Realização: Andrei Tarkovsky
Argumento: Stanislaw Lem (livro)
Elenco: Donatas Banionis, Natalya Bondarchuk e Juri Jarvet
A impossibilidade de diálogo com Deus. O ser-humano feito de memórias. O amor como uma projecção. A vida como uma projecção - pouco real. São estes os temas de Solaris. Antes de ser de Tarkovsky, Solaris foi um romance de ficção científica do escritor polaco Stanislaw Lem. Mais tarde, foi também revisitado por Steven Soderbergh.
O facto mais interessante, reside na transformação que Tarkovsky fez de Solaris, tornando-o uma obra muito mais interessante que o seu homónimo literário, baseando-se mais na questão filosófica, e menos na científica ou astrológica explorada (de forma um pouco aborrecida) pelo livro. A história é acerca de um planeta que é descoberto, no qual reside um imenso oceano. Esse oceano, percebe-se ter inteligência própria, não-humana, superior. O oceano, como Deus, mantém-se uma entidade incompreendida, incontactável, e cuja omnipotência se faz sentir através da forma como sonda a mente dos cientistas que o tentam estudar.
Muito cedo no filme, qualquer tentativa de explicação científica é deixada de parte e foca-se antes na relação dos cientistas com as suas memórias. O oceano de Solaris envia aos cientistas projecções das suas memórias em carne e osso. Assim, o personagem principal é obrigado a rever a sua falecida mulher, que toma a forma humana de novo mas, curiosamente, incompleta na sua personalidade - faltam-lhe memórias, faltam-lhe características.
A ideia que Tarkovsky pretende passar é a de que as pessoas que amamos, nunca as conhecemos na realidade. Amamos projecções daquilo que achamos que elas são e, quando nos é dada uma oportunidade de materializar as nossas memórias, achamo-las incompletas. No final do filme, Tarkovsky faz algo relativamente ousado para a época - passa para o espectador o poder de julgar aquilo que vê. O espectador percebe que o personagem principal regressou, não à terra, mas a Solaris, onde vive agora rodeado das suas memórias. A questão aqui será: se nós vimos o mundo de forma limitada, qual é a diferença entre ver o mundo real ou o nosso mundo? Ou mesmo... será que o mundo, o amor e as pessoas não são apenas uma projecção de nós mesmos? No centro de tudo, nós, sozinhos com Deus. Talvez esteja a extrapolar mas, se Tarkovsky estivesse vivo, estou certo que me apoiava.
Argumento: Stanislaw Lem (livro)
Elenco: Donatas Banionis, Natalya Bondarchuk e Juri Jarvet
A impossibilidade de diálogo com Deus. O ser-humano feito de memórias. O amor como uma projecção. A vida como uma projecção - pouco real. São estes os temas de Solaris. Antes de ser de Tarkovsky, Solaris foi um romance de ficção científica do escritor polaco Stanislaw Lem. Mais tarde, foi também revisitado por Steven Soderbergh.
O facto mais interessante, reside na transformação que Tarkovsky fez de Solaris, tornando-o uma obra muito mais interessante que o seu homónimo literário, baseando-se mais na questão filosófica, e menos na científica ou astrológica explorada (de forma um pouco aborrecida) pelo livro. A história é acerca de um planeta que é descoberto, no qual reside um imenso oceano. Esse oceano, percebe-se ter inteligência própria, não-humana, superior. O oceano, como Deus, mantém-se uma entidade incompreendida, incontactável, e cuja omnipotência se faz sentir através da forma como sonda a mente dos cientistas que o tentam estudar.
Muito cedo no filme, qualquer tentativa de explicação científica é deixada de parte e foca-se antes na relação dos cientistas com as suas memórias. O oceano de Solaris envia aos cientistas projecções das suas memórias em carne e osso. Assim, o personagem principal é obrigado a rever a sua falecida mulher, que toma a forma humana de novo mas, curiosamente, incompleta na sua personalidade - faltam-lhe memórias, faltam-lhe características.
A ideia que Tarkovsky pretende passar é a de que as pessoas que amamos, nunca as conhecemos na realidade. Amamos projecções daquilo que achamos que elas são e, quando nos é dada uma oportunidade de materializar as nossas memórias, achamo-las incompletas. No final do filme, Tarkovsky faz algo relativamente ousado para a época - passa para o espectador o poder de julgar aquilo que vê. O espectador percebe que o personagem principal regressou, não à terra, mas a Solaris, onde vive agora rodeado das suas memórias. A questão aqui será: se nós vimos o mundo de forma limitada, qual é a diferença entre ver o mundo real ou o nosso mundo? Ou mesmo... será que o mundo, o amor e as pessoas não são apenas uma projecção de nós mesmos? No centro de tudo, nós, sozinhos com Deus. Talvez esteja a extrapolar mas, se Tarkovsky estivesse vivo, estou certo que me apoiava.
Astrologia != Astronomia
ResponderEliminarNop... queria mesmo dizer astrologia! Se tivesses lido o livro, oh Texas, percebias!!!! Espertalhão do cientista...
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