Realizador: David O. Russel
Argumento: David O. Russel
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert DeNiro
Há filmes difíceis de se dizer mal. Não por serem bons, mas por serem simpáticos, positivos, e terem grandes planos do rabo da Jennifer Lawrence. Ainda assim, faço questão de dar o meu melhor.
Silver Linings Playbook é uma comédia romântica, e o sexto filme de David O. Russel (Três Reis, The Fighter, Os Psico-Detectives). O primeiro erro do filme está em começar demasiado bem. Sim, é isso mesmo. O começo do filme é demasiado bom para uma comédia romântica. As personagens demasiado profundas e bem construídas, os diálogos demasiado bem escritos e uma realização inédita num filme deste género. O próprio título tem uma carga um tanto poética - Silver Lining sendo uma espécie de "lado bom da tempestade" ou "copo meio-cheio" - e torna-se o grito de guerra do personagem principal, juntamente com a palavra Excelsior - também utilizada por Walt Whitman e que significa "sempre melhor". Juntamos tudo isto a duas personagens complexas e clinicamente perturbadas (ele deixado pela mulher, ela viúva muito cedo) e o filme tem tudo para me cativar, e tudo para ser mais que uma simples comédia romântica. E eis que a coisa começa a correr mal.
O argumento parece não estar satisfeito com a trama inicial. Desata numa trapalhada de twists horríveis com apostas de jogos - impulsionadas pela personagem de DeNiro, um pai obsessivo compulsivo com um problema de jogo - cartas que foram e não foram escritas, intenções escondidas, ela afinal coiso, e ele afinal pumba e, afinal, o filme dá merda. Torna-se demasiado complexo para poder ser coerente. Subitamente, os problemas psicológicos deixam de ser credíveis, bem como as suas supostas recuperações. Perde-se a vertente dramática, e a coisa deixa de ter piada (sendo que nunca teve muita). Muito por culpa de maus diálogos, mas muito também por culpa da péssima actriz que é Jennifer Lawrence. Nós sabemos que ela é óptima atrás, à frente, de lado e foi difícil abstrair-me disso e concentrar-me na sua actuação, mas a realidade é que ela é mázinha, e o filme perde com isso (fez-me imaginar o que uma Natalie Portman faria desta personagem).
Custa-me dizer isto, porque me agrada a ideia de se fazer uma comédia romântica com conteúdo, bom gosto, boa realização, boas referências... Mas não é isto. E custa-me que este filme seja candidato aos Óscars, enquanto se fazem comédias românticas independentes tão muito melhores com metade do orçamento (exemplo do ano: Celeste and Jesse Forever).
David O. Russel, tu és bom. Eu sei isso. Fizeste coisas incríveis e de muito bom gosto. Onde foi parar o humor dos Psico-Detectives? Esse humor subtil, inteligente? Trocaste-o por uma comédia familiar com cenas que só fazem rir quem nasceu antes do 25 de Abril, e isso não é fixe. No entanto, obrigado pelo esforço em fazeres algo diferente, obrigado por pores o personagem principal a ter um ataque de fúria com um livro de Hemingway (um final de livro frustrante até para quem não tem problemas psicológicos), obrigado por mostrares que o Bradley Cooper é bom actor, e obrigado... muito obrigado por me mostrares o corpo da Jennifer Lawrence. É um escândalo e merece ficar na história. Agora vai-te lixar, que já não há desculpa para certos erros.
Golpes Altos: Realização, Primeira Hora de Filme, Banda Sonora, Pormenores de Guião, Cu da Jennifer Lawrence (desculpem, juro que não falo mais nisto).
Golpes Baixos: Robert DeNiro que subitamente deixou de ser bom actor, Jennifer Lawrence que nunca vai ser boa actriz, Chris Tucker que é praí o pior comediante de sempre, péssimos twists, argumento demasiado ambicioso e, por isso, trapalhão, cenas cómicas muito fraquinhas.
1- O Cooper é o novo George of the Jungle e este é o seu "Crash"... O gajo não vale dois tostões mas aqui esteve bem.
ResponderEliminar2- A Jennifer é... digamos... sexo... mas sexo todos os dias, a toda a hora. Isso não chega? Não... Mas entretém... um pouco à semelhança deste filme...
3- A cena do jantar onde eles se conhecem é do melhor que já vi...
4- Sim... depois embrulham-se e a cena da aposta final é desconfortável de tão má... tudo tão mau nessa cena...
PS: Porque é que uma família disfuncional tem sempre piada desde que não seja a nossa?
Incomodou-me sobretudo o facto de não ser explorada a maluquice do DeNiro... O realizador mostra-nos claramente que é dele que advém toda a maluquice do filho, e depois decide não falar mais nisso. Aquela cena em que ele peerde o dinheiro todo e começa a gritar com o filho a chamar-lhe "loser" é pesada e perturbante, e o realizador parece esquecer-se disso passado 10 segundos, quando a Jennifer entra em casa e começa aquela cena horrível... Enfim... São os tais erros que não desculpo.
ResponderEliminarAcho que ele não quis perder o controle para o drama, deu-nos mas não nos deixou ficar com ele...
ResponderEliminarQuanto ao De Niro ser o principal "culpado" é verdade, no entanto ele mostra é que o mundo todo que os rodeia também são "especiais" e eles é que são considerados loucos... Não só com o De Niro mas com praticamente todos os personagens envolvidos.
Mas sim, tem buracos sem necessidade.
O filme também não é assim tão mau, eu gostei principalmente da gritaria ( cambada de malucos) e a meu ver a loucura do De Niro não devia ser mais explorada, está bem assim. E o De Niro é o maior, pode fazer o que quiser que já não precisa de provar nada a ninguém.
ResponderEliminarAcho que todos os envolvidos neste projecto http://www.imdb.com/title/tt0131704/?ref_=fn_al_tt_1 devem uma explicação ao público... e neste http://www.imdb.com/title/tt1034331/ ... e neste http://www.imdb.com/title/tt0335121/ ... infelizmente, no que toca ao DeNiro, podia ficar aqui o dia todo a fazer copy-paste de filmes que fazem doer os olhos. É verdade que já fez grandes filmes, mas não diria que já não tem que provar nada a ninguém. Uma das coisas que eu gostava que ele me provasse é que não ficou senil e perdeu todo o seu talento aos 40 anos.
ResponderEliminarExactamente! Fiquei com a mesma sensação do filme.
ResponderEliminarOnce Upon a Time in America com 41 anos; The Mission com 43; The Untouchables com 44; Goodfellas e Awakenings com 47 (mau ano, hein?); Cape Fear com 48; Casino e Heat com 52 (outro ano fraquinho); Wag the Dog com 54; The Good Shepherd com 63.
ResponderEliminarE isto só para evidenciar os filmes mais sonantes.
Entendo a análise à carreira de De Niro, o desgosto para quem o viu subir tão alto e agora estar onde está, mas só é válida para os últimos 10/12 anos.
Há que ter em conta que De Niro faz 70 anos este ano, acredito que não haja muita noção disso. E sendo o maior ou não, julgo que não tem mesmo de provar nada a ninguém.
Quando disse "até aos 40" foi sem precisão, era uma maneira de dizer. Nesse caso até aos 55? De qualquer forma, demasiado cedo para justificar a queda de qualidade. O Newman manteve a sua dignidade até morrer, por exemplo. O mesmo não se pode dizer do Brando, do DeNiro e do Pacino. Não deixam de ser gigantes, mas não têm um free-pass para fazerem toda a merda que lhes aparece à frente. E quanto ao DeNiro, nem acho que seja só má escolha de filmes. Acho mesmo que ele ficou mau actor. Não transmite emoção nenhuma, e tá sempre com a "boca de mafioso", seja qual for o filme. Ah e muitos dos filmes que enunciaste são bons filmes mas não são grandes interpretações - The Good Sheperd? Casino? Heat? Wag the Dog?... Um actor não é tão grande quanto os filmes que faz. Not on my book.
ResponderEliminarNo Heat faz um PAPELÃO!!!! ESTRONDOSO!!!!
ResponderEliminarNo resto até concordo...
PS: Newman -> Message in a Bottle ; Where the Money Is.
Nunca fez tanta merda como o De Niro mas também nunca chegou tão alto (isto é mesmo só uma opinião refutável)
Ahah percebo onde queres chegar mas eu acho que o Message in a Bottle é um bom filme do género, e um papel digno de um senhor de idade. E o último filme que fez, salvo erro, foi o Road to Perdition do Sam Mendes. Que é uma obra-prima esquecida do cinema moderno. Quanto ao não ter chegado tão alto, discordo. O DeNiro previlegiou (tal como o DiCaprio) de uma boleia do Scorcese e isso deu-lhe muita coisa. Mas confesso que não vou muito à bola com ele... Sei que vou ser crucificado aqui, mas odeio-o no Padrinho 2, e muitas vezes me questiono o que seria do DeNiro se não fosse o Travis Beacle e o Jake LaMota... Era um mafioso de boca torta, e pouco mais... Desculpem, mas tão a arrancar as minhas verdades escondidas.
ResponderEliminarMalta... vou deixar de escrever aqui porque não posso ser "sócio" de uma besta destas.
ResponderEliminarCALMA! Mentira... mas és uma besta...
Uma coisa é dizeres que ele tem um registo que, embora no meio de papéis muito diferentes, acaba por ser parecido... outra é dizeres que ele está mal no Padrinho 2.
MATO-TE!
Entretanto, se tiras 2 papéis épicos a um gajo, papéis de um nível que poucos homens na história do cinema puderam interpretar, não é justo... Se ele os tem merece-os e não podemos andar com o "se a minha avó tivesse rodas era um camião!"
Ele tem papéis estrondosos a vida toda... o Heat até é um excelente exemplo disso mesmo, por isso CALA A BOCA!
PS: Também embirro com gajos bons, mas com este quero que morras.
Queres mais uma? Para mim o Padrinho 2 é o pior dos 3, e odeio a parte da história dele em puto. Epah e ele irrita-me, irrita-me. É um gajo que fez um filme com o 50 cent, é um gajo que tem sempre a mesma boca torta (can't stretch that enough), é um gajo que fez o rocky e bulwinckle, 4 sogros do pior (4!!!!!), uns filmes de terror horriveis, 300 filmes de máfia em que está igual (igual!!!). Mas pronto... tem A Missão, o Despertares e o mais importante de todos e esquecido aqui: Deer Hunter. Tenho mixed feelings, mas ele irrita-me na mesma. Prefiro o Pacino, mesmo tendo feito o Jack e Jill.
ResponderEliminar"Para mim o Padrinho 2 é o pior dos 3".
ResponderEliminarNunca mais te falo.
PS: Deer Hunter é depois o Apocalypse Now o melhor filme de guerra de sempre.
Ahah precisava de tirar este peso de cima. Há anos que acho isto, e nunca percebi porque é que as pessoas não gostam do terceiro, acho-o óptimo.
ResponderEliminarDeer Hunter é incrível, mas não entra nem nos 20 melhores de sempre. Aliás, tu conheces a minha lista dos melhores 10, mas por alguma razão QUE DESCONHEÇO, eu não conheço a tua...
Dizer que o Padrinho 2 é o pior dos 3 é mesmo uma grande asneira, ou então, é gostar muito de ser do contra, ou uma grande necessidade de ter opiniões e ideias diferentes que acabam por ser uma grande sandice...(...deve ser por o filme ser longo e pesado...) O 3 é fraco. E já agora: http://en.wikipedia.org/wiki/Travis_Bickle mais respeito sff. E um sogro do pior é fixe, é bué fixe.
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ResponderEliminarÉ verdade que gostos não se discutem mas para mim De Niro é efectivamente dos actores mais camaleónicos que Hollywood já conheceu, pelo menos até há uma década atrás. Superior no registo e na carreira a um Pacino, para não ir mais longe e utilizando um actor da mesma geração e que muitas vezes rodou o mesmo género de filmes.
ResponderEliminarE custa-me ver o final de carreira decrépito que está a ter, mas não me parece ser uma questão de ter ou não free-pass para fazer merda até ao último dia. Coloco a questão mais numa perspectiva do que ele já deu ao cinema e a quem é apaixonado por filmes em, no mínimo, uma dezena de interpretações brilhantes em obras-primas ou grande películas - Raging Bull (o melhor!), Taxi Driver, The Godfather II, The Deer Hunter, The Mission, Awakenings, Cape Fear, Goodfellas, Once Upon a Time in America (épico!), Heat, entre outros.
Já fez isto tudo, independentemente de ter sido numa fase muito concentrada da carreira, mas fê-lo. É preciso mais? Já tem o seu lugar guardado, at least on my book.
Dou-te um exemplo prático de como avalio carreiras de actores: a um Brando bastava ter feito A Streetcar Named Desire, On the Waterfront e The Godfather para ser provavelmente o melhor actor de cinema de sempre. Até podia ficar em casa o resto da vida a ver futebol americano. E quanto a um Day-Lewis basta ver as 3 horas de There Will Be Blood para perceber que é o melhor actor vivo.
Não tem a ver com "quantidade" ou com "regularidade". É mais importante desvendar se em determinado(s) momento(s) foram ou não monstruosos.
P.S. - Respeito a opinião, mas The Godafather I e II nem são bem filmes, são marcas emblemáticas do cinema americano, bem assentes no imaginário comum de qualquer cinéfilo, dos 20s aos 70s. The Godfather III é um simplesmente um bom filme, até mesmo com o Andy Garcia.
Anónimo: quando dizes que o sogros do pior é um filme fixe perdes a credibilidade toda. Quanto ao Bickle, sempre o respeitei. Quanto a ser do contra, não me dou a tanto trabalho.
ResponderEliminarJP relativamente ao DeNiro, é legítimo, mas eu prefiro o Pacino. É mil vezes mais versátil que o DeNiro e tem no padrinho das melhores transformações de personagem da história do cinema. Relativamente ao Padrinho 3, é um excelente filme mas sem tantos atractivos visuais como os outros dois (menos mortes, mais burocracia). Eu prefiro ao 2 sem considerar o 2 um filme menos bom, simplesmente me aborrece a parte com o DeNiro, até me desagrada a mudança de filtro em termos de cor, parece que saio da onda do Padrinho. Quanto aos grandes actores de sempre, concordo com todos os que dizes acima. Quanto ao DeNiro, mantenho a minha opinião.
Anónimo já agora... "sandice"? Nasceste antes de '74?
ResponderEliminarO trabalho que eu mais admiro do De Niro é mesmo no Padrinho, mais do que qualquer outro. E isso do There will be blood e do Daniel é totalmente verdade, apesar de eu não ser grande fã do Daniel ( acho que, por vezes, se esforça demasiado para ser perfeito).
ResponderEliminarEstás contente quanto ao óscar de melhor actriz principal?? LOOOL Se calhar foi por causa do rabo dela, sem dúvida era o melhor na lista! :P
ResponderEliminarQue vergonha!!!!!! Mas o rabo é óptimo!
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