recantos sombrios de uma personalidade forte mas ao mesmo tempo deambulante na sua própria fragilidade. Jep passa por alguns momentos de pura amargura que o leva a colocar tudo em causa, que o leva a repensar as relações, os discursos, as discussões e até a crença que possa ter, não estivéssemos a falar do país mais intrinsecamente ligado à Igreja do nosso pequeno planeta azul.
E sim, o filme na sua recta final acrescenta o elemento da crença e eu esperei-o durante o filme todo. A crítica é "a direito" mas deixou-me desiludido. Até aqui o filme encheu-me as medidas de forma quase absoluta tendo em conta que não é fácil de digerir, nesta recta final acabou por não atingir as minhas expectativas. O que não quer dizer nada, é só uma opinião pessoal sem grande base de argumentação. Acho que aqui podia ter-nos colocado numa posição mais real e menos conceptual... é quase uma paródia (ou é mesmo!) mas eu que não sou católico esperava mais.
O filme é lindíssimo, o cinema italiano que já foi o mais poderoso do mundo está cada vez mais forte e não me parece que isso possa ser menos que uma das melhores notícias da 7ª arte.
A realização está cheia de charme, cheia de sentido e que tinha TUDO para se "perder" nos excessos esquecendo-se de tudo o resto... mas não o fez e é de louvar. Extremamente eficaz!
Toni Servillo é um ator acima da média, eu nunca tinha visto nada com ele e fiquei extremamente curioso. É um ator à antiga completamente esmagador. Todas as interpretações satélite são de relevo, não gostei da freira (que não é culpa da atriz) mas de resto a direção de atores está de Parabéns.
Um filme lindíssimo com muita coisa que já vivemos, que queremos vir a viver e que servirá para reflectir...
Golpes Altos: Beleza, Toni Servillo, Realização cuidada e sem excessos e outra vez Beleza...
Golpes Baixos: Recta final do Filme.
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