terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Testa-a-Testa - Zero Dark Thirty


Realização: Kathryn Bigelow
Argumento: Mark Boal
Elenco: Jessica Chastain, Joel Edgerton

Hoje estreamos a rubrica Testa-a-Testa, onde dois bravos bloggers lutarão num duelo até à morte.
As regras do jogo são simples: NÃO HÁ REGRAS!
Mentira. Há algumas regras. Não convém insultarem as mães um do outro, por exemplo.
O formato vocês vão perceber. Basicamente cada blogger escreve uma pequena crítica, e o outro tem direito a fazer breves apontamentos em itálico à crítica do seu desafiador. 'Tão entusiasmados?! 'Tão vá, 'bora!

Que Comecem os Jogoooos!


Crítica do buddy - com comentários do B.


Osama Bin-Laden morreu e, resolvido o assunto, terminou a maior caça-ao-homem da história dos Estados Unidos. Ok! Boa notícia! Repararam? “Boa Notícia”. Não é “Bom filme!” e muito menos “Bom filme de 3 horas”.
(que redutor buddy... qualquer dia dizes que achas o De Niro sobrevalorizado...)

Não digo que o filme seja mau, porque não é. Tem uma boa realização, bons actores, boa fotografia e todas aquelas merdas técnicas que ninguém sabe bem distinguir e que, quando a imagem é boa, levam todas 5 estrelas. Então e depois? É isto um filme? Um conjunto de virtudes técnicas? Isso é engenharia, não é arte.
Um thriller vive pelas suas personagens, pela sua intriga, pelo seu suspense – três coisas que Zero Dark Thirty não tem.
(claro que um filme exuberante tecnicamente não é necessariamente um bom filme, mas dá uma ajudinha... Intriga e suspense é praticamente constante... mesmo com 3h ela consegue manter-nos agarrados através dessas 2 armas do suspense. As personagens podiam ser melhor aproveitadas? Sim, mas ela deu mais valor à história...)

O primeiro filme desta realizadora foi tudo o que este não conseguiu ser, e colou-me à cadeira. Este resume-se à história de uma mulher que fez o seu trabalho bem feito – e o que isso implica é que, no momento da decisão final, tem mais 35% de certeza que os outros. Um grande filme não se faz sobre uma margem de 35%, e certamente não se teria feito se a personagem principal fosse um homem (desculpem, mas tinha que ser dito).
(colou-me o 1º e colou-me este. Nisso ela não falha nem por nada... E voltas a ser redutor quando resumes o filme à percentagem favorável no momento da captura...)

Golpes Altos – Tecnicamente bom. (faltou aí o “muito”)
Golpes Baixos – Emocionalmente vazio. (querias lágrimas a mais, sangue a mais, funerais e loucura? Isto não é o Lendas de Paixão!)



Crítica do B. - com comentários do buddy

Este filme mostra a dimensão da realizadora. Desta vez confirmou a qualidade inegável a nível técnico mas acima de tudo, passou para outro nível no que toca à narrativa...
Eu não sou fã do seu anterior filme embora dê a mão à palmatória no que toca à qualidade técnica e à tensão constante com que o filme nos infecta. No entanto parece que estamos sempre à espera de mais qualquer coisa.
(se o filme mostra a dimensão da realizadora, então esta realizadora é unidimensional – sinceramente, acho que o filme só tem um personagem e muitos figurantes participativos.)

Aqui não... Aqui ela conta a história dividida por capítulos sem que se note minimamente as 3 horas. É um filme muito intenso mas sem ser “dramalhão” ou demasiado “parcial”, embora não me pareça complicado tomar um partido nesta história. Não temos que concordar com a forma ou com o resultado final, mas isso vai para lá do filme.
(diz que há gente que entra em coma e também não dá pelo passar das horas…)

A realizadora centra toda a história na personagem principal que percebe-se de início ser meio “deslocada” de tudo o que a sua missão a obriga. Ambiente, país, colegas, formas, feitios, etc... Não entendo que digam que ela está incrível porque não está... é linda? CLARO que é... mas queria muito alguém mais poderoso para este papel. Ainda assim, ela consegue transmitir a evolução da personagem de forma muito coerente.
(ok, ela é linda e adoro-a vestida de khaki, mas tu és feio e dizes coisas erradas)

É Top 5 dos melhores filmes do ano, não que tenha sido um ano muito bom.
(foi um ano bom, foram uns Óscares maus e este filme contribuiu para isso)

Golpes Altos – Técnica e Narrativa... Tudo a roçar a perfeição. (perfeição?! A sério?!)
Golpes Baixos – Interpretação da ruivinha. (eu acho que é mais culpa da merda de diálogos que lhe deram do que da qualidade da menina)



E assim, terminado o duelo, um de nós será enforcado em praça pública. Você decide!

7 comentários:

  1. Caro buddy,

    Depois de ler a parcela deste post que é da tua responsabilidade, podes considerar-te desconvidado sem apelo nem agravo para o faustoso evento que, sob o mote "Olhó Oscar 2013", terá lugar na minha residência na madrugada de 24 de Fevereiro, e a que não faltarão os mais apetitosos acepipes de que há memória.

    É a consequência - porventura excessivamente benévola - para quem fala com tamanho desdém de um filme tão grandioso como este. Não excluo, por isso, que ainda venhas a ser submetido a umas sessões de waterboarding para saberes como elas mordem. Depois disso, e quando ainda estiveres a balbuciar súplicas imperceptíveis, quero ver-te repetir a afirmação mais inacreditavelmente injusta e infundada que li nos últimos tempos: a de que o filme não tem intriga nem suspense. Neste ponto, não há civismo que me valha: só me apetece mandar-te para um sítio que eu cá sei.

    É igualmente inqualificável o argumento das “3h”. Para mim o filme foi curto — curto demais para que pudesse digerir o que tinha acabado de ver, tão grandiosa foi essa “visão”! Tanto assim é, aliás, que vou ao cinema ainda esta semana para voltar a ver o filme.

    Consigo, ainda assim, vislumbrar algumas atenuantes no teu caso. Tudo o que dizes sobre o filme releva sobretudo (e objectivamente) uma coisa: total, absoluta e descarada incompreensão. E como dizia um tipo qualquer famoso e dado às importâncias, sendo esse o caso, como é, não há nada fazer senão exclamar: Perdoa-lhes, Senhor, porque eles não sabem o que fazem (neste caso, o que dizem).

    Uma última nota, em jeito de interjeição: o facto de o filme e os seus personagens serem supostamente “vazios” do ponto de vista emocional não será consequência necessária (e por demais óbvia!) da crueza e secura que manifestamente se quis que conformasse a narrativa? A manifesta inaptidão emocional da personagem interpretada pela (belíssima e competentíssima) Jessica Chastain não quadra de forma perfeita com esse propósito? Isto não é para responder, a não ser para dizer que sim. Caso contrário, volto a mandar-te para um sítio que eu cá sei.

    Quanto ao tal de B., depois de alguns episódios e juízos críticos pouco menos que lamentáveis espraiados neste espaço — até então — de ameno e agradável convício, resta-me, depois de ler o que aqui escreveu (e bem), interrogar, como se interroga num filme épico que se vê com grato prazer durante a juvenília: Are you in danger of becoming a good man?

    E disse.

    Cumprimentos cinéfilos do

    Pilantrinhas Pilantrão

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  2. Pilantrinhas Pilantrão,

    Por muito apelativa (e, confesso, sensual) que seja a proposta do waterbording, a minha resposta é a seguinte: tudo o que você disse está errado. E a justificação é a seguinte: está errado, porque em nada se assemelha ao que eu disse.

    Agora que expus cuidadosamente os meus sólidos argumentos, resta-me dizer que nem o B. está em risco de se tornar um homem bom, nem nenhum de vocês de perceber patavina de cinema. Deixem isto para quem sabe! (em caso de dúvida, quem sabe sou eu!)

    Entretanto entreguei este duelo a um júri dos meus pares (entenda-se: à minha família), e eles disseram que fui eu que ganhei e que eu é que tenho razão.

    Assim, dignamente, me despeço!

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  3. Para mim a melhor frase do duelo foi sem qualquer duvida: "(diz que há gente que entra em coma e também não dá pelo passar das horas…)"

    Eu ainda não consegui ver o filme todo, entrei em coma aos 15 minutos de filme. Mas deste fim de semana não passa.

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  4. Boa sorte! É possível que voltes a entrar em coma depois da primeira hora!

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  5. Vi o filme duas vezes ( a 2ª vez vi, por causa de detalhes que me escaparam) e digo que o filme prende, apenas, porque queremos saber como tudo aconteceu e não pela narrativa. Até parece que há ausência de narrativa, há episódios em que nos são mostradas as peças que formam o puzzle que depois leva à captura. Mas entendo a intenção da realizadora, porque as pessoas querem realmente saber como foi e é isso que ela mostra. E acho que as interpretações salvam a coisa. No fim fiquei assim sem saber muito bem o que tinha acabado de ver… nem sei se gostei ou não ... Com o Argo senti o mesmo.

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  6. É demasiado crú para o meu gosto, a realização do Argo para mim mete esta a um canto. Penso que a realizadora está a passar a sua fase "crú" já bastante óbvia no Estado de Guerra, embora tenha gostado mais desse outro. A Jessica Chastain adapta-se ao que a Kathryn Bigelow pretende e com isso apaga-se, estas palavras do buddy são certeiras "sinceramente, acho que o filme só tem um personagem e muitos figurantes participativos". Neste frente-a-frente o meu voto vai para o buddy mas muito menos critico.

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  7. Acabei agora de ver a primeira hora de filme, a muito custo, acho que também já estava aqui a entrar em coma. Por isso, tenho de concordar com a crítica do buddy, a Jessica está muito bem mas o filme não prende. Ok, ainda só vi a primeira hora, mas se não me prendeu até agora, perco a esperança que vá prender na próxima hora e meia. :(

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