Realização: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Argumento: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen
Stewart, Kate Bosworth, Hunter Parrish, Shane McRae, Stephen Kunken
A maior proeza neste Still Alice,
e o que o torna uma película de qualidade mediana e não só uma demonstração de
virtuosismo de acting de Julianne
Moore, é o facto das outras personagens não serem somente adendas ao texto. Não
são só poeira à volta, jogadores com quem Julianne faz tabelas. São mais do que
isso, são pessoas de carne e osso, a quem o Alzheimer da matriarca familiar
afecta, e muito, mas que não têm outra solução senão “go
on with their lives”.
O filme não flui para aquilo que
seria previsível, um melodrama cliché em que a encenação de Moore, a
banda-sonora e os planos nos levassem de lágrima em lágrima até à catarse
final; acaba antes por narrar paulatinamente a evolução da família de Alice, as
suas decisões, as suas conquistas – a fertilização in vitro de Anna e Charlie, as primeiras conquistas teatrais de
Lydia e a altruísta e humana decisão de voltar a Nova Iorque para cuidar da mãe,
a proposta da clínica privada em Minnesota que John não pode ignorar nem
recusar –, paralelamente à evolução da doença da mãe, mulher e amiga, e da sua
luta diária.
Assim, e mesmo não arrancando
daqui uma peça extraordinária, Richard Glatzer e Wash Westmoreland conseguem,
nesta adaptação da recente obra homónima da neurocientista Lisa Genova, que o
seu filme tenha uma estrutura e uma história de verdade que alicerce a odisseia
decadente de Alice. Porque quando assim não é, e a história fica reduzida à
performance individual, regra geral o filme é menos filme.
Quanto a Julianne, nada do que
não tenha sido dito e escrito nos últimos meses: um dos melhores desempenhos da sua
carreira (e não foram poucos), conferindo à sua Alice uma aura de fragilidade e
desespero contidos, sempre amparados numa razão, numa sagacidade e numa
abertura de espírito que (quase) sempre se sobrepõem e que a fazem ver com
clareza que aquela luta é desigual mas tem de ser travada. Quanto mais não seja
para que os últimos momentos sejam menos cruéis. E é curioso que mesmo quando
desiste, no momento em que tenta suicidar-se – momento esse pré-concebido pela
tal racionalidade –, seja o destino a não querer que Alice sucumba perante o
fatalismo e a desistência.
Golpes Altos: Julianne Moore. É uma
agradável surpresa que o filme não se cinja a ela mas o seu papel é o corpo e a
alma. Excelente. Kristen Stewart tem uma performance séria e consistente – gosto dela e julgo que tem futuro, vá lá perceber-se. A capacidade dos realizadores
em darem “alma” às restantes personagens, em redor e em paralelo a Alice.
Golpes Baixos: Gosto muito de
Alec Baldwin para determinados papéis mas aqui parece-me deslocado – a pinta
de “carapau de corrida” é excessiva. A falta de ambição (ou capacidade)
narrativa, na ambiguidade dos diálogos, para elevar o filme a outro nível.
A Julianne Moore fazia o filme sozinha se preciso! Mas este filme até me fez olhar para Kristen Stewart de outra forma, talvez, só talvez, haja ali algum talento...
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