sábado, 15 de novembro de 2014

Magic in the Moonlight


Realização: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Simon McBurney, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Hamish Linklater

Nos últimos anos, e desde o delicioso Bullets Over Broadway, Woody Allen já nos habituou a este vagar: adora fazer uma película por ano, é quase sagrado, mas como não consegue manter o nível qualitativo em todas – o que é relativamente normal quando a produção é tão fértil e cadente –, acaba por dar-nos um brilhante de tempos em tempos, como Sweet and Lowdown em 1999, Match Point em 2005 ou Midnight in Paris em 2011, e uns quantos cumpridores no resto do tempo.

Dentro dessa bitola de “filme porreiro para cumprir calendário” há uns melhores do que outros, claro, mas verdade seja dita que raramente há um declaradamente fraco. Allen mantém-se um estupendo contador de histórias, criador de diálogos memoráveis, e isso não muda. E mesmo algum que possa considerar-se menos bom vai muito do gosto pessoal – por exemplo, o único Allen de que não gosto declaradamente nos últimos anos é Cassandra’s Dream (tenho um problema de irritabilidade com o Colin Farrell) mas admito que para muitos o filme até seja aceitável. Da mesma forma que entendo que a gritaria desmesurada dum Vicky Cristina Barcelona agrade a gregos mas não tanto a troianos ou o fresco de alta sociedade que é Celebrity tenha ou não alguma piada.

Dito isto, Magic in the Moonlight é uma dessas histórias que não nos trazem nada de novo, que não nos despertam sensações fortes – o murro no estômago de Match Point, a nuvem de fábula de Midnight in Paris ou o papel de carreira de Cate Blanchett com a sua Jasmine – mas, como quase sempre, faz-nos passar um bom bocado.

O casting é óptimo, com um Colin Firth tão arrogante, céptico e azedo quanto charmoso, subtil e engraçado (admitamos, desde A Single Man que o homem não faz nada mal!), uma Emma Stone que cria uma “luz própria” muito alegre e inocente na sua personagem, um Simon McBurney impecável como amigo, traiçoeiro mas amigo (gosto tanto daquele british carregado e aquele timbre de voz!) e terminando numa deliciosa Eileen Atkins como tia cúmplice e conselheira; a história é simples mas como sempre muito bem contada e com um twist tão esperado mas não menos agradável; e os planos luminosos da Riviera Francesa completam o quadro, quase como contraponto ao “cinzentismo” da personagem de Firth.

Magic in the Moonlight é Allen em piloto automático e não acrescenta nada à sua filmografia e à nossa admiração pelo próprio. Certo, ninguém discute isso. Mas, como quase sempre, é uma hora e meia de cinema que nos sabe bem. E os diálogos brilhantes, em maior ou menor quantidade, aparecem sempre.

Golpes Altos: O elenco (já disse que adoro o Firth?).

Golpes Baixos: O cliché do argumento e sobretudo a carência de novidade e relativa falta de estímulos no cinema de Allen. Mas lá está, com tantos, tantos filmes em cima é relativamente normal.

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