Realização: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Simon McBurney,
Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Hamish Linklater
Nos últimos anos, e desde o
delicioso Bullets Over Broadway, Woody
Allen já nos habituou a este vagar: adora fazer uma película por ano, é quase
sagrado, mas como não consegue manter o nível qualitativo em todas – o que é
relativamente normal quando a produção é tão fértil e cadente –, acaba por
dar-nos um brilhante de tempos em tempos, como Sweet and Lowdown em 1999, Match
Point em 2005 ou Midnight in Paris
em 2011, e uns quantos cumpridores no resto do tempo.
Dentro dessa bitola de “filme
porreiro para cumprir calendário” há uns melhores do que outros, claro, mas
verdade seja dita que raramente há um declaradamente fraco. Allen mantém-se um
estupendo contador de histórias, criador de diálogos memoráveis, e isso não
muda. E mesmo algum que possa considerar-se menos bom vai muito do gosto
pessoal – por exemplo, o único Allen de que não gosto declaradamente nos
últimos anos é Cassandra’s Dream
(tenho um problema de irritabilidade com o Colin Farrell) mas admito que para
muitos o filme até seja aceitável. Da mesma forma que entendo que a gritaria
desmesurada dum Vicky Cristina Barcelona
agrade a gregos mas não tanto a troianos ou o fresco de alta sociedade que é Celebrity tenha ou não alguma piada.
Dito isto, Magic in the Moonlight é uma dessas histórias que não nos trazem
nada de novo, que não nos despertam sensações fortes – o murro no estômago de Match Point, a nuvem de fábula de Midnight in Paris ou o papel de carreira
de Cate Blanchett com a sua Jasmine – mas, como quase sempre, faz-nos passar um
bom bocado.
O casting é óptimo, com um Colin
Firth tão arrogante, céptico e azedo quanto charmoso, subtil e engraçado
(admitamos, desde A Single Man que o
homem não faz nada mal!), uma Emma Stone que cria uma “luz própria” muito
alegre e inocente na sua personagem, um Simon McBurney impecável como amigo,
traiçoeiro mas amigo (gosto tanto daquele british
carregado e aquele timbre de voz!) e terminando numa deliciosa Eileen Atkins como
tia cúmplice e conselheira; a história é simples mas como sempre muito bem
contada e com um twist tão esperado
mas não menos agradável; e os planos luminosos da Riviera Francesa completam o
quadro, quase como contraponto ao “cinzentismo” da personagem de Firth.
Magic in the Moonlight é Allen em piloto automático e não
acrescenta nada à sua filmografia e à nossa admiração pelo próprio. Certo,
ninguém discute isso. Mas, como quase sempre, é uma hora e meia de cinema que
nos sabe bem. E os diálogos brilhantes, em maior ou menor quantidade, aparecem
sempre.
Golpes Altos: O elenco (já disse
que adoro o Firth?).
Golpes Baixos: O cliché do
argumento e sobretudo a carência de novidade e relativa falta de estímulos no
cinema de Allen. Mas lá está, com tantos, tantos filmes em cima é relativamente
normal.
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