Realização: Zach Braff
Argumento: Zach Braff
Elenco: Zach Braff, Natalie Portman, Peter Sarsgaard e Ian Holm
'You gotta hear this one song. It'll change your life, I swear' - E mudou mesmo. A música, o sorriso de Natalie Portman, o filme - mudaram a minha vida. Garden State teve em mim um impacto que ainda hoje se faz sentir quando oiço uma música, quando alguém me sorri e pisca o olho, quando a minha incapacidade de me ligar com o mundo me lembra Andrew Largeman e as suas dores de crescimento que rapidamente percebi serem as minhas.
Estamos perante uma obra icónica do cinema independente americano. Zach Braff, o rapaz enfezadinho da série Scrubs, produziu, realizou, escreveu e protagonizou um filme que, se não mudou uma geração, mudou os seus mais sensiveis representantes. Agora, ao rever o filme, considero-o menos bom. Fico consciente de algumas falhas, algumas imperfeições mas, ao mesmo tempo, não me consigo desligar das sensações que me causou nas primeiras 50 vezes que o vi. O truque, creio eu, está na forma verdadeira e profunda com que o filme é escrito, a escolha revolucionária da sua banda-sonora, um elenco de três actores verdadeiramente especiais, que vestiram a pele destes personagens porque fizeram parte deles.
Para mim, Garden State foi o regresso do filho pródigo antes de eu o ser. Fez-me uma antevisão daquilo que se viria a tornar a minha vida se eu não tomasse certas decisões. Eu conheço a vida de um rapaz suburbano, conheço o amigo que fuma ganzas e colecciona trading-cards que um dia vai vender e ficar milionário, conheço o amigo que realmente ficou milionário mas nunca conseguiu mudar a vida. Conheço o pai absorto em si mesmo, conheço aquelas festas, aquelas drogas, aquela gente. Mas, sobretudo, conheço a rapariga terna e estranha que nos vira a vida ao contrário e nos põe as prioridades em ordem - nos faz sentir, pela primeira e última vez, que estamos acompanhados e que o mundo é um lugar menos frio com ela ao nosso lado.
A verdade é que, ainda hoje, se me visse confrontado com a obrigação de ver apenas um filme todos os dias até morrer, Garden State seria uma escolha fácil. Já o vi e revi tantas vezes que faz parte da minha vida e, por vezes, tenho dificuldade em separar o filme da realidade. Ainda imagino uma conversa à lareira em que uma rapariga descalça faz sapateado e eu lhe abro o meu coração. Passaram 10 anos desde que vi o filme pela primeira vez e, se fui um rapaz melhor por causa dele, continuo hoje a procurar conforto na ideia de ser proprietário do meu próprio fenómeno geológico, seguro do meu próprio destino - 'guardian of the infinite abyss'.
Argumento: Zach Braff
Elenco: Zach Braff, Natalie Portman, Peter Sarsgaard e Ian Holm
'You gotta hear this one song. It'll change your life, I swear' - E mudou mesmo. A música, o sorriso de Natalie Portman, o filme - mudaram a minha vida. Garden State teve em mim um impacto que ainda hoje se faz sentir quando oiço uma música, quando alguém me sorri e pisca o olho, quando a minha incapacidade de me ligar com o mundo me lembra Andrew Largeman e as suas dores de crescimento que rapidamente percebi serem as minhas.
Estamos perante uma obra icónica do cinema independente americano. Zach Braff, o rapaz enfezadinho da série Scrubs, produziu, realizou, escreveu e protagonizou um filme que, se não mudou uma geração, mudou os seus mais sensiveis representantes. Agora, ao rever o filme, considero-o menos bom. Fico consciente de algumas falhas, algumas imperfeições mas, ao mesmo tempo, não me consigo desligar das sensações que me causou nas primeiras 50 vezes que o vi. O truque, creio eu, está na forma verdadeira e profunda com que o filme é escrito, a escolha revolucionária da sua banda-sonora, um elenco de três actores verdadeiramente especiais, que vestiram a pele destes personagens porque fizeram parte deles.
Para mim, Garden State foi o regresso do filho pródigo antes de eu o ser. Fez-me uma antevisão daquilo que se viria a tornar a minha vida se eu não tomasse certas decisões. Eu conheço a vida de um rapaz suburbano, conheço o amigo que fuma ganzas e colecciona trading-cards que um dia vai vender e ficar milionário, conheço o amigo que realmente ficou milionário mas nunca conseguiu mudar a vida. Conheço o pai absorto em si mesmo, conheço aquelas festas, aquelas drogas, aquela gente. Mas, sobretudo, conheço a rapariga terna e estranha que nos vira a vida ao contrário e nos põe as prioridades em ordem - nos faz sentir, pela primeira e última vez, que estamos acompanhados e que o mundo é um lugar menos frio com ela ao nosso lado.
A verdade é que, ainda hoje, se me visse confrontado com a obrigação de ver apenas um filme todos os dias até morrer, Garden State seria uma escolha fácil. Já o vi e revi tantas vezes que faz parte da minha vida e, por vezes, tenho dificuldade em separar o filme da realidade. Ainda imagino uma conversa à lareira em que uma rapariga descalça faz sapateado e eu lhe abro o meu coração. Passaram 10 anos desde que vi o filme pela primeira vez e, se fui um rapaz melhor por causa dele, continuo hoje a procurar conforto na ideia de ser proprietário do meu próprio fenómeno geológico, seguro do meu próprio destino - 'guardian of the infinite abyss'.
<3
ResponderEliminarEu adoro este filme, porque retrata tão bem o que é sentirmo-nos desligados, mesmo quando rodeados de pessoas, daquilo que é a matéria que muda a nossa vida, que nos retira algum do cinismo que utilizamos para mascarar a realidade.
ResponderEliminarE sempre que preciso de mudança, ou eu mesma de mudar, meto a Let Go a tocar.
Banda sonora 5 estrelas.
ResponderEliminarÉ isto que eu mais gosto no cinema: a capacidade de nos fazer identificar com um filme, uma história, umas personagens, como se tivesse sido feito para nós, para nos mostrar que há quem nos perceba e que não estamos sozinhos no mundo, mesmo que ninguém à nossa volta pareça conseguir compreender o que se passa na nossa cabeça; a capacidade de uns poucos filmes especiais se tornarem como amigos para nós, que vão envelhecendo connosco e nós aprendendo com eles, retirando novos detalhes a cada visualização, à medida que que as nossas vivências pessoais nos vão treinando os sentidos para o que antes nos passava ao lado.
ResponderEliminarDito isto, o Garden State não é um dos meus amigos. Nunca vi nele, nem no Zach Braff, o que toda a gente vê; talvez por ser daqueles filmes que tentam demasiado ser indie e cool, o que me deixa sempre de pé atrás, ou talvez porque não me identifico com a banda sonora 'hip', ou talvez porque só o vi pela primeira vez há poucos anos, quando os meus amigos que mais mo recomendaram o viram entre a adolescência e os 'late teens'... Não sei porquê, e também não interessa nada. Sei que o filme a que me poderia estar a referir no princípio do meu comentário, o filme que veria todos os dias até morrer, não significará tanto para outras pessoas. And that's ok! :)
Para terminar, buddy: tenho a dizer que nunca escreves tão bem como quando um filme te fala ao coração. Admiro a tua capacidade de falar não só sobre o filme, mas sobre a tua experiência dele, e é por isso que gosto mais de ler os posts deste blog que as reviews de um qualquer crítico de cinema.
Fico feliz por isso. Mesmo! Porque para crítico de cinema não tenho conhecimento suficiente, limito-me ao que retiro dos filmes e ao que eles retiram de mim :) Obrigado!
ResponderEliminarRosinha, a Let Go ainda me causa arrepios na espinha!
"Drink up baby, doll
Eliminarhmm are you in or are you out"
<3 a música é perfeita para aquele final.
Por oposição, o filme, também com o Braff, The Last kiss, não tem nada a ver com este, embora queira dar o mesmo "estilo de filme", aproveitando o hype que houve com o Garden state.
Os diálogos são maus, o argumento não prende, a banda sonora não é nada por aí além...não chega a ser um feel good movie sequer.
É sem dúvida muito mais fraco, e concordo que veio ao reboque deste, mas não o acho assim tão mau... Para mim é isso que é, um feel good movie. Gosto de alguns personagens e gosto da relação deles.
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