Realização: Jake Schreier
Argumento: Christopher D. Ford
Elenco: Frank Langella, Peter Sarsgaard, Liv Tyler, Susan Sarandon e James Marsden
A memória é uma coisa estranha. Usamo-la a vida toda em nosso próprio proveito, descartando-a quando não nos serve um bom propósito. É "selectiva" - ou pelo menos é o que me têm dito. Invariavelmente, começa a deteriorar-se e, no fim, abandona-nos. Se pensarmos um pouco, a nossa relação com a memória não é muito diferente de qualquer outra relação íntima.
Frank é um homem solitário, e a memória começa a falhar-lhe. "Vivi uma vida colorida", explica Frank, pintada por ocasionais roubos e ocasionais tempos na prisão. A brincadeira custou-lhe uma relação com os filhos, e com a mulher. Mas Frank não parece preocupar-se. É um daqueles homens que não aprecia pessoas, e o mesmo se aplica aos que lhe são mais próximos. Por isso, quando o filho o convence a viver com um "Robot Enfermeiro", Frank não salta de alegria.
Robot & Frank é uma belíssima obra de cinema. É um filme divertido, fácil de se ver, mas com uma carga emocional latente que nos vai apanhando de surpresa até ao último segundo. O filme trata a solidão e a velhice de ânimo leve, sem nunca ser deprimente, mas mostrando-nos o que erros do passado nos podem custar no futuro. Mas mais que tudo isso, é um filme sobre a descoberta da amizade, e os efeitos do amor. Frank esqueceu a mulher quando ela o deixou. Escolheu tornar-se indiferente aos filhos porque provavelmente o lembravam dela, e começou a definhar numa casa longe da civilização. E aqui entra o Robot.
E o engraçado no filme é que nada que Frank sinta ou pense é explicado ou verbalizado, mas subentendido. Nós interpretamos Frank, deduzimos parte do seu passado e achamos compreender o que sente. E esta subjectividade do argumento - com uma fenomenal ajuda de Frank Langella, um actor que esperou a vida toda para mostrar que é óptimo - permite-nos também identificarmo-nos mais com o filme, porque deixamos nele um bocadinho de nós. Por isso pode ser que a minha leitura seja diferente da vossa - e também por isso vou evitar entrar muito dentro da história, prefiro que vejam o filme. A mim fez-me verter uma lágrima, e fez-me pensar no que é a família, e no que é o caminho que um homem tem de percorrer sozinho - quer queira, quer não.
Golpes Altos: Argumento e interpretação de Frank Langella. Ah... o regresso de Liv Tyler é bem vindo: Liv, decididamente não sais ao pai!
Golpes Baixos: A voz de Peter Sarsgaard para o Robot - quase 50 anos depois do Kubrick, e ainda ninguém aprendeu a dar uma voz mais humana à coisa?
Argumento: Christopher D. Ford
Elenco: Frank Langella, Peter Sarsgaard, Liv Tyler, Susan Sarandon e James Marsden
A memória é uma coisa estranha. Usamo-la a vida toda em nosso próprio proveito, descartando-a quando não nos serve um bom propósito. É "selectiva" - ou pelo menos é o que me têm dito. Invariavelmente, começa a deteriorar-se e, no fim, abandona-nos. Se pensarmos um pouco, a nossa relação com a memória não é muito diferente de qualquer outra relação íntima.
Frank é um homem solitário, e a memória começa a falhar-lhe. "Vivi uma vida colorida", explica Frank, pintada por ocasionais roubos e ocasionais tempos na prisão. A brincadeira custou-lhe uma relação com os filhos, e com a mulher. Mas Frank não parece preocupar-se. É um daqueles homens que não aprecia pessoas, e o mesmo se aplica aos que lhe são mais próximos. Por isso, quando o filho o convence a viver com um "Robot Enfermeiro", Frank não salta de alegria.
Robot & Frank é uma belíssima obra de cinema. É um filme divertido, fácil de se ver, mas com uma carga emocional latente que nos vai apanhando de surpresa até ao último segundo. O filme trata a solidão e a velhice de ânimo leve, sem nunca ser deprimente, mas mostrando-nos o que erros do passado nos podem custar no futuro. Mas mais que tudo isso, é um filme sobre a descoberta da amizade, e os efeitos do amor. Frank esqueceu a mulher quando ela o deixou. Escolheu tornar-se indiferente aos filhos porque provavelmente o lembravam dela, e começou a definhar numa casa longe da civilização. E aqui entra o Robot.
E o engraçado no filme é que nada que Frank sinta ou pense é explicado ou verbalizado, mas subentendido. Nós interpretamos Frank, deduzimos parte do seu passado e achamos compreender o que sente. E esta subjectividade do argumento - com uma fenomenal ajuda de Frank Langella, um actor que esperou a vida toda para mostrar que é óptimo - permite-nos também identificarmo-nos mais com o filme, porque deixamos nele um bocadinho de nós. Por isso pode ser que a minha leitura seja diferente da vossa - e também por isso vou evitar entrar muito dentro da história, prefiro que vejam o filme. A mim fez-me verter uma lágrima, e fez-me pensar no que é a família, e no que é o caminho que um homem tem de percorrer sozinho - quer queira, quer não.
Golpes Altos: Argumento e interpretação de Frank Langella. Ah... o regresso de Liv Tyler é bem vindo: Liv, decididamente não sais ao pai!
Golpes Baixos: A voz de Peter Sarsgaard para o Robot - quase 50 anos depois do Kubrick, e ainda ninguém aprendeu a dar uma voz mais humana à coisa?
Acabei de ver este agora mesmo. Achei que tem um argumento bastante construtivo mas que flui de uma forma simples e agradável. Uma lufadinha de ar fresco. Gostei sim senhora.
ResponderEliminarP.s. De facto a voz do robot...
Acabei de ver o filme. Que delícia pah.
ResponderEliminarE sim, o Langella é muito bom, aproveitem enquanto é tempo!