A propósito do excelente Fury, que seguramente terá direito a “golpe”
brevemente, comecei a reflectir sobre a carreira de Brad Pitt e ocorreu-me lançar-vos
a questão: top-5 de papéis de Pitt?
Numa carreira longa, com “apenas”
50 anos – sim meninas, aquilo já tem 50 anos! – mas com mais de 40 películas no
cadastro, Pitt acabou por passar por todas as fases: desde os filmes que não
interessam a ninguém, de início de carreira (menção para Thelma & Louise), passando por películas fracas, e isto sendo
simpático (Meet Joe Black, The Mexican, Troy, Mr. & Mrs. Smith,
Babel ou The Counselor), até a várias obras de grande nível onde, apesar de
ter óptimos desempenhos, não é o centro gravitacional do filme. Ou pelo menos
se é, não é nele que reside o maior brilhantismo. Casos como Interview with the Vampire ou Seven.
Mas voltando ao que interessa,
aos grandes papéis de carreira. Vi-me grego para compor o meu top-5 – e ainda
tenho dúvidas quanto ao mesmo! – mas aqui vai:
5. Twelve Monkeys, de Terry Gilliam (1995) –
Metascore: 74/100 * The Tree of Life, de Terrence Malick (2011) –
Metascore: 85/100
Tive de conceder um empate,
desculpem. Personagens tão diferentes mas tão marcantes na carreira do actor, Jeffrey
Goines e Mr. O’Brien podem servir muito bem como arquétipos de realidades
distintas na carreira de Pitt. E com mais de 15 anos de diferença.
Gilliam queria inicialmente Jeff
Bridges no papel e Pitt foi uma segunda escolha; consultou especialistas,
passou semanas em instituições psiquiátricas e na tela acabou por ser do mais
esquizofrénico e lunático de que há memória.
Já com Malick teve a sua
personagem mais normal, mais ambígua, mais contraditória nos sentimentos, nas
necessidades, na interacção com a família e os seus próprios dilemas éticos e
morais. Mr. O’Brien nem é bem uma personagem, é a mais humana das criações de Pitt.
4. The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, de Andrew Dominik (2007) – Metascore: 68/100
A estreia de Dominik é toda ela
um poema cinematográfico que só há pouco tempo descobri e onde Pitt é um
estrondo. Um estrondo sobretudo no estilo, melancólico, angustiado, quase
torturado. Mas sempre com uma altivez dominante, um egomaníaco, mesmo quando todo
o poder lhe foi usurpado pelas circunstâncias e pelo inevitável destino.
3. Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino (2009) – Metascore:
69/100
Trabalhar com Tarantino dá nisto.
Ainda está para nascer o actor que, sob a direcção de Quentin, não tenha uma
das melhores interpretações da carreira. De Keitel a Travolta, passando por
Thurman e terminando em Di Caprio ou Pitt.
O Tenente Aldo Rayne é uma
paródia memorável de princípio a fim.
2. Moneyball, de Bennett Miller (2011) –
Metascore: 87/100
Estive muito, mas mesmo muito
indeciso entre o 1º e o 2º classificados. Acabei por decidir com o coração, por
assim dizer. Ainda assim julgo que, para lá da “brutalidade” cénica e artística
que encerra a outra personagem, para mim é neste manager de beisebol que
reinventa a ordem natural do jogo que Pitt se consagra como grande. Em termos
técnicos, de liderança do projecto, de maturidade.
Um lead role tão simples e simultaneamente tão complicado, um
profissional comum, obcecado em alterar estruturas e mentalidades, um
visionário, mas sem trejeitos, sem atitudes disfuncionais, sem um comportamento
errático.
Não há muito tempo li isto numa crítica que
penso que resume tudo: “No, Pitt didn’t
do anything crazy in this role, but that’s what makes his effort in Moneyball
all the more impressive. It’s one of the first times where his character looks
totally comfortable on screen, and the movie’s success can be directly
attributed his Oscar-nominated performance.”
1. Fight Club, de David Fincher (1999) – Metascore:
66/100
Tyler
Durden. Quem mais? Avisei logo que tinha sido emocional na escolha.
O filme de Fincher, mesmo tendo o estatuto de culto que ganhou,
é ainda mais marcante para mim. Inacreditavelmente marcante. E Pitt é o diesel
do filme, é quem faz com que tudo mexa, tudo carbure, tudo evolua à sua volta. Repetindo-me, há ali uma “brutalidade” cénica e artística sem paralelo na carreira do actor.
Fisicamente poderoso, tão cool e confiante como manipulador, psicologicamente electrizante.
Persuasão, arrogância, violência. Tudo levado ao limite do real. (E do surreal.)
Tyler Durden é o meu Brad Pitt. E o vosso?
P.S. – Menções honrosas para A River Runs Through It, Snatch, Burn After Reading e The Curious Case of Benjamin Button. Ah, e os Oceans, claro.
Eu icluía aí também o "Troy".
ResponderEliminarPara mim é o Tyler Durden e nenhum filme de Terrence Malik constaria de uma lista minha!
ResponderEliminarO Babel é um Filme muito bom, mas que não suporto... mas dizer que é mau... oh JP, nem o Mourinha se lembrava disso pah! :D
ResponderEliminarE adoro a 1ª cena do Troy... ponto.
1- Fight Club
2- Inglourious
3- Jesse James
4- Snatch
5- Tree of Life
Não é que seja mau, excedi-me, sobretudo tendo em conta ao pé de que filmes o coloquei - não pertence realmente a um grupo com The Mexican ou Mr. & Mrs. Smith - mas é uma seca de primeira.
EliminarMas digamos que é um filme com alguma qualidade, vá. Isso do muito bom também já exagero, lol.
O Troy acho mesmo fraquíssimo. Com o pior Eric Bana de que me lembro.
Ah, e sabia tanto que ias pôr aí o Snatch...:)
EliminarComo não?? É um papel divertidíssimo... E acho que é importante que consigas e saibas ser divertido em Cinema.
EliminarO 12 Monkeys tem um problema para mim que já falámos "N" vezes: é fácil fazer papel de louco... qualquer gajo consegue fazer isso... uns melhor, outros pior, mas é uma coisa tão diferente e com tanto para trabalhar, que é fácil dar nas vistas! Basta ser-se... louco! Uma coisa é um louco reprimido... isso é difícil, agora um louco histérico? Easy :)
O Troy é fraco, mas essa cena... com ele a dar o saltinho para matar o gigante? Que bom pah!