Realização: Stephen Frears
Argumento: Steve Coogan e Jeff Pope
Elenco: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie
Kennedy Clark, Anna Maxwell Martin, Michelle Fairley
Admito que fui ver este Philomena com uma determinada
expectativa e saí da sala plenamente correspondido. Digo isto porque nas
últimas semanas houve algum buzz à
volta do filme que desde logo me cheirou a exagero, daí ter mantido algumas
reservas. E dei-me bem. É um pouco no registo do The King’s Speech de há uns anos: bom, mas calma com a excitação.
Não me interpretem mal, Philomena é a uma enésima produção de
qualidade BBC: película séria, tocante, com excelentes interpretações, pinceladas dum humor tão ingénuo quanto inteligente. E além disso é reforçada
por uma temática repleta de coragem e heroicidade: partindo da obra do
jornalista Martin Sixsmith, um caso verídico acerca das adopções forçadas
praticadas pela Igreja Católica na Irlanda dos anos 50, e da septuagenária
Philomena Lee que, com a ajuda do próprio Sixsmith, um ex-correspondente da BBC
em Moscovo e assessor do Partido Trabalhista de Tony Blair recentemente
demitido, consegue finalmente descobrir o paradeiro do filho perdido há meio
século, levando-a numa jornada emotiva pelos EUA e de volta à Irlanda.
Dame Judi Dench é sempre um deleite, com aqueles olhos azuis
profundos e aquela expressividade encantadora (confesso o meu fascínio pelas
clássicas actrizes oriundas do teatro britânico, Maggie Smith, Vanessa Redgrave,
Helen Mirren, entre outras), Steve Coogan está muito bem num registo tão
educado e paciente quanto irónico e resmungão, como quem diz constantemente
“não me apetece contar histórias destas mas não tenho mais nada para fazer e,
porra, já simpatizo com a velha e aquelas freiras eram uns monstros”, e entre
ambos cria-se uma química engraçada, que sustenta o filme, centrada nos opostos
das educações, das vivências e sobretudo das crenças – uma religiosa convicta
que tem a tolerância e a capacidade quase divina de perdoar o que lhe fizeram,
e um ateu amargurado e desiludido com a sociedade devido a um retrocesso na
carreira.
Resumindo, é mais um exemplo
daquilo a que Frears nos vem habituando nos últimos anos – Mrs Henderson Presents, The
Queen, Chéri, Tamara Drew –, com a virtude de ser
superior a qualquer um dos outros; mas aquelas pinceladas diferenciadoras dum High Fidelity ou dum Dirty Pretty Things já não se
vislumbram.
Golpes Altos: Os actores. Uma
história séria e bem contada, sem demasiada lamechice.
Golpes Baixos: Nada de relevante.
O filme não pretende ser uma obra-prima e cumpre a premissa. Ah, as freiras…brrr,
medonhas.
Ele arrogantemente culto, despreza histórias de interesse humano. De repente vê-se no meio duma com uma senhora que adora romances Harlequin. Lovely!
ResponderEliminarAcabei de ver o filme para estar a 100% antes de começarem os Óscares...
ResponderEliminarQue delícia de Filme pah... Gosto até da dificuldade com que a química demora a aparecer, gosto que se perceba que mesmo pessoas muito diferentes conseguem encontrar algo que as una...
Odeio Freiras e "a Igreja Católica é que se devia confessar" <3
Como disse, pode ser surpresa na estatueta de Argumento Adaptado!