sábado, 22 de fevereiro de 2014

Philomena


Realização: Stephen Frears
Argumento: Steve Coogan e Jeff Pope
Elenco: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark, Anna Maxwell Martin, Michelle Fairley

Admito que fui ver este Philomena com uma determinada expectativa e saí da sala plenamente correspondido. Digo isto porque nas últimas semanas houve algum buzz à volta do filme que desde logo me cheirou a exagero, daí ter mantido algumas reservas. E dei-me bem. É um pouco no registo do The King’s Speech de há uns anos: bom, mas calma com a excitação.

Não me interpretem mal, Philomena é a uma enésima produção de qualidade BBC: película séria, tocante, com excelentes interpretações, pinceladas dum humor tão ingénuo quanto inteligente. E além disso é reforçada por uma temática repleta de coragem e heroicidade: partindo da obra do jornalista Martin Sixsmith, um caso verídico acerca das adopções forçadas praticadas pela Igreja Católica na Irlanda dos anos 50, e da septuagenária Philomena Lee que, com a ajuda do próprio Sixsmith, um ex-correspondente da BBC em Moscovo e assessor do Partido Trabalhista de Tony Blair recentemente demitido, consegue finalmente descobrir o paradeiro do filho perdido há meio século, levando-a numa jornada emotiva pelos EUA e de volta à Irlanda.

Dame Judi Dench é sempre um deleite, com aqueles olhos azuis profundos e aquela expressividade encantadora (confesso o meu fascínio pelas clássicas actrizes oriundas do teatro britânico, Maggie Smith, Vanessa Redgrave, Helen Mirren, entre outras), Steve Coogan está muito bem num registo tão educado e paciente quanto irónico e resmungão, como quem diz constantemente “não me apetece contar histórias destas mas não tenho mais nada para fazer e, porra, já simpatizo com a velha e aquelas freiras eram uns monstros”, e entre ambos cria-se uma química engraçada, que sustenta o filme, centrada nos opostos das educações, das vivências e sobretudo das crenças – uma religiosa convicta que tem a tolerância e a capacidade quase divina de perdoar o que lhe fizeram, e um ateu amargurado e desiludido com a sociedade devido a um retrocesso na carreira.

Resumindo, é mais um exemplo daquilo a que Frears nos vem habituando nos últimos anos – Mrs Henderson Presents, The Queen, Chéri, Tamara Drew –, com a virtude de ser superior a qualquer um dos outros; mas aquelas pinceladas diferenciadoras dum High Fidelity ou dum Dirty Pretty Things já não se vislumbram.

Golpes Altos: Os actores. Uma história séria e bem contada, sem demasiada lamechice.

Golpes Baixos: Nada de relevante. O filme não pretende ser uma obra-prima e cumpre a premissa. Ah, as freiras…brrr, medonhas.

2 comentários:

  1. Ele arrogantemente culto, despreza histórias de interesse humano. De repente vê-se no meio duma com uma senhora que adora romances Harlequin. Lovely!

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  2. Acabei de ver o filme para estar a 100% antes de começarem os Óscares...

    Que delícia de Filme pah... Gosto até da dificuldade com que a química demora a aparecer, gosto que se perceba que mesmo pessoas muito diferentes conseguem encontrar algo que as una...

    Odeio Freiras e "a Igreja Católica é que se devia confessar" <3

    Como disse, pode ser surpresa na estatueta de Argumento Adaptado!

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