terça-feira, 12 de março de 2013

Golpes de Génio - Akira

Realização: Katsuhiro Ôtomo
Argumento: Katsuhiro Ôtomo
Elenco: Nozomo Sazaki, Mami Koyama e Mitsuo Iwata

Um futuro próximo. Fim da 3ª Guerra Mundial. Neo-Tokyo está em estado de sítio. A cidade torna-se palco de estranhas experiências governamentais. Gangues de mota lutam entre si, alheios à acção perniciosa de um Governo liderado por militares e cientistas. A nossa atenção é dividida entre dois amigos - herói e anti-herói - separados por forças que ultrapassam a sua própria compreensão.

Akira,  filme de 1987, permanece uma das mais actuais obras cinematográficas que eu alguma vez vi. Sim, é de animação. Sim, é japonês. E sim, é antigo. Estas três características chegariam para acharmos que nada poderia estar mais longe da nossa realidade - e assim se vê a qualidade de uma obra.

O trunfo, dizem os especialistas do anime, reside no facto de o realizador do filme ser também o criador da banda-desenhada. Calculo que, para os fãs do comic, isso seja maravilhoso. A mim não me disse muito quando, no passado sábado, decidi dar-lhe uma oportunidade e me dirigi ao São Jorge, em Lisboa, para assistir à reposição deste clássico junto dos seus fiéis seguidores. Não me levem a mal, não acho que seja uma forma de arte menor nem nada do género - só nunca foi a "minha cena". Mas, meu Deus... Akira provou-me errado.

Ao longo dos 120 minutos, tive consecutivos flashbacks de filmes de Hollywood que - agora sim - percebo onde foram beber inspiração. Nunca descansei a vista, nunca me aborreci, nunca parei de me maravilhar com os grafismos. Abri e fechei a boca, arregalei os olhos em espanto como se as cores e a mensagem fossem demasiado grandes para o meu pequenino coração. E, quando acabou, fiquei convencido de ter acabado de ver uma das grandes obras de cinema do século XX.

Para resumir, sem desvendar spoilers, vou apenas dizer que Akira combina acção frenética, com dilemas existencialistas que fariam os grandes filósofos do século passado tremerem de respeito. Akira fala de Deus, de morte, de ganância, de moral, da sociedade, de política, de amizade, de loucura, de respeito e de bondade. E trata todos estes assuntos com o fluir natural de uma pincelada. É anime, mas podia ser outra coisa qualquer. Akira definiu um género cinematográfico, colocou-se ao lado dos gigantes do cinema europeu e americano e fez frente a obras como os Watchmen de Alan Moore - e tudo com uma simplicidade, com uma casualidade que nos parece vir de outro planeta. Mas Alas! Abram as bússolas, sigam Este - o planeta é o mesmo.


Golpes Altos: Um argumento brilhante, dinâmico, actual, original... já disse brilhante? Uma realização fantástica (literalmente). Uma banda-sonora arrepiante.

Golpes Baixos: Uma ou outra questão que, creio eu, devem estar mais desenvolvidas na BD, e mereciam mais uns minutos de filme.


2 comentários:

  1. A nerd de olhos em bico em mim está já a escrevinhar isto para fazer o down**coff**, comprar (!).

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  2. "Compra", "compra", que vale MESMO a pena :)

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