segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Holy Motors


Realização: Leos Carax
Argumento: Leos Carax
Elenco: Denis Lavant, Edith Scob, Eva Mendes e Kylie Minogue

Numa crítica ao novo filme de Leos Carax, Philip French (o pedante e intelectualmente débil crítico de cinema do The Observer) escreveu: "O filme pode ser um pouco irritante para espectadores programados para filmes anglo-saxónicos". Em resposta a este comentário estúpido e condescendente, eu retribuo da seguinte forma: "Para Philip French, Leos Carax e toda a elite pseudo-intelectual que insiste em manter o cinema europeu dentro dos moldes da nouvelle vague - mesmo 50 anos depois de ter acabado - digo-lhes respeitosamente que arrumem as malas e vão pró caralho!".

'Tou farto. 'Tou farto das cenas longas demais, das críticas sociais pouco discretas, dos planos artísticos esmifrados, dos diálogos que não dizem nada mas querem dizer tudo, dos silêncios que supostamente são mais ricos que diálogos mas na realidade só revelam que não se conseguiu escrever nada decente - ESTOU FARTO!

Holy Motors não é todo horrível, não me interpretem mal. O actor principal e companheiro geracional de Carax, Denis Lavant, tem um desempenho extraordinário, a cinematografia tem um toque Lynchiano e funciona bem no ambiente do filme e a certa altura consegue ver-se um mamilo inteiro da Eva Mendes (à semelhança do que me aconteceu com o Melancholia do Lars Von Trier, aguentei 2 horas de filme para ver mamas - e valeu a pena).

A história do filme não é bem uma história, mas mais uma sequência de sketchs que pretendem funcionar como uma alegoria da vida. O personagem principal, Monsieur Oscar, é um estranho homenzinho que passeia de limousine de manhã até à noite, vestindo várias personagens ao longo do dia, e saindo para as "representar" nas ruas de Paris. O que acontece no fundo é... nada. Nada acontece, porque Monsieur Oscar não é, de facto, um personagem - mas um conjunto deles. Ou seja, o que o filme nos apresenta são segmentos de vida de vários personagens, em que nenhum deles tem grandes diálogos, profundidade ou até interesse - limitam-se a ser bizarros.

O filme aborreceu-me, irritou-me e voltou a aborrecer-me. Não senti absolutamente nada a não ser a tal irritação - será que é esse o objectivo? - não chorei, não ri, não aprendi absolutamente nada. Reconheci todos aqueles clichés do cinema europeu dos anos 60 (o doppelganger, a frustração sexual, o culto da beleza), combinados com cenas terríveis em que a Kylie Minogue desata a cantar, e cenas nojentas em que sou obrigado a olhar para o pénis erecto de Denis Lavant.

Dito isto, houve duas cenas que gostei no filme. A cena de abertura em que vimos o próprio realizador, num quarto de hotel, a descobrir uma porta entre o papel de parede a imitar uma floresta; e uma cena a meio do filme em que Monsieur Oscar pergunta à sua motorista se tem algum trabalho para ele na floresta e, quando ela lhe responde que não, ele deixa escapar um suspiro - "désolé.. me manque la forêt". Achei bonito e percebi a intenção. É simultaneamente um actor que perdeu o seu espaço, e um velho que perdeu o seu lugar no mundo.

Mas estas mensagens podem ser transmitidas num filme com diálogos ricos, com acção narrativa e, sobretudo, dirigida ao público. Este não é um filme para o público. É um filme para os cagões que vão aos festivais de cinema com um copo de vinho branco na mão. A culpa do cinema europeu não evoluir é desses merdas. Mas felizmente este ano saíram filmes como o Amour e o Tabu, para mostrar que ainda vale a pena apostar em nós.


Golpes Altos: Cinematografia, fotografia, interpretação de Denis Lavant, mamilo da Eva Mendes.

Golpes Baixos: Argumento conceptual vazio e demasiado enigmático - o Cronenberg mostrou este ano que é possível fazer um filme com uma limousine e crítica social sem se ser aborrecido.

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