Realização: David Dobkin
Argumento: Nick Schenk, Bill Dubuque
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera
Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D’Onofrio, Jeremy Strong, Dax Shepard, Leighton
Meester
The Judge deixou-me algo desiludido, não tanto porque não tenha
gostado do filme, não é isso, mas pela sensação de que noutras mãos teria saído
algo mais contundente, por assim dizer.
A história, simples, gira em
torno dum advogado de sucesso em Chicago que, com o casamento a colapsar e
emocionalmente instável, recebe a notícia de que a mãe havia falecido. Desse
modo tem de regressar ao fim de muitos à sua terra natal, no interior de
Indiana, onde terá de lidar novamente com a incompatibilidade com o pai, o
austero e conservador juiz da cidade.
A partir daqui a trama
desenrola-se à volta do juiz, da doença terminal encoberta que carrega, e duma
acusação de homicídio, com base numa suposta vingança pessoal passada, que
poderá levá-lo à cadeia e, acima de tudo, manchar a reputação de um dos homens
mais ilustres e respeitados da cidade. A menos que o filho o consiga defender,
algo que ele a dado momento relutantemente aceita.
O problema é que se no tribunal
ainda obtemos algumas cenas com relativa intensidade – com Thornton em bom plano
como advogado de acusação –, já no plano familiar as situações de tensão
raramente são exploradas da forma crua e quase voyeurista que deveriam ser, de
modo a que fossem efectivamente duras e dramáticas. Há sempre um registo
demasiado leve, demasiado bonacheirão, com Downey Jr. a mandar umas piadas pelo
meio, que acaba por não pegar completamente. E é somente nos momentos em que Duvall agarra o filme que sentimos que está no trilho certo, que a carga dramática e
moral é a que queremos.
Por isso é que, à excepção da
cena do banho, forte, quase explícita, e que ainda assim não é todo o “soco no
estômago” que podia ser, nenhuma das cenas familiares nos deixam impressionados
e desconfortáveis como gostaríamos de ficar. A tensão dos diálogos, excelentes,
do recente August: Osage County, por
exemplo, aqui nunca se sente. De todo. E havia condições para isso.
Com um romance paralelo entre
Downey Jr. e Farmiga – linda! –, algo insosso e um desfecho previsível e
“limpinho”, The Judge acaba por saber
a pouco, tolhido pela incapacidade (ou não pretensão) de David Dobkin em levá-lo
para um campo mais ambíguo, mais disfuncional até, mas simultaneamente mais interessante.
Golpes Altos: Duvall, o terno
Dale e Billy Bob. (Queria a Vera Farmiga ao
meu lado para o resto dos meus dias. Por favor!)
Golpes Baixos: A pouca ambição da
realização e, consequentemente, o registo demasiado leve e funny como por vezes o filme é conduzido. Este argumento tinha sumo
para uma versão mais fria e cínica. Provavelmente teria dado um melhor filme.
Tenho muita curiosidade neste filme por juntar Bily Bob e Robert Downey Jr.
ResponderEliminarSão dois grandes Roberts, é verdade, mas desconfio que neste filme ainda vais gostar mais do Robert velhote!:)
EliminarO Duvall está excelente e a Farmiga é uma fofura! Isso são pontos assentes!
ResponderEliminarO filme poderia ter sido bem melhor sim, mas gostei e acho que vale a bem a pena. Apesar de o RD Jr ter sempre uma assinatura muito característica (aquele agorrante convencido da treta que acha que é o maior e tem imensa piada) foi muito bom vê-lo num registo diferente que não o de super herói. :)