Realização: Morten Tyldum
Argumento: Graham Moore
Elenco:
Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Mark Strong, Charles
Dance, Rory Kinnear
Biopics sobre génios da Humanidade, mais ou menos
(re)conhecidos, que a determinada altura tiveram um papel importante ou até
mesmo decisivo no rumo da História há às carradas em décadas de cinema. O
problema hoje em dia prende-se com a capacidade de ser inventivo, original na
abordagem e, simultaneamente, manter a qualidade da narrativa, da fidedignidade
da trama e do nível das interpretações.
The Imitation Game não cumpre com esses requisitos. Ou
melhor, digamos que é uma simples e descafeinada biografia, enaltecimento de
Alan Turing, brilhante matemático e cientista inglês, personagem pouco
conhecida mas preponderante no desenlace da Segunda Grande Guerra.
Resumindo em poucas linhas, Turing e a sua equipa,
contratados secretamente pelos serviços de inteligência britânicos, após meses
de trabalho e vicissitudes desenvolveram a chamada Turing machine, preâmbulo
dos computadores actuais, que permitiu descodificar a evoluída máquina de
encriptação nazi Enigma. Assim, mensagens e movimentações de guerra germânicas
foram interceptadas e consequentemente antecipadas e a vitória aliada acabaria
por ocorrer mais cedo.
É justo dizê-lo, Cumberbatch, com o seu ar estranho,
desconfiado, quase vazio, personifica de forma competente um Turing com vários
problemas de sociabilização, tímido e deveras complexado, que esconde a sua
homossexualidade e o trauma duma perda passada.
Mas o problema na película do norueguês Morten Tyldum, numa
primeira aventura por produções anglo-americanas, é que a parte boa fica
praticamente por aí. Há ainda umas tiradas descontraídas e engraçadas – a
anedota do urso, a cena do engate de Hugh no bar –, mas nos momentos dramáticos
o filme espalha-se ao comprido. Não há alma, não há intensidade, as tensões são
tocadas ao de leve, as emoções mal geridas, mal trabalhadas, e o resultado
claramente desinteressante.
Mesmo a questão da perseguição aos homossexuais durante
décadas, que Turing acabou por sofrer com consequências trágicas, é explorado
somente nos últimos 15 minutos e numa cena algo soporífera.
A ajudar, dois pontos negros mais: os flashbacks para a
infância são exagerados e algo macabros, com um Turing novinho que parecia
saído dum filme de terror; e, ainda mais importante, o restante elenco tem um
desempenho entre o fraco e o fraquíssimo, com destaques para Knightley, que por
muito que se esforce não é mais do que uma carinha bonita; Strong, que parece
que está nos Oceans, de tanto estilo que vai largando; e Dance, que por muito
que aprecie, tem uma não-personagem de tão oco que é o seu “lobo mau”. Ah, e
isto sem contar com o espião metido a martelo que puseram lá no meio! Momento
infeliz.
Golpes Altos: Cumberbatch (este tipo anda lançado!). A
exposição da vida de Turing e do seu trabalho.
Golpes Baixos: A "normalidade" e falta de ambição
do projecto, da narrativa e da forma que foi contada. A ausência de
intensidade, de dramatismo – não há entranhas neste filme. Todas as restantes
personagens.
Concordo em absoluto com a crítica. A interpretação do Cumberbatch é o único ponto forte deste filme que, não sendo mau, é oco, esquecível, vulgar, 'Oscar-bait' até mais não. Não se percebem as nomeações a melhor realizador e melhor actriz secundária.
ResponderEliminarO Alan Turing e a sua história mereciam uma biografia cinematográfica muito mais competente.
Concordo com 3 pontos, a interpretação genial do Cumberbatch, aquele espião metido ali no meio sem grande jeito e a falta de exploração no tema da homossexualidade.
ResponderEliminarMas não concordo que a Keira esteja mal ou que o filme não valha a pena por mais nada que não seja o Cumberbatch.
No geral gostei bastante, mas também pode ter sido da desilusão que apanhei com o Foxcatcher e ter visto este logo de seguida...
Pegando nos adjectivos da Hopscotch, acima de tudo o filme pareceu-me vulgar e completamente esquecível. É demasiado leve e desalmado e em momento algum aquelas personagens chegam a nós com a intensidade com que deviam. Pelo menos foi o que senti.
EliminarQuanto à Keira, a expressão é sempre igual. Sempre. Feliz ou triste, desafiante ou submissa, entusiasmada ou deprimida. E seja num filme de 2005 ou numa película de 2015. Guardo dois papéis dela que gostei: a Sabina de A Dangerous Method e a Penny de Seeking a Friend for the End of the World. E simplesmente gostei, nunca admirei.