1992. Alien 3. Típico filme “ou adoras ou odeias”. Disruptivo, estranho, mentecapto, claustrofóbico.
Eu venero, considero-o uma pérola
diferencial na sucessão a duas obras-primas mais “clássicas” da saga, mas conheço
muito boa gente que o detesta (até o próprio é um crítico acérrimo). Mas uma
coisa é inegável: não deixa ninguém indiferente. É marcante, indigesto até. E
aos 30 anos não é uma má estreia na realização.
1995. Segunda longa-metragem, sai
um dos melhores thrillers norte-americanos dos últimos 20 anos. Seven.
Pitt começa a mostrar-se noutro
género – até aí os seus papéis relevantes tinham sidos em épicos romanceados
como A River Runs Through It
e Legends of the Fall –, Freeman
confere seriedade e sobriedade ao projecto e Spacey rebenta todas as escalas e
mais alguma com uma daquelas interpretações de época: curtas aparições, poucas
falas e um impacto visceral. John Doe ecoa durante alguns meses na nossa
memória e Fincher transporta-nos para o universo dum The Silence of the Lambs, obrigando muitos a tomar nota do seu
nome.
1997. The Game. Fincher
confirma a sua veia meio lunática num jogo surreal onde nada é o que parece.
Bom filme. Não é excelente, longe disso, mas é filmado de forma segura,
bem dirigido – um Douglas competente e um Penn com excelentes momentos – e sustenta-se
sempre numa tensão e num jogo de espelhos que nos agarra até final. Pena o
desfecho, mas Fincher redimir-se-ia meses depois.
1999. À quarta película e poucos anos volvidos da estreia, eis Fight Club. O filme de culto que todos
os criadores da nova geração querem fazer mas pouquíssimos conseguem. Um Rebel Without a Cause dos nossos dias.
Ninguém esperava algo assim. Fight
Club é um exercício cénico brilhante, uma dissertação surrealista, uma
descarga de violência e lunatismo ímpares. Nada faria prever que num ano com
tão bons filmes como American Beauty,
Magnolia, Being John Malkovich, Sweet
and Lowdown, The Insider ou Boys Don't Cry, seria a sórdida e psicoterapêutica adaptação da obra homónima de Chuck
Palahniuk a elevar-se sobre tudo o resto. Sem obviamente ter qualquer reconhecimento ao nível de prémios ou nomeações. Claro.
A esse “aparecimento” segue-se
uma carreira sólida, bem delineada, a
tocar em vários géneros, mas em última instância com um regresso quase sempre
natural ao thriller. Zodiac (2007),
um policial negro e cerebral, e The
Social Network (2010), provavelmente o melhor “filme empresarial” pós-Wall Street, são as grandes obras fincherianas dos últimos anos.
Embora nada chegasse a Fight Club. É e será a sua obra-prima. Intocável. Como li algures, "Fight Club is shaping up to be the most contentious mainstream Hollywood meditation on violence since Stanley Kubrick's A Clockwork Orange."
David Fincher teve algum impacto no cinema norte-americano das duas últimas
décadas. Diria até muito para quem gosta dele como eu.
Pulsante mas coeso, inovador e sempre estimulante, o tipo introvertido de
Denver que veio da direcção de vídeos musicais (chegou a vencer Grammys e MTV
Videos com Stones e Timberlakes) acabaria por tornar-se naturalmente num dos nomes principais do “novo
cinema americano”, do qual fazem parte cabeças tão distintas como P. T. Anderson,
Darren Aronofsky, Spike Jonze ou Wes Anderson.
Ele publicamente diz que nem reconhece o Alien 3 como sua obra :) de tanto ódio que lhe destila...
ResponderEliminarO Fight Club foi um dos maiores flops de bilheteira, ele depois faz o Panic Room de "borla" para poder recuperar algum ao estúdio... Meses mais tarde, o mesmo flop de bilheteira foi o DVD mais vendido de sempre (na altura em que saiu). Engraçado como há filmes marcantes e que ficam para a História que nem sempre são reconhecidos no imediato.
O Seven é melhor que o Fight Club, mas o Fight Club será sempre o Filme mais animal do gajo... Nem sempre gostamos do que é melhor...
PS: não suporto o Zodiac, é mais mastigado um pacote inteiro de Super Gorila...
PPS: e ainda tem 2 episódios e muita influência no House of Cards :)
Curtas:
ResponderEliminar- Pertenço a um restrito grupo, meio obscuro e mal encarado, que se reúne anualmente numa cave em Sacavém, que ADORA o Alien 3. Que hei-de fazer?:) Cada um com a sua pancada. O filme é incrível.
- Arrisco em dizer que nem 10% das pessoas que viu numa primeira vez o Fight Club percebeu até onde ia, a sua essência. Eu pelo menos tive de vê-lo umas 3 vezes até assimilar grande parte da mensagem. E ainda hoje não sei se o entendo por completo. Tal como aconteceu com o referido A Clockwork Orange 20 anos antes.
É sem dúvida o melhor filme dele, acho-o inclusivamente muito superior ao Seven - e fiz o elogio que fiz ao mesmo, o qual mantenho. Mas é normal, sou o tipo que coloca o Fight Club como um dos seus 10 ou 15 filmes preferidos de sempre.
- O Zodiac é bom, pa. Muito bom até. É algo massudo, sim, mas é incrivelmente bem contado e tem desempenhos fortíssimos (é dos melhores papéis do Ruffalo e até do Gyllenhaal, que é um gajo para o qual tenho pouquíssimo saco).
O Alien 3 é demais, eles não têm armas e a Ripley morre! Também acho o Seven superior ao Fith Club.
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