Realização: Ben Wheatley
Argumento: Alice Lowe e Steve Oram
Elenco: Alice Lowe e Steve Oram
Não sou fã de humor britânico. Acho-o pretensioso, arrogante, antiquado, aborrecido e peca por não cumprir com o propósito principal de uma comédia - não me faz rir. Também não gosto de filmes com pessoas feias. Principalmente se forem dois ingleses branquinhos, gordinhos e mal vestidos. Desculpem, mas há coisas que não suporto. Até poderia desculpar a falta de charme dos personagens caso fossem interessantes ou inteligentes, mas são duas pessoazinhas horríveis, "lixo branco" campista que adora viajar em auto-caravana e cuja ideia de partir à aventura é passear pelo country-side inglês com calções acima do joelho e meias a cobrir o resto da perna - blergh.
Dito isto, Sightseers tem a sua graça. Tem a sua graça porque está bem escrito, muito bem realizado e com dois personagens semi-complexos cujas atitudes psicóticas servem de parábola para o casamento. Ele, Chris, é um assassino psicopata regrado. Ele tem um estilo próprio, um modus operandi que segue à risca e que dá à sua psicopatia uma certa razão de ser. Ela é frustrada, passiva-agressiva, novata na arte de matar e profundamente fascinada por ele. Ela faz-lhe mal. 'I've killed more people in two days with you than I've killed in the last three months alone'. A parte boa, é que se amam muito. Poderia dizer-se que só se estraga uma casa mas, sendo que se tratam de dois assassinos em série, estraga-se bem mais que isso.
Escondida sob uma capa de humor negro, está uma crítica social engraçada. Ao longo do filme, chegam-nos agradáveis surpresas que nos fazem acreditar que há mais em Chris e Tina do que aparenta. A crítica social é uma crítica de classes, muito à maneira inglesa. Chris é um aspirante a escritor de classe média-baixa, de esquerda, naturalista, que segue a tradição inglesa da vida pastoral em comunhão com a natureza - mas em versão trailer park trash. Isto percebe-se quando Chris e Tina matam a sua primeira pessoa juntos e ela se mostra em choque com o sucedido e ele sossega-a 'He was not a person, he was a Daily Mail reader'. Juntamos estes pequenos pormenores com uma passagem do poeta inglês William Blake a ser recitada durante um assassinato e poderíamos ter um filme interessante e original. Mas, ainda assim, não me convence.
O problema de Sightseers, está na sua génese. Originalmente, Chris e Tina eram dois personagens criados pelos dois actores numa série de sketchs de humor britânico. E isso talvez tivesse resultado melhor, dentro do "melhor" que pode ser o humor inglês que permanece inalterado desde o final dos anos '70. Mas em filme, isso perde-se. Perde-se porque, na verdade, o filme não tem interesse. Não apetece continuar a ver, tem cenas de apenas curiosidade estética e, perdendo a piada graças à insistência naquele tipo de humor seco, torna-se aborrecido. Dando crédito ao realizador Ben Wheatley pela sua ousadia de câmara e aos dois actores e argumentistas pela criação das personagens, acho, no entanto, que Sightseers seria um desperdício de bobine, caso esta ainda existisse.
Golpes Altos: Os dois actores, sem dúvida. A realização, os personagens e a escolha da banda sonora.
Golpes Baixos: A história não tem interesse suficiente para se fazer um filme dela. No final, fica a sensação de tempo perdido.
Argumento: Alice Lowe e Steve Oram
Elenco: Alice Lowe e Steve Oram
Não sou fã de humor britânico. Acho-o pretensioso, arrogante, antiquado, aborrecido e peca por não cumprir com o propósito principal de uma comédia - não me faz rir. Também não gosto de filmes com pessoas feias. Principalmente se forem dois ingleses branquinhos, gordinhos e mal vestidos. Desculpem, mas há coisas que não suporto. Até poderia desculpar a falta de charme dos personagens caso fossem interessantes ou inteligentes, mas são duas pessoazinhas horríveis, "lixo branco" campista que adora viajar em auto-caravana e cuja ideia de partir à aventura é passear pelo country-side inglês com calções acima do joelho e meias a cobrir o resto da perna - blergh.
Dito isto, Sightseers tem a sua graça. Tem a sua graça porque está bem escrito, muito bem realizado e com dois personagens semi-complexos cujas atitudes psicóticas servem de parábola para o casamento. Ele, Chris, é um assassino psicopata regrado. Ele tem um estilo próprio, um modus operandi que segue à risca e que dá à sua psicopatia uma certa razão de ser. Ela é frustrada, passiva-agressiva, novata na arte de matar e profundamente fascinada por ele. Ela faz-lhe mal. 'I've killed more people in two days with you than I've killed in the last three months alone'. A parte boa, é que se amam muito. Poderia dizer-se que só se estraga uma casa mas, sendo que se tratam de dois assassinos em série, estraga-se bem mais que isso.
Escondida sob uma capa de humor negro, está uma crítica social engraçada. Ao longo do filme, chegam-nos agradáveis surpresas que nos fazem acreditar que há mais em Chris e Tina do que aparenta. A crítica social é uma crítica de classes, muito à maneira inglesa. Chris é um aspirante a escritor de classe média-baixa, de esquerda, naturalista, que segue a tradição inglesa da vida pastoral em comunhão com a natureza - mas em versão trailer park trash. Isto percebe-se quando Chris e Tina matam a sua primeira pessoa juntos e ela se mostra em choque com o sucedido e ele sossega-a 'He was not a person, he was a Daily Mail reader'. Juntamos estes pequenos pormenores com uma passagem do poeta inglês William Blake a ser recitada durante um assassinato e poderíamos ter um filme interessante e original. Mas, ainda assim, não me convence.
O problema de Sightseers, está na sua génese. Originalmente, Chris e Tina eram dois personagens criados pelos dois actores numa série de sketchs de humor britânico. E isso talvez tivesse resultado melhor, dentro do "melhor" que pode ser o humor inglês que permanece inalterado desde o final dos anos '70. Mas em filme, isso perde-se. Perde-se porque, na verdade, o filme não tem interesse. Não apetece continuar a ver, tem cenas de apenas curiosidade estética e, perdendo a piada graças à insistência naquele tipo de humor seco, torna-se aborrecido. Dando crédito ao realizador Ben Wheatley pela sua ousadia de câmara e aos dois actores e argumentistas pela criação das personagens, acho, no entanto, que Sightseers seria um desperdício de bobine, caso esta ainda existisse.
Golpes Altos: Os dois actores, sem dúvida. A realização, os personagens e a escolha da banda sonora.
Golpes Baixos: A história não tem interesse suficiente para se fazer um filme dela. No final, fica a sensação de tempo perdido.
Pelo que escreves aqui acho que vou gostar bastante do filme. A tua opinião sobre os filmes é ótima porque tem sido sempre contrária à minha. looool
ResponderEliminarLol epah não me choca nada que se goste deste filme, mas eu não gostei. Não vejo interesse nenhum nele, mas é um exercício giro.
ResponderEliminarMonty Python?
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